“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação.
Mas se você não fizer nada, não existirão resultados.” (Mahatma Gandhi).
Eram dois amigos de aperitivos num barzinho de
Itararé. O mais velho era Fabricante de caixões-de-defunto e o outro um
conhecido Carteiro.
O Fabricante tinha um irmão que precisava urgentemente
da doação de um fígado. Por isso, sempre que ele se encontrava com seu amigo
Carteiro – lá no barzinho –, reclamava da dificuldade de se encontrar um doador
de órgãos.
Passou o tempo, e um dia, num acidente de carro,
faleceu o filho do Carteiro. Imediatamente ele saiu procurando o amigo das
urnas funerárias.
Quando este soube que o Carteiro o estava procurando,
se destemperou:
“Eu não vou doar caixão pra ninguém! Esse Carteiro que
compre um, se quiser dar um enterro digno ao seu filho. Estou cansado de gente
pedindo caixão de graça! Por mim que se lasque! NÃO DOU NADA!”.
Dali a pouco o Carteiro, na sua bicicleta e
uniformizado, boné na cabeça, suado, aparece no barzinho e saúda alegremente o
amigo da funerária, que acabava de fazer os referidos comentários.
– Oi Zé! Posso falar com você?
– Eu já falei pra eles aqui, que não tenho nenhum
caixão...
– Espere aí! Não é sobre isso que eu quero falar...
– Então, desembuche logo, que estou com pressa.
– Sabe Zé, você se lembra das vezes que me falava do
seu irmão que precisava fazer um transplante?
– Lembro sim. – Ele respondeu já meio desenxabido.
– Pois eu vim oferecer ao seu irmão o fígado do meu
filho, que acabou de falecer num acidente automobilístico. Será que vocês
aceitam?
– Oh, Sim! Com o maior prazer! Puxa vida! Obrigado
amigo...
Não é preciso descrever a vergonha do Fabricante de
caixões-de-defunto, perante seus amigos do barzinho! E que lição de vida deu o
Carteiro!
Essa é uma história real de Itararé (com personagens
fictícios, é claro!), e que leva a gente a fazer uma profunda reflexão sobre
nossos preconceitos (pré-conceitos), que são idéias formuladas antecipadamente,
sem maior ponderação ou conhecimentos dos fatos.
A idéia preconcebida é própria de gente egoísta, que
julga os outros por si mesmo, como se estivesse na frente de um espelho. Pessoas
assim são incapazes de um gesto de altruísmo.
O julgamento precipitado pode nos causar sérios
aborrecimentos; pois, pela lei divina do retorno, será aplicado a nós com a
mesma severidade.
O preconceito é um mal dos tempos atuais, que tende a
desaparecer do planeta, pois retarda o progresso moral da humanidade.
Veja, por exemplo, a questão dos transplantes de órgãos.
Quanta ideia preconcebida em relação à doação de órgãos! E essa questão da
escassez de órgãos para transplantes somente será resolvida através de um
intenso esforço de educação de toda a sociedade.
Todo ano, em comemoração ao dia Nacional da Doação de
Órgãos e Tecidos, 27 de setembro, o governo faz campanhas; todavia, elas não
podem ficar restritas apenas a um período de conscientização. É um processo de
longo prazo, que deve ser iniciado nas escolas. Pois é um exercício de
cidadania.
Despertando a curiosidade de muita gente, há muitos
anos uma voz macia e aveludada invade os corredores dos aeroportos brasileiros
para divulgar o Disque Transplante no rádio: “Atenção passageiros com
destino à outra dimensão, informamos que em sua definitiva viagem itens como
coração, fígado, olhos e demais órgãos são desnecessários. Para doá-los
ligue: 0800 8832323. Doe seus
órgãos!”.
Pense nisso! Não deixe para entender só quando
acontecer com você! Diga que você é DOADOR DE ÓRGÃOS. Pois esta é a maior
manifestação de amor que você pode dar. Mas antes converse com sua família
sobre isso.
As coisas mais importantes precisam ser ditas em
vida! Como disse certa vez João Ubaldo
Ribeiro: “Nenhum
de nós pode considerar-se livre da possibilidade de precisar de um órgão
transplantado, o destino aponta para qualquer um”.
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