“[...] há tempo para todas as coisas e tempo para toda
a obra” (Eclesiastes 3,17).
No rádio do carro a música de Milionário & José
Rico “Nesta longa Estrada da Vida vou correndo e não posso parar...”.
Lindas paisagens surgiam e desapareciam às margens da rodovia... “Mas o
tempo cercou minha estrada e o cansaço me dominou...”.
Então, diminuindo
a velocidade fiquei meditando sobre o nosso tempo de vida. Veio-me à mente o
Salmo 89,10:
“Setenta
anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte
deles, sofrimento e vaidade, porque o tempo passa depressa e desaparecemos”.
Puxa vida! Respirei fundo, pensando que já atingi a
expectativa de vida prevista no Antigo Testamento.
Mas, suspirei... Pois me lembrei da Reforma da
Previdência; o governo propondo aumentar a idade mínima para aposentadoria,
justificando que aumentou a expectativa de vida dos brasileiros. E que segundo
o IBGE é de 73,8 anos.
Continuei pensando... Quantos anos você (ainda) tem
de vida? Esta pergunta me arrepiou! E acelerei... Pois já passei da expectativa
de vida do IBGE! Mas, logo sorri e me acalmei... Minha mãe acabou de fazer 96
anos de idade!
Fiquei longo tempo pensando na minha família; na
minha esposa e nos cinco filhos. Sei que muitos deles ainda precisam de mim. E
se eu morrer, como será que eles ficam? Tive um insight: arrume tempo para viver... Ah!... Eis a
solução!... O jeito, então, é fazer uma boa manutenção corporal! E me preparar
mais ainda para a vida espiritual que se aproxima, pois somos eternos!
Chegando a minha casa, procurei uma linda mensagem,
que recebi por e-mail, e que me serviu de consolo e de conforto neste momento
em que a vida do corpo se esvai... Ei-la, a seguir:
Há
pouco tempo, estava no aeroporto e vi mãe e filha se despedindo. Quando
anunciaram a partida, elas se abraçaram e a mãe disse:
−
Eu te amo. Desejo o suficiente para você!
A
filha respondeu:
−
Mãe, nossa vida juntas tem sido mais do que suficiente. O seu amor é tudo de
que eu sempre precisei. Eu também desejo o suficiente para você!
Elas
se beijaram e a filha partiu. A mãe passou por mim e encostou-se à parede. Pude
ver que ela queria e precisava chorar. Tentei não me intrometer nesse momento,
mas ela dirigiu-se a mim, perguntando:
−
Você já se despediu de alguém sabendo que seria para sempre?
−
Já – respondi. – Mas, me desculpe perguntar: por que foi um adeus para sempre?
−
Estou velha e ela vive tão longe daqui. Tenho desafios à minha frente; a
verdade é que a próxima viagem dela para cá será para meu funeral.
Quando
elas estavam se despedindo, escutei a senhora dizer: “Desejo o suficiente para
você!”. Então, eu perguntei:
−
Posso saber o que isso significa?
E
começou a sorrir.
−
É um desejo que tem sido passado de geração para geração em minha família. Meus
pais costumavam dizer isto para todo mundo.
Ela
parou um instante e olhou para o alto como se estivesse tentando se lembrar em
detalhes e sorriu mais ainda.
−
Quando dissemos “Desejo o suficiente para você” estávamos desejando uma vida
cheia de coisas boas o suficiente para que a pessoa se ampare nelas.
Então,
ela virando-se para mim, disse, como se estivesse recitando:
−
Desejo a você sol suficiente para que continue a ter esta atitude radiante!
Desejo a você chuva suficiente para que possa apreciar mais o sol! Desejo a
você felicidade o suficiente para que tenha seu espírito alegre! Desejo a você
dor suficiente para que as menores alegrias na vida pareçam muito maiores!
Desejo a você que ganhe o suficiente para satisfazer os seus desejos materiais!
Desejo a você perdas o suficiente para apreciar tudo que possui! Desejo a você
“alôs” em número suficiente para que chegue ao adeus final!
Ela
começou então a soluçar e se afastou.
Dizem que leva um minuto para se encontrar uma
pessoa especial, uma hora para apreciá-la, um dia para amá-la, mas uma vida
inteira para esquecê-la!
Querido leitor (a), eu desejo o suficiente para
você! Boa semana!