Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sábado, 30 de outubro de 2021

O “SOBERBÃO”

 

Ao contrário da pessoa humilde, o soberbo não reconhece seus erros.


Estamos nos aproximando do Dia de Finados. Isso me trouxe à mente, para reflexão, uma interessante história narrada por palestrantes.

Contam que certa vez um prepotente Juiz, que se considerava o dono do mundo, ficou doente. E na expectativa da morte, exigiu um enterro majestoso.

Uma Comissão foi então constituída para organizar o funeral. E, depois de longa pesquisa, apresentou a ele o Cemitério Parque das Cerejeiras, localizado em São Paulo, com projeto paisagístico moderno, que lhe garantia beleza ímpar por um custo até razoável.

“Que é isso?!”, diz o Juiz, indignado. “Eu quero ser enterrado num cemitério muito mais luxuoso, que seja digno de um magistrado!”.

Após outras pesquisas, foi lhe apresentado a Necrópole Ecumênica Vertical Universal de Curitiba, o mais moderno cemitério da América Latina.

O orgulhoso Juiz deu as costas a essa apresentação e reafirmou sua teimosa obsessão: “Quero algo bem melhor!”.

A Comissão apresentou, então, por um custo elevadíssimo, os cemitérios parisienses, cheios de personalidades famosas, como Jim Morrison e Baudelaire. E a resposta foi igual: “Não serve! Eu já disse que quero um enterro a altura de todo o meu poder...”.

À semelhança da terrível Hidra de Lerna – monstro da mitologia grega, com corpo de dragão, cujas cabeças renasciam à medida que iam sendo cortadas –, o Juiz, quando algo novo lhe era apresentado, tinha sua soberbia cada vez mais alimentada, exigindo sempre mais.

Diante da recusa, discutiam então uma proposta alternativa, quando o Juiz – com a maior cara de pau –, sugeriu o Templo do Santo Sepulcro.

“Ih, lá é quase impossível!”, foi o protesto. Mas, o juiz manteve-se relutante: “Não quero nem saber. Falem até com o Papa se for preciso e me dêem a resposta!”.

A Comissão entrou em contato com o Papa e conseguiu que o enterro fosse lá, porém, por um preço exorbitante de mais de um milhão de liras.

Mas, para surpresa de todos, ao tomar conhecimento do custo, o arrogante Juiz assim esbravejou:

– O quêêê...!? Tudo isso pra ser sepultado apenas por três dias?

Os comentários dos palestrantes sobre essa história, em geral, é que o indivíduo Soberbo pode chegar ao extremo. O orgulho dele é assim, mesmo! Acha que é o maior do mundo e se coloca, muitas vezes, até acima de Jesus Cristo. Considera-se um verdadeiro deus pelo poder e fama que tem.

Acha-se o todo poderoso, sim! Pois, nunca reconhece seus erros, não tolera o menor desapreço ou a mais leve crítica... Imagina que seus títulos e riquezas são as recompensas dadas ao seu mérito! Além disso, é vaidoso, preconceituoso, e está sempre de nariz arrebitado... E pela sua empáfia se parece muito com um pavão!

Quando se vê contrariado exterioriza azedume e despeito a ponto de se vingar, perseguir ou destruir seus desafetos. Esquecendo que todos nós possuímos a mesma origem e que todos os corpos irão para o túmulo da mesma forma, sem qualquer garantia de superioridade.

Se quiserem obter graça diante do Eterno os soberbos precisam despertar pra vida! Têm que abrir os olhos à luz e tomar a lei do Cristo como regra invariável de suas condutas! Pois o orgulho é considerado como a fonte de todos os males da Terra.

Se o orgulho e outros vícios lhe corrompe, crie coragem para lapidar as arestas dos males que persistem no seu íntimo. Transforme-se já!...

A humanidade há séculos está adormecida, desde a imensa escuridão que envolveu todo o império romano.

 Para começar a despertá-la foi fundamental a vinda do Cristo na Terra ofertando a todos o caminho do amor.

De lá pra cá muitos se iluminaram, e hoje, do alto de suas conquistas espirituais estendem as mãos aos que ficaram para trás. Anunciam, agora, a derradeira chamada para aqueles que ainda permanecem distantes da luz.

Um longo prazo foi dado. E já se passaram vinte séculos. Então, para muitos chegou a hora do despertar final!

As chamadas anteriores vieram em ondas de amor para tocar o coração das ovelhas desgarradas, mas esta última chegou com as fortes ondas de atribulações da pandemia. Que provoca um choque de realidade doloroso, mas que pode ser a última tábua de salvação.  

Aproveite, pois, a oportunidade!

Busque a felicidade..., que é de repente que Deus age na vida da gente!...

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

A ÁRVORE DA BENEFICÊNCIA

 “Fazer Caridade é dever de todo cristão”.


Paulo praticava habitualmente o Evangelho no Lar todas as terças-feiras. Era o momento que ele usava para fazer seus familiares se aproximarem de Deus através da elevação de pensamentos.

Numa dessas reuniões, Joana, a neta mais velha, quis saber:

− Vovô quem começou este hábito do Evangelho no Lar? Isso é criação do espiritismo?

− Não, minha neta! Isso foi sugerido pelo próprio Jesus em suas idas à casa de Pedro, onde se reunia com os apóstolos. Em todos os lares que visitava, Ele convidava as pessoas a estudarem os textos sagrados.

O filho Luiz perguntou-lhe:

− Pai muitos amigos me falam que o Evangelho no Lar é como se a gente fizesse uma terapia, é verdade?

− Sim! O Evangelho, além de ser fundamental para a nossa fé em Deus e nossa identificação com os ensinos de Jesus, é um precioso recurso que possibilita a renovação dos sentimentos, hábitos e ações das pessoas, assim contribuindo para o equilíbrio dos membros da família.

Dona Célia, a mãe, ajeitando os copos e a jarra d’água na mesa, pôs fim à seguinte dúvida dos jovens:

− Meus queridos, este momento aqui não é de culto religioso, mas de convivência fraterna e de aprendizado.

Com a palavra, disse o Sr. Paulo:

− Vamos agora manter elevado o pensamento, para ouvir e entender o que a mensagem desta noite nos revelará.

Ao acaso, o Evangelho foi aberto na lição – Cáritas – Lyon, 1861.

“Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus; segui-me, porque eu sou a meta a que vós todos deveis visar”...

“Eu vos digo somente: sou a Caridade e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos sofredores. Mas, se peço, também dou, e muito; eu vos convido para um grande festim, e ofereço a árvore em que vós todos podereis saciar-vos. Vede como é bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei, tomais todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. Em lugar dos ramos que lhe arrancardes, porei todas as boas ações que fizerdes e levarei a árvore a Deus, para que Ele a carregue de novo, porque a beneficência é inesgotável. Segui-me, pois, meus amigos, a fim de que eu vos possa contar entre os que se alistam sob minha bandeira. Sede-vos intrépidos: eu vos conduzirei pela via da salvação, porque eu sou a Caridade”.

Feito a leitura, e aberto para a troca de ideias. Joana perguntou:

− Quem foi Cáritas?

− Acredita-se que Cáritas no passado foi a jovem Irene (Santa Irene), martirizada no ano 305, quando das perseguições dos cristãos, determinado pelo imperador Diocleciano. Ficou mais conhecida pela sua “Prece de Cáritas”, psicografada na noite de Natal de 25/12/1873, pela médium Madame W. Krell, em Bordeaux, na França.

− O que significa “intrépido”?

Intrépido é quem não trepida; quem não tem medo. Pois o medo é a energia negativa dos fracos e covardes; ao contrário da fé, que é a energia positiva dos corajosos, porque vem do amor, da caridade e do conhecimento.

− Alguém mais tem dúvidas?

− Pai, fale um pouco sobre essa Árvore da Beneficência – pediu Luiz.

− Filho, Beneficência é o mesmo que Caridade; é o ato de beneficiar o próximo, de fazer o Bem.

E os comentários prosseguiram.

Todos então aprenderam que a Árvore da Beneficência são as inúmeras maneiras de se fazer a Caridade. Cada ramo da árvore é como se fosse cada jeito da gente favorecer quem está precisando de ajuda. Além da esmola, são ramos da Caridade: a indulgência; a resignação; o perdão; a tolerância; a paciência; um sorriso; o pensamento positivo; bênçãos de paz e proteção; desejos de felicidade; um aceno; um abraço; palavras de conforto; prece por alguém; etecetera e tal...

Enfim, todo tipo de favorecimento, que se possa proporcionar a outrem e que seja para nós um ato de prazer, de satisfação. São tantas as maneiras de agir em benefício dos outros quantos são os ramos de uma árvore! Dessa forma, a Caridade pode ser praticada até mesmo entre colegas e amigos.

Encerrada a reunião com a Prece Dominical, todos tomaram um copinho d’água fluidificada pela energia espiritual da egrégora de luz que ali se formara e saíram leves, dispostos e felizes daquele ambiente de amor.

Participe do Evangelho no Lar, melhore de forma significativa a convivência fraterna e colha os frutos da bela árvore que chama Beneficência!

Todos juntos somos fortes!


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

18 DE OUTUBRO – DIA DO MÉDICO

 

Quem salva uma vida, ilumina o mundo.


Nos momentos difíceis de pandemia, descobrimos quão importante é para nós a presença dos profissionais que atuam em prol da saúde de nossa gente.

Rendendo nossa gratidão eterna a todos eles, reescrevo a crônica que publiquei já há muito tempo, e que de certa forma expressa a grandeza dos trabalhadores da saúde. Trata-se de uma mensagem sobre os santos cristãos Cosme e Damião, que dedicaram a sua vida ao serviço do próximo, intitulada:

 

“SEJA ANÁRGIRO!”.

Acometido de mal súbito fui levado ao Dr. Arthur Alves de Souza Neto, excelente médico, que me fez lembrar o saudoso Dr. Jonas. Passado o susto, e já medicado, repousando em casa, resolvi dar um “enter” na telinha da minha mente. E quem estava lá? A figura iluminada do Dr. Jonas de Arruda Novaes - o médico dos pobres de Itararé.

Em sucessivos “page up” meus pensamentos recuaram no tempo e me vi criança, doente, de cama, e o Dr. Jonas me visitando até o meu completo restabelecimento, sem nada cobrar do meu pai, que não tinha, na época, condições de arcar com aquelas despesas.

Depois de um “page down” mental, vi o seu consultório, na rua Amazonas Ribas, repleto de pessoas carentes, sendo atendidas por ele gratuitamente. Lembrei-me do surto de malária, que infestou o município, quando ele, a cavalo, percorria a zona rural, atendendo sem remuneração alguma os doentes mais pobres.

Apertei as teclas mentais Ctrl+Home e retornei à primeira imagem. Aí foi que me dei conta – diante desse abnegado passado – dos motivos de ter enxergado o Dr. Jonas todo iluminado. Ao seu lado outras figuras também iluminadas foram aparecendo: a parteira Dona Eugênia Veiga e alguns benzedores como Seu “Zorico”, Seu Teófilo, Dona Andiara Rodrigues, Dona Ana Fogaça, da Rua Walfrido Rolim de Moura, Chico Preto, Maria Antonia de Jesus, do Bairro de Santa Cruz (conhecida como “Toninha”), todos com relevantes serviços prestados à fraternidade cósmica. E, acima deles, num elevado plano celestial, brilhavam as luzes dos gêmeos Cosme e Damião.

 E, na telinha mental, o Dr. Jonas registrou então que os santos gêmeos, filhos de família nobre, nasceram na Arábia, no século III. Foram médicos e chamados de “anárgiros”, ou seja, aqueles que “não são comprados por dinheiro”. Porque o objetivo principal deles era a divulgação dos ensinamentos cristãos através da prática da medicina.

Eles foram perseguidos pelo Imperador romano, Diocleciano, por volta do ano 300, por pregarem a fé cristã. Presos, foram levados a tribunal e acusados de prática de feitiçaria e de usar meios diabólicos para curar os doentes.

Por não renunciarem à sua fé, foram martirizados no ano de 303, na Egéia. Seus restos mortais transportados para a cidade de Cira, na Síria, estão depositados numa igreja a eles consagrados.

Finalizou-se a história com o registro deles aqui no Brasil, onde a devoção misturou-se com o culto aos orixás meninos (Ibjis ou Erês) da tradição africana. Por isso a comemoração de São Cosme e Damião, no dia 27 de setembro, ganha as ruas e adentra os barracões de Candomblé e terreiros de Umbanda nos cultos afro-brasileiros. E as crianças, nesse dia, saem às ruas para pedir doces e esmolas em nome dos santos.

Finalizados os registros, apaguei a tela mental... E foi aí que acordei!...

Fiquei então meditando no culto aos santos gêmeos “anárgiros”, protetores dos médicos, farmacêuticos e demais profissionais da saúde, assim como das crianças, por causa da sua inocência.

E descobri que anárgiros (não comprados por dinheiro) também foram todas as personagens do meu pequeno cochilo, especialmente o Dr. Jonas.

Neste país, onde só se houve falar em propinas - até no futebol! -, falar em ser “anárgiros” é tão difícil quanto tentar explicar o sexo dos anjos!

Todavia, para os que só pensam no dinheiro o livro sagrado alerta “Quanto é difícil que aqueles que têm riquezas entrem no reino de Deus!” (Lucas 18, 24). Pois, “Não podeis servir a Deus e a riqueza” (Mateus 6, 24);

Por isso, “seja anárgiro!”, e não se venda por dinheiro algum! Seja um abnegado da saúde, salvando vidas!... Como foi o amado Médico de Homens e de Almas – São Lucas – o evangelista  Padroeiro dos Médicos.

Que Deus abençoe todos os profissionais da Saúde!

Feliz Dia do Médico!

sábado, 9 de outubro de 2021

PÁGINAS DA VIDA

 

Que em cada página de nossa vida ocorra sempre um gesto de amor!


O mês de outubro é importante por suas comemorações: semana da criança, dia da padroeira do Brasil e dia do professor. Por serem efemérides dignas de toda atenção de pais e educadores, reescrevo as seguintes mensagens – de autores desconhecidos, com algumas adaptações que fiz – propícias para reflexão nessas ocasiões.

 

A REDAÇÃO DE UM MENINO

A professora pediu aos alunos que fizessem uma redação sobre o que eles gostariam que Deus fizesse por eles.

À noite, corrigindo as redações, ela se depara com uma que a deixa emocionada. O marido, nesse momento, acaba de entrar, a vê chorando e diz:

- O que aconteceu?

- Veja - ela respondeu. É a redação de um menino... Leia!

“Senhor, esta noite te peço algo especial: transforme-me em um Celular Quero ocupar o seu lugar. Viver como vive o Celular ou a TV de minha casa, ter um lugar especial para mim, e reunir minha família ao redor. Ser levado à sério quando falo. Quero ser o centro das atenções e quero ser escutado sem interrupções nem questionamentos. Quero receber o mesmo cuidado especial que o Celular e a TV recebem quando não funcionam. Ter a companhia do meu pai quando ele chega a nossa casa, mesmo que esteja cansado. E que minha mãe me procure, quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de ignorar-me. E, ainda, que meus irmãos ‘briguem’ para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para passar alguns momentos comigo. E, por fim, que eu possa divertir a todos... Senhor, eu não te peço muito... Só quero viver como vive um Celular e qualquer televisor!”.

O marido da professora, naquele momento, disse:

- Meu Deus, coitado desse menino! Nossa, que coisa esses pais!

A professora então olha pra ele e diz:

- Essa redação é do nosso filho!!!

 

A FOLHA EM BRANCO

Certo dia um professor estava aplicando uma prova e os alunos, em silêncio tentavam responder às perguntas com certa ansiedade.

Faltavam pouco para o encerramento quando um levantou o braço e pediu:

− Professor, o senhor pode me dar uma folha em branco?

O professor levou a folha até a sua carteira e perguntou-lhe:

− Por que você quer mais uma folha em branco?

− Eu tentei responder às questões – disse o menino –, rabisquei tudo, fiz uma confusão e queria começar outra vez.

Apesar do pouco tempo que faltava, o professor confiou no rapaz, deu-lhe a folha em branco e ficou torcendo por ele.

A atitude do aluno causou simpatia ao professor que, tempos depois, ainda se lembrava daquele simples episódio. Mas, significativo, porque mostrava a ele, que assim como o aluno, nós também recebemos a cada dia de vida uma nova folha em branco. E o que fazemos com ela? Rabiscos? Tentativas sem sucesso? Ou, amassamos e jogamos no lixo?

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Albert Einstein disse certa vez, que “O Espírito humano precisa prevalecer sobre a tecnologia”. Segundo este pensamento, qualquer comentário que eu possa fazer sobre estas mensagens, só pode ser de valorização da educação, tal é a relevância da mesma para a formação de todo ser humano.

A educação é tão importante não só pela instrução que proporciona para o progresso da humanidade, mas também pela formação moral, que desperta a consciência da pessoa para a vida.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Cap. VI, 5 é taxativo nisso ao afirmar: “Amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo”.

E Paulo, em I a Timóteo (4,16), reforça isso escrevendo: “Olha por ti e pela instrução dos outros. E persevera nestas coisas. Se isto fizer, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem".

A criança pode ser sim comparada a uma folha em branco, na qual pais e educadores escrevem seu destino. Se a criança for tratada com atenção, respeito e consideração suas futuras páginas de vida serão registradas com muitas vitórias. Se, no entanto, for tratada como um objeto qualquer, seu futuro será permeado por derrotas, lamentações e depressão.

Será que não está na hora de escrevermos bonitas páginas de vida para nossas crianças? Uma página diferente, feliz, mesmo que não seja nota dez!?

.Que Nossa Senhora Aparecida abençoe pais e professores, para que sempre tomem decisões acertadas na educação de nossas crianças!

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

O ÚNICO TEMPO VIVIDO...

 

“Devemos usar o tempo com consciência e sabedoria”


O “Mês Espírita” de Itararé, agora já aprovado por lei municipal, acontece anualmente, no mês de Outubro, através de palestras públicas, presenciais, realizadas com a participação das Sociedades Espíritas locais. Mas, devido à pandemia, neste ano será realizado On-line aos sábados desse mês, às 20h.

Então, para reavivar a mente daqueles que acreditam na continuidade da vida, na comunicação dos “mortos” e na reencarnação, trago para reflexão, a seguinte história, narrada pelo palestrante Dr. Alessandro Viana de Paula – Juiz de Direito e escritor espírita – no dia 21/10/2006, no Centro Espírita Mário dos Santos, intitulada: O BUSCADOR.

UM BUSCADOR é alguém que busca; não necessariamente alguém que encontra. Não é necessariamente alguém que sabe o que está buscando; é simplesmente alguém para quem sua vida é uma busca permanente.

Um dia, o Buscador sentiu que devia ir à cidade de Kammir. Abandonou tudo e partiu. Após dois dias de marcha em empoeirados caminhos, ao longe divisou a cidade de Kammir. Um pouco antes de chegar à cidade, chamou-lhe poderosamente a atenção uma colina que se encontrava à direita do caminho.

Ela estava coberta de um verde maravilhoso, com árvores, pássaros, flores encantadoras; e rodeada por uma cerca envernizada. Uma pequena porta de bronze o convidava a entrar. De repente, sentiu que se esquecia da cidade e não resistiu à tentação de descansar um momento naquele lugar.

O Buscador atravessou o portal e começou a caminhar lentamente entre as brancas pedras distribuídas aleatoriamente entre as árvores. Permitiu que seus olhos pousassem como borboletas em cada detalhe desse paraíso multicolor. Seus olhos eram de um buscador, talvez por isso, descobriu sobre uma daquelas pedras aquela inscrição:

Abdul Tareg viveu oito anos, seis meses, duas semanas e três dias.

Sentiu-se um pouco angustiado ao perceber que essa pedra não era simplesmente uma pedra, era uma lápide. Sentiu pena ao pensar em uma criança tão nova enterrada naquele lugar.

Olhando ao redor, o homem se deu conta de que a pedra seguinte também tinha uma inscrição. Aproximou-se e viu que estava escrito:

Yamir Kalib viveu cinco anos, oito meses e três semanas.

O buscador sentiu-se terrivelmente transtornado. Esse belo lugar era um cemitério, e cada pedra era uma tumba. Uma por uma, começou a ler as lápides. Todas tinham inscrições similares: um nome e o exato tempo de vida do morto. O que lhe causou maior espanto, porém, foi comprovar que quem mais tinha vivido não ultrapassava os dez anos...

Invadido por uma dor muito grande, sentou-se e começou a chorar. A pessoa que tomava conta do cemitério, que nesse momento por ali passava, aproximou-se. Permaneceu em silêncio enquanto olhava o homem chorar e, após algum tempo, perguntou-lhe:

– O Senhor chora por alguma pessoa da família?

– Não, ninguém da família – ele respondeu. – Mas, o que se passa nesta cidade? Que coisa tão horrível acontece aqui? Por que tantas crianças mortas enterradas neste lugar? Qual a horrível maldição que pesa sobre essas pessoas que as obrigou a construir um cemitério de crianças?

– Acalme-se – disse o velho, sorrindo. – Não existe nenhuma maldição. O que acontece é que aqui temos um antigo costume que contarei... Quando um jovem ou uma jovem completa quinze anos, ganha de seus pais uma caderneta, como esta que eu mesmo levo aqui, pendurada no meu pescoço. É uma tradição entre a gente que, a partir desse momento, cada vez que você desfruta intensamente de alguma coisa abre sua caderneta e anota nela: à esquerda, o que foi desfrutado; à direita, o tempo que durou o prazer.

Conheceu uma moça e se apaixonou por ela? Quanto tempo durou essa enorme paixão e o prazer de conhecê-la? Uma semana? Duas? Três semanas e meia? E depois, a emoção do primeiro beijo quanto durou? O minuto e meio do beijo? Dois dias? Uma semana? E a gravidez ou o nascimento do seu primeiro filho? E o casamento dos amigos? E a tão desejada viagem? E o encontro com o irmão que retorna de um longínquo país? Quanto tempo desfrutou dessas situações? Horas? Dias? Assim, vamos anotando na caderneta cada momento que desfrutamos... Cada momento.

 Se alguém morre, é nosso costume abrir a caderneta, somar o tempo desfrutado e gravá-lo sobre a pedra. Este é, para nós, o único tempo vivido.