Aquecendo a Vida

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sábado, 1 de outubro de 2011

A MANEIRA DE DIZER AS COISAS

“Nada podemos contra a verdade; só temos poder em favor da verdade”.
(II Coríntios 13,8)



Comunicar-se bem é uma arte! E não é todo mundo que domina essa arte. Alguns são leigos demais e outros sofisticados ao extremo. Mas, o que realmente importa é a veracidade do conteúdo.
Jesus nos ensinou, em Mateus 5,37, pra dizer apenas “sim”, quando é “sim”; e “não”, quando é “não”. Pois o que for dito para, além disto, vem do maligno, ou seja, não corresponde a verdade.
Dessa forma, o Mestre nos ensina que devemos ter um compromisso sempre com a verdade. Porque, segundo João (3,21), “quem age conforme a verdade aproxima-se da luz; para que as suas ações sejam vistas, porque são feitas como Deus quer”.
Mas, o que é a “verdade”?
O conceito de “verdade” vem desafiando a humanidade por milhares de anos. Dizem que ela está em cada um de nós. Que depende de nossas vivências, conhecimentos, experiência, bagagem... Mas, fundamentalmente, “verdade” é o que é real. Que corresponde à fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter.
A verdade, então, sempre deve ser dita, indubitavelmente, mas a forma como ela é dita é que faz a diferença.
Posso dizer que uma garrafa de água meio vazia também está meio cheia!
Dessa forma, a verdade deve ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançamos no rosto de alguém, pode ferir, provocando revolta. Mas se a envolvemos numa delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com mais facilidade.
Como nos ensina o causo de um sultão, que certa vez sonhou ter perdido todos os dentes.
Ele acordou assustado e mandou chamar um sábio para que interpretasse o sonho.
− Que desgraça, senhor! – exclamou o sábio. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade!
− Mas que insolente, gritou o sultão. Como se atreve a dizer tal coisa?!
Então, ele chamou os guardas e mandou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que chamassem outro sábio para interpretar o mesmo sonho.
E o outro chegou e disse:
− Senhor, uma grande felicidade vos está reservada! O sonho indica que ireis viver mais que todos os vossos parentes!
A fisionomia do sultão se iluminou e ele mandou dar cem moedas de ouro ao sábio.
Quando este saía do palácio um cortesão perguntou ao sábio:
− Como é possível? A sua interpretação foi igual a do seu colega. No entanto, ele foi chicotado e você levou moedas de ouro!
− Lembre-se sempre, amigo – respondeu o sábio –, TUDO DEPENDE DA MANEIRA DE DIZER AS COISAS... E esse é um dos grandes desafios da humanidade. Daí é que vem a felicidade ou a desgraça; a paz ou a guerra.
Diz o texto sagrado, em Eclesiástico (27,9), que “Cada passarinho aninha-se com outros da mesma espécie, e a verdade volta para aqueles que a praticam”.
De acordo com este pensamento, podemos transformar a verdade em nossa amiga e nossa aliada. Depende da embalagem! E a embalagem é o amor ao próximo, manifestado na indulgência, na compreensão, no carinho, na vontade de ajudarmos a pessoa a quem nos dirigimos.
Existem até técnicas pra isso. Uma delas consiste em dizer a verdade a nós mesmos diante do espelho, antes de dizê-la aos outros. A empatia – capacidade de identificar-se totalmente com o outro, colocando-se no lugar dele – é outra técnica que também pode ajudar. Pois a reação, que qualquer uma dessas experiências nos proporciona, pode modificar a nossa maneira de dizer as coisas.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8,32).

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