Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sábado, 24 de novembro de 2018

O HOMEM E O MUNDO


O Homem é tudo aquilo que a educação faz dele.


Diz Emanuel que somente o lar educa. A escola apenas instrui. E André Luiz nos diz que o Lar é o principal agente transformador de nossa conduta.
Já para Allan Kardec: “É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a Humanidade”.
Entendo que todos esses pensadores têm razão, porque definem a educação como a mais importante para a aprendizagem da vida. Embora Emanuel apenas defina onde se dá a educação e a instrução, André Luiz já diz ser o Lar o principal agente de transformação.
Kardec, porém, não nega o valor da instrução, que também tem um percentual no processo de transformação da humanidade. O que ele faz é apenas enfatizar a educação nesse processo.
A instrução é a aprendizagem científica, que forma o talento e desenvolve a inteligência. Enquanto que a educação tem uma amplitude maior, porque desenvolve valores e virtudes que formam o caráter do homem.
A instrução fortalece o cérebro, a educação fortifica o coração.
Diz um dito popular que “a educação vem do berço”. Isso significa dizer que a educação é, primeiramente, responsabilidade dos pais e familiares. Posteriormente, quando a criança está na escola, passa também a ser responsabilidade dos Professores. Embora a prioridade dos professores seja a escolarização do aluno (a instrução).
Alguns colocam, como diferencial, o fato da educação dar-se de dentro para fora e a instrução de fora para dentro. Nesse sentido a educação é transformadora e libertadora, enquanto a instrução funciona como adestramento. A instrução sem a educação moral, de valores para a vida, serviria apenas para um autoritarismo de dominação.
Outros, no entanto, entendem que a educação é o produto da interação do conhecimento interior com o conhecimento exterior. Ou seja, é um processo de ação e reação, entre o conhecimento interno e externo, que produz um conhecimento mais elevado, aprimorado, que muda e aperfeiçoa a visão de mundo do ser humano.
Sempre procurei levar esses ensinamentos aos meus alunos do curso de Pedagogia. E ilustrava a aula com a seguinte história:
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar.
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho, com o objetivo de distrair sua atenção. De repente, deparou-se com o mapa do mundo; era o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou-o ao filho, dizendo:
− Você gosta de quebra-cabeças? ... Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa.
Passadas algumas horas, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:
Pai, pai..., já fiz tudo!...  Consegui terminar “tudinho”!
A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível, na sua idade, ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto.
Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino tinha sido capaz?
− Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha, e vi que havia consertado o mundo.

sábado, 17 de novembro de 2018

A PEDRA DA FELICIDADE


“A verdadeira felicidade custa pouco; quando é cara não é de boa qualidade”.
(Chateaubriand)


Um moço achou uma pedra muito brilhante e levou-a para casa. Ele não sabia, mas era a Pedra da Felicidade. Ela possuía o poder de realizar desejos.
Uma Fada apareceu ao moço em sonho e disse-lhe que a Pedra tinha poderes para atender a três pedidos: um bem material; uma alegria e uma caridade. Bastava pensar no pedido e apertar a Pedra entre as mãos. Mas, que esses benefícios somente poderiam ser utilizados a favor de outras pessoas.
Ele acordou e tentou pedir alguma coisa só para si, apertando a Pedra entre as mãos. Mas, sem êxito algum, resolveu guardá-la, desinteressado em usá-la.
Anos depois, já bem velhinho, ele se lembrou do sonho e dos prováveis poderes da Pedra da Felicidade, guardada. E decidiu usá-la em proveito dos outros.
Primeiro, realizou o desejo de uma jovem, dando-lhe um bem material. Depois, proporcionou uma grande alegria a uma mãe, revelando o paradeiro da filha há anos desaparecida. E, por último, diante de um doente, condoeu-se de suas feridas, ofertando-lhe a cura.
Ao realizar o terceiro benefício, a Pedra transformou-se numa nuvem de fumaça e, no meio dessa nuvem apareceu a Fada do sonho, dizendo:
− Por que demorou tanto a usá-la? Antes, devia fazer o bem aos outros para merecer o atendimento do seu desejo! Mas, agora, que já cumpriu o nosso trato, o que pedir para você, eu farei.
O homem, que tivera desde a juventude, a oportunidade de construir uma vida plena de felicidade, ficou se lamentando pelo seu desamor. Jamais pensara que fazendo o bem aos outros colheria o bem para si mesmo. Triste e arrependido desse erro, ele pediu:
− Dá-me tão somente a felicidade de esquecer meu passado egoísta.
Esta história nos mostra que buscamos a Felicidade nos prazeres externos, nos bens materiais e, entretanto, só a encontraremos dentro de nós mesmos, nas ações do coração. Como nos ensinou Jesus: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (João 15,12).
O texto, de autor desconhecido, a seguir, ilustra bem essa assertiva:
Passamos a vida em busca da felicidade, procurando o tesouro escondido. Corremos de um lado para o outro esperando descobrir a chave da felicidade. Esperamos que tudo que nos preocupa se resolva num passe de mágica. Achamos que a vida seria tão diferente, se pelo menos fôssemos felizes.
E, assim, uns fogem de casa para serem felizes e outros fogem para casa para serem felizes.
Uns se casam para serem felizes e outros se divorciam para serem felizes.
Uns fazem viagens caríssimas para serem felizes e outros trabalham além do normal para serem felizes.
Uma busca infinda.
Anos desperdiçados.
Nunca a lua está ao alcance da mão, nunca o fruto está maduro, nunca o vinho está no ponto. Sombras, lágrimas. Nunca estamos satisfeitos.
Mas, há uma forma melhor de viver!
A partir do momento em que decidimos ser feliz, nossa busca da felicidade chegou ao fim.
É que percebemos que a felicidade não está na riqueza material, na casa nova, no carro novo, naquela carreira, naquela pessoa que jamais está à venda. Quando não conseguimos achar satisfação dentro de nós para ter alegria, estamos fadados à decepção.
A felicidade não tem nada a ver com conseguir. Consiste em satisfazer-nos com o que temos e com o que não temos.
Poucas coisas são necessárias para fazer feliz o homem sábio, ao mesmo tempo em que nenhuma fortuna satisfaria a um inconformado.
As necessidades de cada um de nós são poucas.
Enquanto nós tivermos alguma coisa a fazer, alguém para amar ou alguma coisa a esperar, seremos felizes.
Saiba: A única fonte de felicidade está dentro de você, e deve ser repartida.
Repartir suas alegrias é como espalhar perfumes sobre os outros: sempre algumas gotas acabam caindo sobre você mesmo!

sábado, 10 de novembro de 2018

PRINCÍPIOS DA BENEVOLÊNCIA


“Quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós” (Benjamim Franklin).


A Benevolência tem suas raízes nos bons sentimentos do coração. É, pois, uma disposição; uma tendência natural de todo ser humano para o Bem, que se manifesta nas qualidades de afeto; estima; respeito... Que revela bondade, altruísmo e empatia e boa vontade para com todos. Que é indulgente com as imperfeições alheias, perdoando as ofensas recebidas.
É o contrário da Maledicência, que aos outros deprecia e causa danos. Lembre-se que ao se omitir de fazer o Bem, você já está fazendo o Mal!
A Benevolência, no seu mais amplo sentido, está relacionada com a Caridade. Pois se manifesta pelo amor fraternal indulgente e pelos princípios de Beneficência e de Não-Maleficência.
Beneficência quer dizer fazer um benefício ou favorecer alguém. É um ato filantrópico, uma virtude de fazer o Bem. Um hábito de agir de acordo com os interesses e o bem-estar do próximo, sem lhe causar o menor dano.
A Beneficência é, portanto, uma disposição emotiva boa do caráter de alguém que quer fazer bem aos outros, que quer agir de forma correta.
Além de promover o Bem e prevenir a miséria, a Beneficência tem a obrigação de a) prevenir danos; b) retirar danos.
Não-Maleficência é o princípio da Benevolência que se caracteriza apenas pela obrigação de não causar danos.
Enquanto a Beneficência requer ação, a Não-Maleficência, na maior das vezes, envolve abstenção.
O princípio de Não-Maleficência é devido a todas as pessoas, enquanto o princípio da Beneficência é, na prática, menos abrangente.
Exemplificando: Você viajando vê um acidente na estrada. Como você é uma pessoa do Bem, imediatamente freia o carro e desce para prestar socorro. Pelo princípio da Beneficência, você age no sentido de fazer o Bem aos acidentados, sinaliza a pista para prevenir danos e pede socorro à Polícia Rodoviária.
Enquanto isso, pelo princípio da Não-Maleficência, você tem a obrigação de não causar danos às vítimas, aguardando que socorristas experientes tomem as devidas providências.
Esses dois princípios não têm caráter absoluto, pois nem sempre cada um deles terá prioridade em todas as situações ou dificuldades conflituosas. E também para não aniquilar a manifestação da vontade, dos desejos e sentimentos dos que estão sendo socorridos ou amparados.
De tudo isso, fica uma pergunta: um benefício se perde? Não! Todo benefício feito com amor, carinho, dedicação, jamais se perde. Porque o benefício é como uma semente que se joga na terra para germinar. Se a terra é boa germinará rapidamente. Se a terra é fraca demorará um pouco mais, mas germinará com o tempo e dará seus frutos.
Quando demora a semente do Bem para germinar, muitos reclamam de ingratidão. Só que o tempo de germinação não está restrito a uma única existência. O tempo de germinação de um benefício é eterno. E você pode colher o que plantou em outras vidas. É da Lei da Natureza dar o retorno a todas as causas da vida.
− Ah! Mas eu não vou beneficiar alguém que não é da minha Igreja, ou que não é do meu Partido?  Uma atitude assim é preconceituosa! Pois o espírito de seita ou de Partido é abolido quando vemos irmãos em todos os nossos semelhantes.
Para fazer o Bem não se deve saber a crença, a ideologia... Nunca se deve, pois, interpelar a consciência de ninguém. Se for um inimigo será um meio de reconciliação. Pois o benefício abranda os corações mais endurecidos.
Não importa se a pessoa ficou agradecida ou não, pois o benefício dará frutos e o benfeitor o receberá centuplicado, porque a Beneficência é inesgotável.
Será abençoado por Deus aquele que recebeu o reconhecimento imediato pelo Bem praticado. Mas, as bênçãos divinas serão ainda muito maiores para o benfeitor que recebeu a ingratidão como medida de compensação, porque este fez o Bem desinteressadamente, sem esperar qualquer reconhecimento. Fez com a direita sem que a esquerda soubesse. Fez o Bem apenas por amor e por ser cristão.
A ingratidão muitas vezes é necessária para provar a nossa perseverança em fazer o Bem.

sábado, 3 de novembro de 2018

FERRAMENTAS DE GESTÃO EMOCIONAL


Uma curva pode significar a solução de problemas


O discípulo foi procurar seu velho mestre, um filósofo que estava pra morrer, e perguntou-lhe:
− Não teria mais alguma coisa a dizer a este seu amigo?
O sábio então abriu a boca; disse ao jovem que olhasse lá dentro, e perguntou:
− Vê minha língua?
− Claro – respondeu o discípulo.
− E os meus dentes, estão perfeitos?
− Não... – replicou o discípulo.
− Você sabe por que a língua sobrevive aos dentes?...
− Não tenho a menor ideia!
− É porque é mole e flexível – explicou o mestre. – Os dentes se acabam e caem primeiro porque são duros. Assim você aprendeu tudo o que vale a pena aprender. Nada mais tenho a lhe ensinar!
O diálogo, acima, mostra a importância da qualidade de ser flexível; maleável; daquilo que se pode dobrar ou curvar; que é dócil, ou seja: fácil de manejar; de conduzir, ensinar ou guiar. 
O rio tem muito dessa qualidade, pois ele flui de acordo com o terreno. Com ele aprendemos que uma curva pode ser a solução de uma dificuldade.
Flexibilidade é tão importante que se tornou imprescindível na educação escolar, por ser uma característica fundamental da Proposta Curricular para a seleção e a organização dos conteúdos.
Ser flexível é uma característica importante também no que diz respeito ao relacionamento humano, para se adquirir bom senso e prudência na forma de agir.
“Passar vaselina na cara”, “ser liso que nem bagre ensaboado”, “devagar com o andor” “cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém” e “sair pela tangente”, são alguns ditos populares usados para se sair apertadamente de complicações.
Entretanto, Flexibilidade não é bem isso, se for confundida com banalização, ingenuidade, permissividade total... Ou até com maldade! Pois ela é uma atitude de ponderação, que precisa ser transparente, honesta, imbuída de benevolência e de sentimentos fraternos.
Pela elasticidade do conceito, a Flexibilidade se confunde, muitas vezes, com a qualidade de Resiliência.
Resiliência vem da física e significa a propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer um choque. É o poder de recuperação como o ato de retorno de mola, de elástico. É a capacidade que a pessoa tem de voltar ao seu estado normal, após ser submetido a uma pressão. A capacidade de não ceder quando coagido, numa situação crítica, e mesmo assim “dar a volta por cima” conseguindo altos níveis de produtividade e de realização. É a capacidade de transformar toda a energia de um problema em uma solução criativa.
A Flexibilidade é um dom de nascimento, enquanto que a Resiliência é um comportamento adquirido, que deve ser exercitado. Ambas são Ferramentas de Gestão Emocional que visam a potencialização do desempenho do ser humano. Como elas nos predispõem a ser benevolente e condescendente com as solicitações do mundo, são essenciais à vida e a carreira profissional.
Em momentos de raiva, de cabeça quente, fica difícil a utilização dessas ferramentas. Pois, exigem calma nas suas “jogadas”. E devem ser utilizadas com empatia, de comum acordo, sem prejuízo ao próximo. Enfim, são formas cordatas de agir para contornar os problemas e seguir em paz as trilhas do destino – que Deus nos deu na busca da perfeição.
Neste mundo não adianta ser radical aos extremos. Se quiser ser duro na queda você vai acabar se arrebentando. Ao contrário, se for mole demais, vai acabar massacrado. O melhor é ter um jogo de cintura, um gingado, pra driblar as dificuldades e encontrar o caminho do meio, do “gol”, da vitória, do sucesso...
São ferramentas, então, que nos permite ceder voluntariamente em muitas situações e aceitar as coisas como elas são a fim de encontrarmos uma saída para os problemas que nos afligem.
Não deixam também de ser qualidades de fé, que nos dão a certeza – tal qual ao rio – que depois da curva há um vale desconhecido.
Jesus sabia que essas ferramentas são fundamentais ao processo evolutivo do ser humano, e, por isso, recomendou pagar o mal com o bem. “Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil (Mateus 5: 39 a 41).