“A humildade faz grandes homens” (Mahatma
Gandhi).
Chico
levantara-se cedo e, ao sair, encontra-se com o Flaviano, que lhe diz:
−
Sabe quem morreu? − O Juca, seu ex-patrão. Morreu na miséria, sem ter nem o que
comer...
−
Não!... Coitado!
Chico
enxuga os olhos e pergunta:
−
A que horas é o enterro?
−
Creio que a qualquer hora será levado no rabecão, como indigente...
Chico
medita, emocionado, e pede:
−
Flaviano, faça-me um favor: vá a casa onde ele desencarnou e peça para
esperarem um pouco. Vou ver se lhe arranjo um caixão, mesmo barato.
Flaviano
despede-se e parte.
Chico
Xavier recorda seu ex-patrão, que tanto bem lhe fizera. E ali mesmo, no
caminho, envia uma prece a Jesus.
E,
tirando o chapéu da cabeça e virando-o de copa para baixo, à guisa de sacola,
foi bater de porta em porta, pedindo uma esmola para comprar um caixão para
enterrar o extinto amigo.
Todos
estavam perplexos com o ato de Chico. Nem seu pai conseguiu demovê-lo daquele
petitório...
Um
pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo, é inteirado da nobre ação do
Chico. Esbarra com ele:
−
Por que tanta pressa, Chico?
−
Meu NEGO, eu estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.
−
Seu Juca?! Coitado, tão bom! Espere Chico. Tenho aqui algum dinheiro de esmolas
arrecadado ontem e hoje. E despejou tudo no chapéu do Chico.
Chico
olhou-lhe os olhos lacrimosos, mortos e sem luz. Comoveu-se mais.
−
Obrigado, meu NEGO! Que Jesus lhe pague o sacrifício.
Comprou
o caixão com o dinheiro esmolado. Providenciou e acompanhou o enterro até o
cemitério. E, já tarde, regressou a casa. Tinha vivido um grande dia! Sentou-se
à entrada da porta.
Em
prece muda, agradeceu a Jesus.
Emmanuel
lhe aparece e lhe sorri. O sorriso de seu bondoso Guia lhe diz tudo.
Chico
o entende. Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de si um testemunho de
humildade, de gratidão e de amor ao Divino Mestre.
Nessa
história, relatada por Ramiro Gama, em “Lindos Casos de Chico Xavier”, que
aqui adaptamos, temos dois exemplos de humildade: o peditório de Chico e a
esmola do NEGO cego.
Humildade
tem sido definida como “virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza. Modéstia,
demonstração de respeito, de submissão”.
Mas,
tal definição não corresponde ao verdadeiro sentido da palavra.
Modéstia
é ausência de luxo, é a simplicidade no modo de se apresentar.
Humildade
já é um sentimento interior de respeito ao próximo, de desprendimento das
coisas materiais, de submissão a Deus. Então, não se confunde com modéstia, pois
até o rico pode ter humildade no seu coração.
Humildade
é polo oposto do orgulho e do egoísmo. É uma virtude, um grande sentimento de
amor, mas não de fraqueza.
O
humilde sabe que não sabe, pois reconhece sua pequenez diante da grandeza do
universo e de seu Criador. Tem consciência de que já superou os vícios oriundos
do orgulho e do egoísmo. Não se esconde na mentira e nem usa da falsa modéstia
(hipocrisia). Por isso, é simples no falar, sincero e franco no agir.
É
a humildade que mostra a nossa pequenez. Mas sem a fraqueza, que se confunde
com a covardia. A humildade é firme, é
segura, é corajosa... É a força interior que resiste aos vícios e erros, às
calúnias, injúrias e difamações sem qualquer revolta..., que nos permite sofrer
sem blasfemar, para permanecer no caminho da iluminação espiritual.
Sem
humildade poderemos ser caridosos? Não! Porque é ela que mostra que todos nós somos
iguais na balança divina; que somos irmãos... Ela é uma virtude, um grande sentimento
de amor que nos faz ajudar mutuamente, que nos faz ter gratidão, que nos
encaminha para o Bem... Humildade é ter consciência de quem você é, o que faz
de certo e de errado, e do que pode fazer para servir ao próximo sem pensar em
si mesmo.
Humildade
é um título de nobreza espiritual, que poucos possuem! Lembre-se: da humildade
de Jesus, que o elevou acima de todos os profetas; da humildade de Chico
Xavier, que lhe deu forças para esquecer sua condição social e, por
gratidão, adotar a condição de pedinte a favor de seu semelhante; e, da
humildade do NEGO cego, que nos revela que até um mendigo pode ter uma
grandeza d’alma, que nos possa surpreender!
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