"Não
julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça" (João 7,24).
Ao completar dez anos de formatura, um grupo de amigos, bem sucedidos
em seus empreendimentos, conversando sobre suas vidas decidiram que visitariam o
paraninfo da turma, um velho professor, aposentado, e que fora sempre uma
inspiração para eles.
Durante a visita, o bate-papo se transformou em reclamação sobre os
problemas da vida, sobre o estresse em seus trabalhos e relacionamentos.
Ao oferecer um cafezinho a seus visitantes, o professor foi na cozinha
e retornou com uma garrafa térmica cheia da bebida e uma grande bandeja
contendo xícaras, em tamanhos, modelos e formatos os mais variados: novas,
antigas, bonitas, feias, simples, cromadas, caríssimas, de porcelana, de
cerâmica, de vidro... Então ele convidou
cada um a se servir da bebida.
Quando todos tomavam o cafezinho, o velho e sábio professor
compartilhou seu pensamento:
− Perceberam que vocês escolheram somente as xícaras novas, caras e
bonitas! Perceberam que as xícaras simples, velhas, feias e baratas foram
deixadas na mesa! Embora vocês achem normal desejarem somente as melhores coisas
para si, é aí que está a fonte de seus problemas e estresse. A xícara na qual
você está bebendo, não acrescenta nada à qualidade do café. Na maioria das
vezes, ela é apenas mais cara. Às vezes, ela até esconde o que estamos bebendo.
O que cada um de vocês queria, na verdade, era o cafezinho! Vocês não queriam a
xícara... Mas vocês conscientemente escolheram as melhores. E logo vocês
começaram a olhar uns para as xícaras dos outros.
− Agora meus queridos ex-alunos – continuou o professor –, por favor,
considerem o seguinte... A vida é o bom cafezinho... Seu emprego, seu dinheiro,
e sua posição na sociedade são as xícaras. Às vezes, ao concentrarmos somente
na xícara, deixamos de saborear o café gostoso que Deus tem nos ofertado!
Lembrem-se sempre disto... Deus provê o café. Ele não escolhe a xícara.
E o sábio professor arrematou o seu pensamento, assim:
− Viva simplesmente... Ame generosamente... Cuide-se imensamente...
Fale bondosamente... Deixe o resto com Deus. Aproveite seu bom cafezinho! E lembre-se!
Os mais ricos não são os que têm mais,
mas os que precisam de menos. As pessoas mais felizes não são as que têm o
melhor de tudo. Mas simplesmente as que fazem o melhor de tudo que têm!
Essa sábia lição tem a essência dos ensinamentos do Maior Mestre da Humanidade. Pois aprendemos com Jesus que o que
importa na vida é a qualidade da alma e não a qualidade do corpo.
O nosso corpo físico é a roupagem da alma. Como a xícara, ele é apenas
um vasilhame para o Espírito. Nosso corpo é descartável, mas o Espírito que o
habita é imortal e eterno. O Espírito evoluído é como o bom cafezinho. Tem
qualidade moral. Qualidade esta que transparece na maneira de ser de cada um,
no seu caráter, na sua responsabilidade, no cumprimento do seu dever, no
respeito aos direitos de seus semelhantes, no amor aos menos favorecidos pela
sorte.
O corpo físico, que importa! Pode ser deficiente e daí? Pode ser de
qualquer raça, de qualquer cor, feio ou bonito, forte ou fraco, doente ou
sadio. O que importa é a sua essência interior!
Por ser conhecedor disso, Jesus chamava os soberbos, os poderosos e os
preconceituosos da época de “sepulcros caiados”.
Bonitos por fora, mas podres por dentro. Bonitos de corpo, mas de almas
escurecidas pela ignomínia, pela devassidão, pela corrupção moral.
E ainda ensina, em Mateus (7,1-4):
“1. Não julgueis, e não sereis julgados.
2. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a
medida com que tiverdes medido também vós sereis medidos. 3. Por que olhas a
palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? 4. Como
ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma
trave no teu?”.
Afinal, diz um ditado que “quem vê cara, não vê
coração”. Quem vê o corpo físico não vê a
alma, o espírito. Quem apenas vê a xícara desconhece o sabor de um bom cafezinho.
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