Para mudar
interiormente ouça as confidências de sua própria alma.
O Espírito de um náufrago dá uma
comunicação espontânea, dizendo:
“A
água, o bramir das ondas que me tragaram, é apenas pálida imagem do horror, em
que se envolve o meu Espírito... Fico mais calmo quando posso permanecer junto
de vós, pois assim como a confidência
de um segredo ao peito amigo nos alivia, assim, a vossa piedade, motivada pela confidência da minha penúria, acalma o
sofrimento e dá repouso ao meu Espírito. [...] Terei forças para fazer a confissão que me cumpre?”.
Depois, com mais ânimo, ajuntou:
“Na
precedente existência eu mandara ensacar várias vítimas e atirá-las ao mar...”.
Estes trechos da comunicação estão no Cap.
IV do livro “O Céu e o Inferno”, de
Allan Kardec. Reproduz aí a situação de um penitente cuja confidência acalma o seu sofrimento.
Quem faz algo de errado e se arrepende ao
confessá-lo a alguém, se alivia, tira um peso da consciência. Sente até prazer
em poder em parte reparar as suas faltas confessando-as.
Pois a Confissão é um Exame de
Consciência baseado nos Dez Mandamentos, que é a base mínima da conduta moral
de qualquer ser humano.
Por uma Confissão sincera o indivíduo
faz jus à misericórdia de Deus, a qual pode ser solicitada tanto às almas
encarnadas ou não, pelas preces de pessoas caridosas. Mas, infelizmente, muitos,
por orgulho, se recusam a confessar os próprios erros!...
Tem-se conhecimento da Confissão desde
as pregações de João Batista, conforme Mateus 3,6: “Confessavam
seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão”.
Jesus pedia a Confissão Pública: “Digo-vos: todo o que me reconhecer diante
dos homens, também o Filho do Homem o reconhecerá diante dos anjos de Deus; mas
quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus”. (Lucas
12,8-9).
E assim, também pregava Paulo: “Confessai os vossos pecados uns aos outros,
e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago 5,16).
Posteriormente, a Igreja Cristã,
instituiu a Confissão como Sacramento, sob a alegação de que Jesus teria
concedido aos Apóstolos um poder especial para o perdão dos pecados confessados,
ao dizer: “Eu te darei as chaves do Reino
dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus” (Mateus 16,19).
Será que Jesus concedeu poder a alguém
para decidir quanto aos erros humanos? Se a consciência individual é sagrada ela
só depende de Deus!
Há uma condição para o perdão! Está lá
no Pai Nosso, “perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mateus 6,12).
Quem não perdoa as ofensas do seu
próximo não será perdoado! Pois quem não perdoa fica ligado ao ofensor por laços
mentais, fluídicos...
Por isso Jesus nos ensinou que mais
agradável ao Senhor é o sacrifício dos próprios ressentimentos (mágoas),
conforme registra Mateus (5.23-24): “Se
estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que
teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e
vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta”.
Reconciliemos com os adversários
enquanto estamos a caminho com eles. Mas, se isso não for possível, façamos
pelo menos a nossa parte: perdoemos para esquecer tudo e nos desligarmos do
ofensor e não sofrer maiores prejuízos.
Embora a Confissão seja parte da
Confidência são conceitos diferentes!
Confissão é um ato de penitência, uma
premissa de humildade, que pode ser realizada até diante de todos, enquanto que
Confidência é uma revelação de caráter reservado, que precisa ser mantida em
segredo! Como confidencial é o ato da prece!
“Quando
orares entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu
Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á” (Mt 6,6).
A Confidência depende, pois, de um
crédito de fé que você deposita em uma pessoa de sua extrema Confiança.
E Confiança é um procedimento de sua segurança
íntima, pela discrição, pelo bom conceito de fidelidade que alguém lhe inspira.
Uma pessoa leal, honrada, verdadeira..., que não falha e com a qual você pode
contar.
Confidencialmente, comunguemos então os
mandamentos de Amor a Deus e ao próximo como Jesus nos ensinou!...
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