“O
Inferno está por toda parte em que haja almas sofredoras...” (Kardec).
Foi ali mesmo no bar que ouvi de um freguês esta
pergunta: vocês acreditam na existência
do Inferno, como um local de suplício eterno?
Um amigo dele respondeu:
− Ah! Nem o Papa acredita mais no inferno! Se
considerarmos que Deus é infinitamente misericordioso, justo e bom não pode
existir uma eterna condenação! Veja bem, é impossível conceber Deus
infinitamente bom com uma parcela de maldade. Vou dar um exemplo: um sapato não
é de um preto absoluto se tiver o mais leve matiz branco, e vice-versa. Da
mesma forma, um Deus infinitamente bom não pode ser vingativo, pois uma
situação exclui a outra!
Em seguida, outro comentou:
− Você tem razão. A existência do Inferno como uma
pena eterna absoluta conduz à negação da perfeição absoluta, donde resulta um
dilema: ou Deus é perfeito e não há o
Inferno ou há o Inferno e Deus não é perfeito. Deus não quer a morte do
ímpio, mas que o ímpio se converta. Está na bíblia, Ezequiel, 33-11, se não me
engano! Por isso, eu fico com a perfeição divina e você?
− Pra mim – disse o dono do bar – Inferno é uma
alegoria contida na Bíblia. O inferno está dentro da gente. Existe só na nossa
imaginação! Inferno é apenas um estado de consciência, um estado da alma O
remorso principalmente provoca um Inferno em nossa alma. Daí a necessidade do
perdão como bem nos ensinou o maior Mestre da humanidade.
Dizem que bar é cultura! Pois é verdade! Esses
comentários eu ouvi ali no barzinho, assim como uma interessante história sobre
o tema.
Contou-se que depois de muito caminhar, um HOMEM se
deu conta de que ele seu CAVALO e seu CACHORRO haviam morrido num acidente. E às
vezes os mortos demoram a se dar conta de sua nova condição!...
A caminhada era muito longa, morro acima. O sol era
forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de
água. De repente o Homem avistou um
portão todo de mármore, que conduzia a uma praça toda de ouro, no centro da
qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.
− Bom dia! − disse o caminhante ao guarda da guarita.
− Bom dia! − ele respondeu.
− Que lugar é este, tão lindo?
− Isto aqui é o céu.
− Que bom que chegamos ao céu, pois estamos com muita
sede.
Então o guarda, indicando-lhe a fonte, disse:
− O senhor pode entrar e beber à vontade.
− Meu Cavalo
e meu Cachorro também estão com
sede.
− Lamento muito, mas aqui não se permite a entrada de
animais.
O Homem
ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não beberia,
deixando seus amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho morro acima. Com
sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio, cuja entrada era marcada
por uma porteira velha semiaberta para um caminho de terra com árvores dos dois
lados. À sombra das árvores, um velho deitado, cabeça coberta com um chapéu,
parecia que estava dormindo.
− Bom dia!
− Bom dia! − ele respondeu.
− Estamos com muita sede, meu Cavalo, meu Cachorro e Eu.
− Há uma fonte naquelas pedras − disse o velho,
indicando o lugar. − Aqui podem beber à vontade o Homem o Cavalo e o Cachorro!
Foram até a fonte e mataram a sede. E o caminhante disse,
ao sair:
− Muito obrigado!
− Voltem quando quiserem − respondeu o velho.
− A propósito − disse o Homem −, qual é o nome deste lugar?
− Céu! − respondeu o velho.
− Céu? Mas o guarda, na guarita ao lado do portão de
mármore, disse que lá era o Céu!
− Aquilo não é o Céu, aquilo é o Inferno.
O caminhante perplexo disse:
− Mas, então essa informação falsa deve causar grandes
confusões!
− De forma alguma, na verdade eles nos fazem um grande
favor, porque lá NO INFERNO FICAM AQUELES QUE SÃO CAPAZES DE ABANDONAR ATÉ SEUS
MELHORES AMIGOS...
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