Aquecendo a Vida

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sábado, 31 de agosto de 2019

O HORTO DE CÉLIA


O Bem cobre a multidão de nossos pecados!


O romance “50 ANOS DEPOIS” de Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, tem em Célia, a personagem principal de uma história que aconteceu no segundo século da nossa era.
Célia, filha de Alba Lucínia e do tribuno Helvídeo Lucius, era de um coração amoroso e sábio, que entendeu e aplicou as lições de Jesus, no transcurso doloroso de sua vida.
Por duas vezes, ela foi vítima de calúnia e difamação. A primeira vez para defender sua mãe, assumindo uma culpa, que não era de nenhuma delas. Ameaçada de filicídio acabou sendo expulsa do teto paterno. Saiu aconchegando um órfão recém-nascido, o qual fora abandonado em sua casa por mãos traiçoeiras com a finalidade de caluniar a sua mãe.
Depois de tempos perambulando pelo mundo, amparada por mãos caridosas, Célia, numa tarde, aproximou-se de uma choupana, na cidade de Minturnes, e foi acolhida por um velho cristão, que resolveu ampará-la. E aconselhou-a a adotar o traje masculino, a fim de facilitar a sua ida para a África. “Será meu filho aos olhos do mundo”, disse o velho, e no outro dia cuidou da situação legal de Célia, que adotou o nome de Marinho.
Um fato, porém, lhe amargurou o coração, seu filho adorado faleceu. E tempos depois o velho cristão abandonava também o mundo. Célia, então, partiu para o Oriente. Desembarcou em Alexandria e foi admitida nos serviços de um mosteiro.
Aí, três anos depois, (Célia/Irmão Marinho) foi caluniada e difamada pela segunda vez.  A filha grávida de um hospedeiro local, no instante de revelar o nome de quem a infelicitara, culpou o Irmão Marinho. Célia, então, foi expulsa do mosteiro, indo habitar um casebre abandonado ao pé do horto.
Houve um dia em que uma pobre mulher do povo passava pelo sítio, a pé, com um filhinho agonizante. O Irmão Marinho impondo as mãos sobre o doentinho, num ato de fé, pela primeira vez teve a ventura de observar que o pequeno recuperava a saúde. Desde esse dia, nunca mais a casinhola do horto deixou de receber os pobres e aflitos que lá iam rogar as bênçãos de Jesus.
Enquanto Célia (Irmão Marinho) cumpre a sua missão de caridade à luz do Evangelho, lá em Roma toda a calúnia contra ela é revelada. Em consequência disso, a sua mãe vem a falecer, e seu pai, desnorteado, sai em busca da filha. Tendo notícias dos milagres feitos pelo Irmão Marinho, o velho tribuno viaja para Alexandria para buscar a consolação desse apóstolo.
No horto, o pequeno enjeitado, neto do hospedeiro, que Célia criava, vem a falecer, deixando-a muito abatida.
Numa tarde, seu pai Helvídio Lucius, aparece no horto. Tornam-se amigos e o Irmão Marinho, sem se revelar quem era, consegue que ele aceite o cristianismo.
Voltando a Roma, o primeiro ato de seu pai foi libertar todos os seus escravos. Exaltava as virtudes do Cristianismo e dispôs da maioria dos bens patrimoniais em obras piedosas, com as quais os órfãos e as viúvas se beneficiaram.
Depois de tantos benefícios, o antigo tribuno adoeceu e retornou para Alexandria a procura do Irmão Marinho, que, por sua vez, estava vivendo os derradeiros dias do seu apostolado.
O reencontro de ambos foi comovente. E no momento da agonia do velho tribuno, o Irmão Marinho se revela como sendo sua filha Célia.
Helvídio, sentindo que misteriosa força o arrebatava do corpo, esboçou num gesto supremo, levar as mãos da filha aos lábios. Célia cerrou-lhe as pálpebras no derradeiro sono. Depois disso adoecera. E pouco tempo depois faleceu.  
Ao prestar-lhe as homenagens derradeiras, os religiosos descobriram que o caluniado Irmão Marinho era na realidade uma virgem, que exemplificava, entre eles, as virtudes evangélicas.
Ante o cadáver da virgem cristã e recordando sua humildade, a caluniadora, perdeu a razão para sempre.
Percebemos nessa história a grande misericórdia de Deus, que amparou Célia em todo o seu sofrimento, permitindo que os dois pequeninos enjeitados, que ela criava, fossem a reencarnação de sua alma gêmea, para lhe dar forças e fé para superar todos os sacrifícios.
Célia foi convertida em símbolo de amor e piedade. Aprendemos com ela: a suportar a calúnia, sem qualquer reação de vingança; a não fazer prejulgamentos; a amar e perdoar setenta vezes sete!
 Vale a pena conhecer sua história para aprender a vivenciar o Evangelho de nosso Senhor Jesus-Cristo!

terça-feira, 27 de agosto de 2019

PEQUENINOS GESTOS DE AMOR


Pequeninas coisas se tornam grandes quando feitas com AMOR.


Conta-se uma história de um empregado em um frigorífico da Noruega. Certo dia, ao término do trabalho, foi inspecionar a câmara frigorífica. Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara. Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu, todos já haviam saído para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo.
Com a temperatura insuportável, depois de mais de três horas preso, já estava muito debilitado. De repente a porta se abriu e o vigia entrou na câmara e o resgatou com vida.
Depois de recuperado, o empregado perguntou ao vigia porque ele foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho...
Ele explicou:
− Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem daqui todos os dias e o Senhor é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair. Hoje pela manhã disse “Bom dia” quando chegou. Entretanto não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei...
Outra história, interessante.
Numa sala de aula do terceiro ano, há um menino de nove anos sentado à sua carteira e de repente há uma poça entre seus pés, e a parte dianteira de suas calças está molhada. Nunca havia acontecido antes, e sabe que quando descobrirem será ridicularizado pelos colegas.
O menino acredita que seu coração vai parar; abaixa a cabeça e reza esta oração: “Querido Deus, isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto”.
Levanta os olhos e vê a professora chegando com um olhar que diz que foi descoberto. Enquanto ela está andando até ele, uma colega chamada Susie está carregando um aquário cheio de água. 
Susie tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino diz interiormente: “Obrigado, Senhor!”.
De repente, em vez de ridicularizado, o menino é objeto de compaixão. Mas como tudo na vida, o ridículo que deveria ter sido dele foi transferido à Susie. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair. “Você já fez demais, sua desajeitada!”.
Finalmente, no fim do dia, enquanto estão esperando o ônibus, o menino caminha até Susie e lhe sussurra, “você fez aquilo de propósito, não foi?” E Susie lhe sussurra, “eu também já molhei minha calça uma vez”.
Diz Haroldo Dutra que “Mais vale milhares de pequeninos gestos de amor do que um grande gesto de heroísmo”.
Como nessas histórias, para todo mundo a vida é assim também.
Às vezes não damos o devido valor aos pequeninos gestos de amor, porém, muitas vezes são esses pequeninos gestos que fazem a diferença em nossas vidas.
Dizem que “pequenos gestos valem mais que mil palavras”. É verdade!
“Bom dia”; “Boa tarde”; “Boa noite”; “Deus te acompanhe”; “Deus te abençoe”; “Deus te proteja”; “Bom trabalho”; “Obrigado!”; “Até logo”; “Eu te amo”; “Feliz aniversário”, quando sinceros, são gestos singelos, mas carregados de energias positivas, que valem muito para quem os recebe. Até um “aceno de mão” pode fazer a diferença! São reflexos da boa educação.
Por trás desses pequenos gestos de gentileza, de compaixão, de indulgência, de delicadeza, de bondade, de gratidão, de solidariedade..., é que se encontra, muitas vezes, um grande gesto de caridade. Da caridade no seu sentido mais puro, de amor a Deus e ao próximo. A caridade moral que sacia a fome do espírito, que ajuda a superar a dor, que reanima e ampara nas desditas da vida, que desperta o ser humano para encontrar em Deus as forças para vencer todas as dificuldades.
Segundo André Luiz; “Nenhum de nós é capaz de prever o resultado de um pequeno gesto de amor”.
Pequenos gestos de amor têm poder. São pequenas doses que atuam na transformação do ser humano, na expansão de sua consciência e, consequentemente, na sua salvação.
São gestos que não esperam retribuição. Pois visam apenas à íntima satisfação de realizar algo construtivo.
No dia a dia devemos proporcionar um mínimo de alegria e compreensão a todos que nos cercam, pois isso vai nos dar em troca um agradável prazer de viver! Então, ESPALHE AMOR!

sábado, 17 de agosto de 2019

REFORMA ÍNTIMA


A Reforma Íntima e o Perdão Sincero andam de mãos dadas.


Fiz a seguinte adaptação d’uma história do Irmão X, em Cartas e Crônicas de Xico Xavier, a qual nos mostra a necessidade de uma Reforma Íntima.
Depois da festa beneficente, Belarmino Bicas, prezado companheiro a que nos afeiçoamos, no Plano Espiritual, chamou-me à parte e falou decidido:
– Bem, já que estivemos em tarefa de solidariedade, vou solicitar um favor…
Ante a surpresa que nos assaltou, Belarmino prosseguiu:
– Soube que você ainda dispõe de alguma facilidade para escrever aos companheiros encarnados na Terra e gostaria de confiar-lhe um assunto…
– Que assunto?
– Acontece que desencarnei com 58 anos de idade, após 20 anos de convicção espírita, cujos princípios codificados por Allan Kardec, eu abracei aos 38 anos e, como sempre fora irascível por temperamento, organizei, desde os meus primeiros contatos com a Doutrina Consoladora, uma relação de todas as minhas exasperações, apontando-lhes as causas para estudos posteriores…
Os meus desconchavos, porém, foram tantos que, apesar dos nobres conhecimentos assimilados, suprimi, inconscientemente, 22 anos da quota de 80 anos, que me cabia desfrutar no corpo físico, regressando à Pátria Espiritual na condição de suicida indireto… Somente aqui, pude examinar os meus problemas e acomodar-me às desilusões… Quantos tesouros perdidos por bagatelas! Quanta asneira em nome do sentimento!…
E, exibindo-os, ele acrescentava:
– Conte o meu caso para quem esteja ainda carregando a bobagem do azedume! Fale do perigo das zangas sistemáticas, insista na necessidade da tolerância, da paciência, da serenidade, do perdão! Rogue aos nossos companheiros, para que não percam a riqueza das horas com suscetibilidades e amuos, explique ao pessoal na Terra que mau humor também mata!…
– Foi, então, que passei à leitura da interessante estatística de irritações, que não me furto à satisfação de transcrever: Belarmino Bicas – Número de cóleras e mágoas desnecessárias e suas causas, de l936 a l956: 16.386 exasperações inúteis.
– Esse é o apanhado total dos dissabores dispensáveis do prestimoso amigo Bicas, em 7.300 dias de existência, e, isso, nos quatro lustros mais belos de sua passagem no mundo, porque iluminados pelos clarões do Evangelho Redivivo. Cumpro-lhe o desejo de tornar conhecida a sua experiência e importantes observações, para prevenir desequilíbrios e enfermidades, embora estejamos certos de que muita gente julgará o balanço de Belarmino por invencionice de Espírito loroteiro.
Reforma íntima é mudar a si mesmo. E essa mudança requer algo que está ao alcance de todos nós: o primeiro passo. Depois, cada passo é um recomeço. Cada dia uma nova realidade. O primeiro passo é a tomada de Consciência. E isso só acontece se você conhecer o seu “espelho interior”. Porque seu caráter se revela por sua linguagem! Não adianta querer se impor pelo grito! Como disse Rosangela Moro, esposa de um famoso ministro: “Alto deve ser seu caráter e não o tom da voz”. Quem você é? Questione-se... E, a partir daí, comece o caminho da autotransformação.
Depois você vai descobrindo outros passos que também são relevantes nesse processo, tais como: o Perdão sincero, como grande conquista da alma, para não ficar preso a energias negativas, que impedem o seu avanço; a Vontade de mudar; a Coragem para mudar; a Perseverança na mudança; a Paciência pela demora de avançar, pois a mudança, muitas vezes, acontece lentamente; e a necessária Resiliência (elasticidade), quando ocorrer equívocos, que exijam retornos e mudanças de percurso.
Mas todo esse processo deve ser desencadeado com muita atenção e honestidade, fazendo uma autoanálise permanente, sem perder a motivação.
Estamos todos no mundo em processo de Reforma Íntima. Em velocidades diferentes, é claro! E as forças que nos impulsionam estão nas vivências e ensinamentos de Nosso Senhor Jesus-Cristo! Pois sem Ele no coração, a grande transformação interior do ser humano dificilmente ocorre!
Quando você está de bem com a vida, o mundo fica de bem com você! Pois o seu mundo exterior é apenas um reflexo do seu universo interior.

sábado, 10 de agosto de 2019

O NÓ DO AFETO


“Os laços do afeto são os verdadeiros elos que nos unem aos seres que amamos”.


O dia dos Pais é com certeza um dos dias mais especiais e emocionantes do ano! É o dia dos heróis, o dia de quem viu você nascer; o dia de quem o criou com todo amor do mundo. E quando chega este data devemos homenageá-los!
Então, para o dia dos Pais deste ano, pensei num linda mensagem veiculada na internet sem menção do autor, à qual fiz algumas adaptações e acréscimos.
Eis o texto:
Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora incentivava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.
 Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou com jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana. Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família. Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante.
E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
Essa história nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou mãe se fazer presente, de se comunicar com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples, mas eficiente.
E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemo-nos do principal, que é a comunicação através do sentimento.
Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com os nossos filhos, mas é importante que eles saibam disso, que eles sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que os filhos “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto os seus sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por isso que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo de escuro.
A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.
E você PAI? Já deu algum nó afetivo no lençol do seu filho hoje?
Lembre-se que Pai é o amigo sempre presente, o companheiro do filho na sua educação, na sua alegria e nos momentos de dificuldades. Deve, por isso, ser um exemplo de honestidade, de dignidade e de boas atitudes, tanto na família, no trabalho, como na vida social.  Pois sabemos que o exemplo vale mais do que mil palavras.
Alguém já disse que “Não é o sangue que faz um pai, mas sim a capacidade de amar aquele que chama de filho”.
Por essa razão, ser Pai é uma missão que implica em enorme responsabilidade: a de guiar o filho pela senda do Bem; auxiliá-lo com seus conselhos; consolá-lo nas suas aflições; levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.
Cada um de nós, na missão de Pai, pode participar do luminoso esforço de conduzir ao Criador as almas que nos foram destinadas na condição de filhos…
Pense nisso!
FELIZ DIA DOS PAIS.

sábado, 3 de agosto de 2019

O REI E A OMELETE DE AMORAS


“Comece a ser agora o que você será daqui em diante” (São Jerônimo).


Minha esposa Clarice gostava de contar esta velha história, adaptada, das Obras escolhidas II, de Walter Benjamin – Editora Brasiliense (1995).
Era uma vez um Rei que tinha todos os poderes e tesouros da Terra, mas que apesar disso não se sentia feliz e a cada ano ficava mais melancólico.
Um dia chamou o seu cozinheiro preferido e disse:
− Você tem cozinhado muito bem para mim e tem trazido para a minha mesa as melhores iguarias, de modo que eu lhe sou agradecido. Agora, porém, quero que você me dê uma última prova de sua arte. Você deve me preparar uma omelete de amoras iguais àquelas que eu comi há cinquenta anos, na infância.
Naquele tempo – continuou o Rei –, meu pai tinha perdido a guerra contra o reino vizinho e nós precisamos fugir: viajamos dia e noite através da floresta, onde afinal acabamos nos perdendo. Estávamos famintos e cansadíssimos, quando chegamos a uma cabana onde morava uma velhinha que nos acolheu generosamente. Ela preparou para nós uma omelete de amoras. Quando a comi, fiquei maravilhado: a omelete era deliciosa e me trouxe novas esperanças ao coração. Na época eu era criança, não dei importância à coisa. Mais tarde, já no trono, vasculhei todo o reino, porém não foi possível localizá-la. Agora quero que você me atenda esse desejo: faça uma omelete de amoras igual à dela. Se você conseguir, eu lhe darei ouro e o designarei meu herdeiro, meu sucessor no trono. Se você não conseguir, entretanto, mandarei matá-lo.
− Senhor! – falou o cozinheiro –, pode chamar imediatamente o carrasco. É claro que eu conheço todo o segredo da preparação de uma omelete de amoras, sei empregar todos os temperos. Conheço as palavras mágicas que devem ser pronunciadas enquanto os ovos são batidos e a melhor técnica para batê-los. Mas isso não me impedirá de ser executado, porque a minha omelete jamais será igual à da velhinha. Ela não terá o sabor picante do perigo, a emoção da fuga, não será comida com o sentido alerta do perseguido, não terá a doçura inesperada da hospitalidade calorosa e do ansiado repouso, enfim conseguido. Não terá o sabor do presente estranho e do futuro incerto.
Após estas explicações, o Rei ficou calado, durante algum tempo. Não muito tempo depois, consta que lhe deu muitos presentes, tornou-o um homem rico e despediu-o do serviço real.
Se perguntar a uma pessoa abnegada sobre os anos de sua existência, provavelmente dirá: “foi difícil, mas se tivesse que repetir, faria tudo de novo!”. Ou, então, dirá: “apesar das dificuldades, foram os melhores anos de minha vida! Que saudade!”.
Quando vividos com esperança, com amor, com entusiasmo, com dedicação, os anos de lutas e sofrimento, mais difíceis de nossa vida, são os que têm um sabor diferente; pois têm o gosto da vitória. São os anos que ficam em nossa lembrança!
E quando pensamos nessa trajetória de lutas pela vida, descobrimos o quanto Deus foi bom conosco; o quanto mudamos e evoluímos intelectualmente, moralmente, emocionalmente... Na verdade amadurecemos tanto, que somos outra pessoa!
Deus permite a longevidade – eu penso – para a gente fazer um balanço do passado e descobrir as luzes conquistadas na caminhada, e que irá iluminar a nova jornada que pressentimos. E que desejamos seja eterna enquanto dure!
Quem, pelo trabalho e pela abnegação sincera, suporta as lutas do cotidiano na renúncia de si mesmo, descobre que a vida é um bem precioso que Deus nos confiou.  Que o sofrimento apenas lapida nossa alma, nos elevando no conceito da espiritualidade maior. Pois sentimos que nossa fé aumenta; que já vibramos no amor maior e podemos voar rumo a outras moradas, onde há fraternidade e a felicidade impera.
Recordemos a inspiração de Paulo, que a morte é o nosso último inimigo. E com Jesus, venceremos mais essa etapa. Pois somos espíritos imortais. A alma não tem apenas uma existência, mas vidas numerosas. Além do sepulcro há vida em profusão em outra dimensão.
Eis o que Emmanuel nos recomenda no romance “50 Anos Depois”, “Guardemos na mente a convicção de que o reino de Jesus não está nos templos ou nos manuscritos materiais que o Tempo se incumbirá de aniquilar em sua passagem incessante e, sim, que os alicerces divinos têm de ser construídos no íntimo do homem”.