Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sexta-feira, 24 de maio de 2024

PROATIVIDADE E CARIDADE

 

“Se a caridade reinasse na Terra o mal não dominaria”. (Pascal, 1862, E.S.E.)


Conta-se que um trabalhador foi chamado à praia para pintar um barco.

Trouxe com ele tinta, pincéis e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como lhe pediram que fizesse.

Enquanto pintava, percebeu que a tinta escorria passando pelo fundo do barco. Percebeu que havia um vazamento e decidiu consertá-lo. Quando terminou a pintura recebeu o dinheiro e se foi.

No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e presenteou-o com um belo cheque. O pintor ficou surpreso:

— O senhor já me pagou pela pintura do barco.

— Mas esse dinheiro não é pelo trabalho de pintura – disse o proprietário. – É por ter consertado o vazamento do barco.

— Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar. Certamente, não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!

— Meu caro amigo, você não compreendeu. Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando lhe pedi que pintasse o barco, esqueci-me de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois me lembrei de que o barco tinha um furo. Imagine meu alívio e alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado! Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para pagar-lhes pela sua “pequena” boa ação...

Lendo essa história num dos livros de Alexandre Rangel, me veio à lembrança a orientação que recebi, na mocidade, para ser um bom funcionário: “cumprir ordens à risca”.

Esse tempo passou tão rápido como bolhas de sabão... Atualmente o primeiro requisito para se contratar  um bom funcionário  é ser PROATIVO, ou seja, ir além das ordens, tomando iniciativas para solução de problemas da empresa mesmo que, teoricamente, não faça parte do seu objetivo de atuação.

 Pro+ativo traz no prefixo “Pro” a ideia de avanço.  Então, proativo é aquele que tem uma boa visão de futuro. Isto lhe dá a vantagem de antecipar problemas diagnosticando-os e dando-lhes a solução imediatamente.   

Proativo é o avesso de Reativo, cujo prefixo “Re” passa uma ideia de repetição e retrocesso.

O Velho Tempo da 3ª Dimensão, de um modo geral, tem mostrado um ser humano Reativo de um modo de Viver Individualista, que gosta de levar vantagem em tudo, ávido de prazeres, e preocupado só em aproveitar a vida.

 Todavia, já surgem os sinais de um Novo Tempo, de 5ª Dimensão, do ser Proativo, de um modo de Viver Coletivo, solidário, fraternal, no qual se podem destacar os princípios de Cooperação e Colaboração.   

Cooperação significa operar junto, simultaneamente... Operar um serviço em comum com os demais, fornecendo orientações e informações, buscando sempre o aprimoramento de todos.

Colaboração tem o significado de ajuda, auxilio, socorro.  O Colaborador, independente de remuneração, é aquele que concorre para a realização de uma obra, de um serviço...

Do ponto de vista espiritual tanto a Cooperação quanto a Colaboração faz parte das “Pequenas Boas Ações”, que é uma forma racional de Caridade, imprescindível à Proatividade do ser.

Proatividade e Caridade andam de mãos dadas. A Proatividade no sentido de qualificação do funcionário, que precisa de uma competência que o impulsione na busca por mudanças. A Caridade, de modo espontâneo, para fazer tudo com amor e responsabilidade.

 “A Caridade é impossível sem a Fé” (Espírito Protetor, E.S.E.).

Impulsos de generosidade se veem até em descrentes, porém só a austera e racional nos liberta dos vícios da alma; e nos faz bondosos, abnegados, perseverantes e corajosos diante das dificuldades da vida.

Exercitar-nos na e na Caridade, eis, então, o nosso Dever de Cristão!...

Pois, a vida é o tempo necessário de burilamento da nossa moral, nos preparando para ser o “trigo” no Reino de Nosso Pai Eterno.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

VOCÊ É DEUS?

 

“Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo” (Salmos 81,6).


Narra Charles Swindoll que, logo depois do término da segunda guerra mundial, a Europa começou a ajuntar os cacos que restaram.

Grande parte da Inglaterra estava destruída. As ruínas estavam por todo lugar. E, possivelmente, o lado mais triste da guerra tenha sido assistir as criancinhas órfãs morrendo de fome, nas ruas das cidades devastadas.

Certa manhã de muito frio, na capital londrina, um soldado americano estava retornando ao acampamento. Numa esquina, ele viu, do seu jipe, um menino com o nariz pressionado contra o vidro de uma confeitaria.

Parou o veículo, desceu e se aproximou do garoto. Lá dentro, o confeiteiro sovava a massa para uma fornada de rosquinhas.

Os olhos arregalados do menino falavam da fome que lhe devorava as entranhas. Ele observava todos os movimentos do confeiteiro, sem perder nenhum.

Através do vidro embaçado pela fumaça, o soldado viu as rosquinhas quentes, e de dar água na boca, sendo retiradas do forno. Logo mais, o confeiteiro as colocou no balcão de vidro com todo o cuidado.

O soldado ouviu o gemido do menino e percebeu como ele salivava. Em pé, ao lado dele, comoveu-se diante daquele órfão desconhecido.

— Filho, você gostaria de comer algumas rosquinhas?

O menino se assustou. Nem percebera a presença do homem a observá-lo, tão absorto estava na sua contemplação.

— Sim! – respondeu. – Eu gostaria.

O soldado entrou na confeitaria e comprou uma dúzia de rosquinhas. Colocou-as dentro de um saco de papel e se dirigiu ao local onde o menino se encontrava, na gélida e nevoenta manhã de Londres.

Sorriu e lhe entregou as rosquinhas, dizendo de forma descontraída:

— Aqui estão as rosquinhas.

Virou-se para se afastar. Entretanto, sentiu um puxão em sua farda. Olhou para trás e ouviu o menino perguntar, baixinho:

— Moço... Você é Deus?

Existem gestos pequenos, mas que significam muito para algumas pessoas.

Para uma criança faminta, um pedaço de pão é a glória. Para uma criança faminta e desejosa de doces, conseguir ter alguns para saciar sua vontade, é a suprema delícia.

Aprendamos a observar o de que necessitam as pessoas ao nosso redor. Quase sempre, são coisas pequenas que podemos fazer, ocasionando pequenas ou grandes alegrias.

E sempre, em todas as ocasiões, a nossa atitude estará obedecendo, com certeza, ao desejo do Pai Criador na atenção aos seus filhos na Terra.

Pensemos nisso e não permitamos que as chances se percam, nas vielas do mundo. Sejamos, neste Planeta Azul, as mãos de Deus atendendo aos Seus filhos. E, para isso, não são necessários feitos extraordinários, nem será preciso saciar a fome de todos.

Por vezes, basta alimentar uma criança ou satisfazer a enorme necessidade de alguém de comer um prato bem feito, um pãozinho bem quente ou tomar um copo de leite.

***

Esta é uma narrativa do Momento Espírita, vol. 4: da F.E.P., 2003.

Achei-a própria para o momento de flagelos que a humanidade vive no mundo atualmente. Como nas enchentes recentes do Rio Grande do Sul.

“Tempos difíceis são momentos de grandes mudanças para melhor”. Este é um rifão que o meio cristão utiliza como consolo nessas horas. Mas a realidade às vezes é outra. Então, pense nas crianças, nos deficientes, idosos, doentes... E agradeça a Deus pelas coisas que eles já estão recebendo!

 Mas, não se estresse com as indiferenças dos poderosos que pouco se esforçam para ajudar o nosso povo.  

Coloque-se empaticamente na pele daqueles que perderam tudo o que tem! E que já não sabem mais com quem contar para sair dessa caótica situação; e que estão desabrigados, passando sede e fome... E se emocione!... A emoção eleva sua frequência, e alinha sua súplica ao Criador, irradiando vibrações de amor aos irmãos, que embora distantes, estão bem próximos de nosso coração.

Considere-se então uma pessoa do Bem, valiosa no amparo ao próximo. E vá à luta, ajudando a socorrer e iluminar vidas!  Pois, com Deus tudo você pode, e as coisas ficam bem mais fáceis!

sexta-feira, 10 de maio de 2024

O CORAÇÃO MAIS BELO

 

O Coração mais Belo é o que suporta todas as provas da vida com resignação!


Conta uma fábula, muito antiga, que uma Linda Jovem estava na praça principal, no centro da sua cidade, proclamando ter O Coração Mais Belo da região. Uma multidão foi se aproximando... O desejo de vê-la e saber a verdade eram tão grandes, que não demorou que a Linda Jovem estivesse completamente rodeada de curiosos. E todos que a cercaram examinaram e admiraram o seu Belo Coração! Não havia marca ou qualquer outro defeito.

Todos concordaram que aquele era O Coração Mais Belo que já tinham visto! A Linda Jovem, diante então dos “holofotes”, e de tantos elogios, inflou-se ainda mais de orgulho e vaidade por seu Belo Coração.

Entretanto, no auge do seu exibicionismo, eis que, de repente, alguém apareceu diante da multidão contrapondo a proclamação daquela Linda Jovem. Todos se voltam então para a contestadora e se surpreendem! Era uma Velha Piedosa, que com toda a sua meiguice e gentileza questionava a todos, elevando a sua voz:

— Por que o Coração desta Linda Jovem não é tão Belo quanto o Meu?...

A multidão e a Linda Jovem olharam para o Coração da Piedosa Velha, que ainda estava batendo com vigor, porém com muitas cicatrizes. Havia locais em que pedaços tinham sido removidos e outros tinham sido colocados no lugar, mas eles não se encaixavam direito, causando muitas irregularidades. Em alguns pontos do Coração faltavam até pedaços!...

A Linda Jovem olhou bem para si e depois, olhando para o Coração da Piedosa Velha, disse com ironia:

— Desculpe-me, mas a Senhora só pode mesmo estar brincando!... Compare nossos Corações!... O Meu está perfeito, intacto e o Seu é uma mistura toda de cicatrizes e buracos!

— Sim! – disse a Piedosa Velha. – Olhando, o seu Coração parece perfeito, mas eu não trocaria o Meu pelo Seu!... Veja minha querida, cada cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu amor. Tirei um pedaço do meu Coração e dei a cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio Coração para que eu colocasse no meu... Mas os pedaços nem sempre coincidiam, porque não eram exatamente iguais... Daí então estas irregularidades! Mas eu as estimo, porque me fazem lembrar o amor que compartilhamos.

Emocionada, a Velha continuou:

— Algumas vezes, dei pedaços do meu Coração a quem não me retribuiu... Por isso há buracos! Eles ficam abertos. E doem-me, lembrando o amor que senti por essas pessoas... Que um dia elas retribuam, preenchendo esse vazio!

Silenciou um pouco e perguntou:

— E aí, Jovem, agora entende o que é a verdadeira beleza?

A Linda Jovem ficou calada e lágrimas lhe escorriam pelo rosto. Ela aproximou-se da idosa, tirou um pedaço de seu perfeito Coração e ofereceu à Piedosa Velha, que retribuiu o gesto.

Nesse instante, a Linda Jovem olhou para o seu Coração, não mais perfeito como antes, mas, agora um Coração muito mais Belo do que nunca. A Jovem e a Velha se abraçaram e saíram caminhando lado a lado... A Jovem, no entanto, ficou se perguntando: “Como deve ser triste passar a vida com o coração intacto?”.

Dizem que o Coração possui um Nicho Sagrado, onde Deus faz morada para ficar sempre junto de cada um dos seus filhos. E, por isso, é que temos a certeza de que Deus está em Nós e Nós estamos unificados N’Ele!

Não existe, pois, distância alguma entre Nós e a Fonte Cósmica Primordial PAI e MÃE de todas as Criaturas, a qual conhece nossos pensamentos e sabe, antes mesmo de pedirmos, aquilo que nos é necessário...

Sabendo que a oração está dentro do Coração, elevemos então a nossa mente, nesta hora da Refeição de Amor da Família, em gratidão a Deus por todas as bênçãos de luz já recebidas, rogando especialmente pela nossa Querida Mãezinha, que aqui na Terra cuida com muito carinho de todos os seus filhinhos.

MINHA MÃEZINHA QUERIDA! MÃEZINHA DO CORAÇÃO! EU TE ADORAREI TODA VIDA COM GRANDE EMOÇÃO!...

A alegria de um Belo Coração de Mãe é a Luz Divina de seu Espírito.

SALVE O DIA DAS MÃES!...

sábado, 4 de maio de 2024

PARÁBOLA DOS POTES

 

O seu suor se verterá em benefício de sua própria felicidade.


Num canto do quintal dois grandes e belos Potes falavam entre si:

— Que tédio! Que vida! Viver aqui, exposto a tudo, sol, vento, chuva, calor... Por mais que me proteja, como sobreviverei? Aqui estou perfeitamente tampado, lacrado para me proteger e ainda assim me sinto ameaçado, vazio. Não vejo graça em estar aqui.

Tranquilamente, retrucava o outro:

— Veja, eu estou aqui, aberto, nada me protege a boca, nem meu interior. Cai a chuva, e eu a recebo. Vem o vento, e eu sinto-o bem dentro de mim. Vem o sol e me leva as gotinhas que retornam ao céu. E nem por isso me sinto ameaçado...

— Ora, grande vantagem! Seu interior não tem mais a cor original como o meu, sua cor é cada vez mais diferente. Você não é mais o mesmo...

— Sim, e isso me alegra! O meu interior se transforma à medida que novas coisas me penetram. Sinto cada criatura que me visita e cada uma delas deixa algo em mim, assim como deixo a elas, pouco a pouco, a minha cor.

— É, mas você não tem mais paz. A todo instante você é solicitado para levar água, ao passo que eu permaneço no meu lugar. Ninguém me incomoda. Quando se aproximam, já sei que é a você que eles querem.

— Sim, me solicitam porque tenho algo a dar e o que dou não é diferente do que você pode dar. A água da chuva, que cai tanto sobre mim quanto em você me enche até transbordar. Outros seres precisam dessa água, e eu os sirvo. Esvazio-me e me deixo encher de novo. Minha vida é um constante dar e receber. Enquanto isso eu me desinstalo, saio daqui e vou ao encontro de outros mundos. Já conheci potes diversos, animais, seres, pessoas e tantas coisas. E isso me faz perceber ainda mais o Pote que Eu Sou!

— Não sei, mas se continuar assim em breve será um Pote quebrado. Então, de que adiantará tudo isso?

— Se me desgasto a cada dia é para ser útil e levar vida a outros seres.  Vejo que o importante não é ser um Pote intacto tal como fui feito, mas um Pote Aberto de valor, no qual me tornei. Se for durar pouco tempo, não importa; se o pouco que eu viver tiver sentido, me der alegrias e me fizer sentir cada vez mais o que é ser Pote, isso me basta...

O sol já se havia escondido quando os dois se cansaram de falar. O Pote Aberto, cansado, logo adormeceu; o que não foi possível para o outro. Ele não dormia, porque não lhe saiam da mente as palavras do companheiro que não o deixava em paz:

Transformar o interior! Paz! Esvaziar-se! Deixar-se encher! Deixar algo de si! Ser Pote! Desinstalar-se! Ser pequeno mundo! Ser feliz! Ser útil! Levar alegria! Humildade! Paciência! Mansidão!...

Na manhã seguinte, enquanto um Pote acordava, o outro Pote dormia ronquejando, porque fora grande seu esforço para tirar a tampa que o acompanhara por tantos e tantos anos.


Essa narrativa do Vol. II do Livro “Parábolas” de Alexandre Rangel, contém preceitos morais interessantes.

Diz um ditado, de duplo sentido, que “Pedra que rola não cria limo”, o qual se aplica a esta Parábola quando entendemos que a pessoa que se torna inútil na vida e não serve a ninguém, vive no lodo, se atrofia, e perde tudo: valor, apoio, proteção. Desamparado, fica como Pote Fechado... E adoece!...

“O seu desânimo não edificará ninguém”, disse Chico Xavier. Por isso, se mova e se renove constantemente. “Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo”. (João 3,7)

Embora Jesus, em Mateus 6,34, tenha dito: "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã” – visando uma mente mais saudável –, sabe-se também, que tanto na abundância quanto na escassez de apreensões, as doenças ganham valor.

E, sabe-se ainda, que a tristeza se intensifica na mesma proporção da intensidade da doença... Causando a depressão, que cria a ferrugem da alma. Ferrugem que reflete o vazio de obras do Espírito sem ascensão espiritual.

“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos; e então dará a cada um segundo suas obras”. (Mateus 16,27).