A mesquinhez traz em si o próprio castigo.
A mesquinhez é a qualidade do mesquinho. Ou, numa linguagem popular, é a qualidade do ridico, do cainho, do avarento, do miserável.
O mesquinho não dá e nem empresta nada do que é seu. É aquele que não é pródigo, que não tem generosidade no coração. Geralmente é medíocre, ordinário, vulgar, insignificante, porque gosta de humilhar, cobrar e jogar na cara para desfazer de quem o procura por qualquer motivo.
O mesquinho é incapaz de um gesto sequer em benefício de alguém, mesmo que seja uma pessoa do seu convívio, da sua intimidade. E, ao negar às vezes até mesmo um favor, sem gasto algum, provoca riso por essa atitude exagerada por natureza. Por isso é ridico (ou ridículo!).
E como “quem planta colhe”, o mesquinho vai se isolando cada vez mais e acaba na solidão, vivendo sem uma mão de ajuda, nos seus momentos mais difíceis. Todos lhe dão as costas, sem piedade. Este é o seu castigo!...
Inspirado no livro “O homem que ninguém conhece”, de Bruce Barton, de 1925, adaptamos uma história de Jesus e seus apóstolos na Galiléia, que demonstra, na sua interpretação, as conseqüências da mesquinhez.
Jesus e os discípulos tinham caminhado o dia inteiro e estavam cansados, mas a visão de uma aldeia, do alto da pequena colina, reanimou-os. Jesus mandou então dois homens à frente para providenciarem acomodações, enquanto ele e os outros se sentaram à beira do caminho para esperar.
Depois de pouco tempo os mensageiros voltaram ofegantes; e irritados deram a má notícia: o povo se recusava a recebê-los.
Então esta aldeia insignificante recusava-se a receber seu Mestre?
Era revoltante! Todos estavam indignados! Afinal ele era famoso; curava os enfermos e era generoso com os pobres. Na Capital, as multidões o seguiam entusiasticamente, de modo que até seus discípulos tornaram-se importantes. E agora esta pequena comunidade rural negava-se a recebê-los...
– Que gente insuportável! – gritou um deles. Conjuremos fogo do Céu, Senhor, e consumamo-los.
Os outros se entusiasmaram: – Fogo do Céu... Isso mesmo! Mostra-lhes que eles não podem nos afrontar. Vamos Senhor, o fogo...
Há ocasiões em que nada do que um homem pode dizer é mais poderoso do que ficar calado. Jesus comprimiu os lábios. Suas delicadas feições não demonstraram as tensões que ocorreram nas semanas precedentes e, em seus olhos, havia a premonição das semanas angustiantes que viriam. Ele precisava repousar, mas não disse uma palavra. Tranqüilamente recolheu suas vestes e continuou o seu caminho, seguido de seus ofendidos companheiros.
É fácil imaginar o seu desapontamento: já estavam juntos há três anos... Quando os discípulos chegariam a alcançar a visão do que ele representava? Ele tinha vindo para mostrar o Caminho para a Verdade e a Vida! E eles queriam que satisfizesse seus ressentimentos pessoais queimando uma aldeia?!
Atemorizados com seu silêncio eles o seguiam. Vagamente tinham a consciência de que outra vez deixaram de corresponder.
E foram para outra aldeia sem nada reclamar. Para o Mestre o fato era muito pequeno para ser comentado.
Jesus sentia o ressentimento dos discípulos e procurava demonstrar compreensão; pois, sabia que a mesquinhez traz em si seu próprio castigo.
A aldeia que havia recusado recebê-lo, não exigia o fogo; ela já recebera a sua punição: nenhum milagre foi realizado lá, nenhum doente foi curado, nenhum faminto alimentado, ninguém recebera a mensagem libertadora da Boa Nova... Esse era o castigo pela sua mesquinhez.
Esqueceu imediatamente aquele incidente. Tinha muito trabalho para fazer.
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