“Com um simples gesto de amor você pode fazer a diferença!”
Houve um tempo em que eu ganhava a
vida como taxista – conta um motorista – quando recebi na noite de 25 para 26
de julho de 2003, uma chamada vinda de um pequeno prédio, próximo do Largo da
Ordem no São Francisco, centro histórico de Curitiba, capital do Paraná.
Quando cheguei o prédio estava
escuro. Vi apenas uma lâmpada acesa numa
janela do térreo e buzinei.
“Esse passageiro pode ser alguém
que necessita de ajuda”, pensei. Assim, fui até a porta e bati.
− Um minutinho – disse alguém.
Quando a porta se abriu me vi
diante de uma idosa, pequenina, de frágil aparência e de bengala. Ela me pediu:
− Poderia me ajudar com a mala?
Ajudei-a caminhar lentamente até o
carro. Ela me agradeceu muito, por isso.
− Não é nada! – respondi – apenas
procuro tratar meus passageiros do jeito que gostaria que tratassem minha mãe.
− Oh! Você é um bom rapaz!
Ela deu-me um endereço e me pediu
para ir pelo centro da cidade?
− Este não é o trajeto – alertei-a.
− Eu não estou com pressa. Meu
destino é o último; o Asilo dos Velhos.
Surpreso, eu olhei pelo retrovisor.
Os olhos da velhinha brilhavam marejados.
− Não tenho mais família e o médico
me disse que tenho muito pouco tempo.
Nas horas seguintes nós dirigimos
por toda a cidade. Ela mostrou-me o edifício na Rua Barão do Cerro Azul em que
havia trabalhado em certa ocasião.
Nós passamos pelas cercanias do
Centro Cívico, em que ela e o esposo tinham vivido. E também pela igreja
Perpétuo Socorro no Alto da Glória, onde comemoraram Bodas de Ouro.
Ela pediu-me que passasse em frente
a uma loja na Rua Dr. Muricy com a Rua José Loureiro, que ela dizia ser um
clube alemão, que tinha grande salão de dança, que ela frequentava quando
mocinha.
De vez em quando, pedia-me para
dirigir vagarosamente em frente a um edifício ou esquina. Era quando ficava
então com os olhos fixos na escuridão, sem dizer nada. Olhava e suspirava...
Assim rodamos a noite inteirinha. E
quando os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, ela disse de repente:
− Estou pronta. Vamos agora!
Seguimos e chegamos a uma casa de
repouso no Bairro Parolin, onde ela foi recebida por duas atendentes.
A senhora já numa cadeira de rodas,
perguntou-me então pela corrida.
− Quanto lhe devo?
− Nada! – eu disse.
− Mas, você tem que ganhar a vida.
− Há outros passageiros – respondi.
Mas ela insistiu, disse que não
precisava mais de dinheiro e colocou 2000 reais no meu bolso da camisa.
Eu não quis aceitar, mas ela foi
incisiva ao extremo:
− Você deu a mim, bons momentos de
alegria, como não tinha há tanto tempo. Obrigada, MEU AMIGO!
Apertei sua mão e caminhei até o
carro. Dirigi olhando o centro da cidade e não conseguia parar de chorar, pois pensava
como vivemos; e no que damos valor, se daqui não levamos nada.
Atrás de mim, o som do portão se
fechando era como o fim de uma vida...
Dois dias depois voltei ao asilo
para ver como estava a minha mais nova amiga. Disseram-me, então, que na noite
anterior, seu coração parou durante a noite, e ela adormecera para sempre.
Eu fiquei a pensar se a velhinha
tivesse pegado um motorista mal-educado e raivoso... Oh Deus! E se eu tivesse
recusado a corrida? Ao relembrar, creio que eu jamais tinha feito algo mais
importante na minha vida até então. Em geral nos condicionamos a pensar que nossas
vidas são os objetivos e o futuro; mas ela gira em Grandes Momentos.
Todavia, os Grandes Momentos frequentemente nos pegam
desprevenidos e ficam guardados em recantos que quase todo mundo considera sem
importância, e quando nos damos conta, já passou.
Este é o resumo que fizemos de uma história considerada real, e que nos
leva a pensar em muitos gestos magnânimos de Caridade, de Amor ao Próximo, que
podemos realizar na vida.
As pessoas podem não lembrar exatamente o que você fez, ou o que você
disse, mas, elas sempre lembrarão como você as fez sentir-se.
Jesus nos diz, em Lucas 15,4, que nenhuma de suas ovelhas se perderá. E
ainda: "Eu lhes dou a vida eterna" (João 10,28). Então viva a vida com fé e sem nenhum temor, pois com Jesus você tem a certeza do futuro!
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