O Bem cobre a multidão de nossos pecados!
O romance “50 ANOS DEPOIS” de Emmanuel,
psicografado por Chico Xavier, tem em Célia, a personagem principal de uma
história que aconteceu no segundo século da nossa era.
Célia, filha de Alba Lucínia e do tribuno Helvídeo
Lucius, era de um coração amoroso e sábio, que entendeu e aplicou as lições de
Jesus, no transcurso doloroso de sua vida.
Por duas vezes, ela foi vítima de calúnia e
difamação. A primeira vez para defender sua mãe, assumindo uma culpa, que não
era de nenhuma delas. Ameaçada de filicídio acabou sendo expulsa do teto
paterno. Saiu aconchegando um órfão recém-nascido, o qual fora abandonado em
sua casa por mãos traiçoeiras com a finalidade de caluniar a sua mãe.
Depois de tempos perambulando pelo mundo, amparada por
mãos caridosas, Célia, numa tarde, aproximou-se de uma choupana, na cidade de
Minturnes, e foi acolhida por um velho cristão, que resolveu ampará-la. E
aconselhou-a a adotar o traje masculino, a fim de facilitar a sua ida para a
África. “Será meu filho aos olhos do mundo”, disse o velho, e no outro
dia cuidou da situação legal de Célia, que adotou o nome de Marinho.
Um fato, porém, lhe amargurou o coração, seu filho adorado
faleceu. E tempos depois o velho cristão abandonava também o mundo. Célia,
então, partiu para o Oriente. Desembarcou em Alexandria e foi admitida nos
serviços de um mosteiro.
Aí, três anos depois, (Célia/Irmão Marinho) foi
caluniada e difamada pela segunda vez. A
filha grávida de um hospedeiro local, no instante de revelar o nome de quem a
infelicitara, culpou o Irmão Marinho. Célia, então, foi expulsa do mosteiro,
indo habitar um casebre abandonado ao pé do horto.
Houve um dia em que uma pobre mulher do povo
passava pelo sítio, a pé, com um filhinho agonizante. O Irmão Marinho impondo
as mãos sobre o doentinho, num ato de fé, pela primeira vez teve a ventura de
observar que o pequeno recuperava a saúde. Desde esse dia, nunca mais a
casinhola do horto deixou de receber os pobres e aflitos que lá iam rogar as
bênçãos de Jesus.
Enquanto Célia (Irmão Marinho) cumpre a sua missão
de caridade à luz do Evangelho, lá em Roma toda a calúnia contra ela é
revelada. Em consequência disso, a sua mãe vem a falecer, e seu pai,
desnorteado, sai em busca da filha. Tendo notícias dos milagres feitos pelo
Irmão Marinho, o velho tribuno viaja para Alexandria para buscar a consolação
desse apóstolo.
No horto, o pequeno enjeitado, neto do hospedeiro, que
Célia criava, vem a falecer, deixando-a muito abatida.
Numa tarde, seu pai Helvídio Lucius, aparece no
horto. Tornam-se amigos e o Irmão Marinho, sem se revelar quem era, consegue
que ele aceite o cristianismo.
Voltando a Roma, o primeiro ato de seu pai foi
libertar todos os seus escravos. Exaltava as virtudes do Cristianismo e dispôs
da maioria dos bens patrimoniais em obras piedosas, com as quais os órfãos e as
viúvas se beneficiaram.
Depois de tantos benefícios, o antigo tribuno
adoeceu e retornou para Alexandria a procura do Irmão Marinho, que, por sua
vez, estava vivendo os derradeiros dias do seu apostolado.
O reencontro de ambos foi comovente. E no momento da
agonia do velho tribuno, o Irmão Marinho se revela como sendo sua filha Célia.
Helvídio, sentindo que misteriosa força o
arrebatava do corpo, esboçou num gesto supremo, levar as mãos da filha aos
lábios. Célia cerrou-lhe as pálpebras no derradeiro sono. Depois disso adoecera.
E pouco tempo depois faleceu.
Ao prestar-lhe as homenagens derradeiras, os
religiosos descobriram que o caluniado Irmão Marinho era na realidade uma
virgem, que exemplificava, entre eles, as virtudes evangélicas.
Ante o cadáver da virgem cristã e recordando sua
humildade, a caluniadora, perdeu a razão para sempre.
Percebemos nessa história a grande misericórdia de
Deus, que amparou Célia em todo o seu sofrimento, permitindo que os dois
pequeninos enjeitados, que ela criava, fossem a reencarnação de sua alma gêmea,
para lhe dar forças e fé para superar todos os sacrifícios.
Célia foi convertida em símbolo de amor e piedade. Aprendemos
com ela: a suportar a calúnia, sem qualquer reação de vingança; a não fazer
prejulgamentos; a amar e perdoar setenta vezes sete!
Vale a pena
conhecer sua história para aprender a vivenciar o Evangelho de nosso Senhor
Jesus-Cristo!