“A maioria
dos preconceitos são reflexos de defeitos não revelados pelos preconceituosos”
(Alberto Pires)
Cícero – da Roma
Antiga – disse que “O rosto é o espelho
da alma”.
O saber popular prega
que “Os olhos são as janelas da alma” ou
que “Os olhos são os espelhos da alma”,
pois eles mostram o que sentimos por dentro.
Alguns dizem que a “A consciência é o espelho da alma”. Outros que “O pensamento é o espelho da alma” ou
até que “A palavra é o espelho da alma”.
Não interessa a expressão. O que importa
é o entendimento de que o ser humano reflete o que ele é por dentro, em
essência, na alma, pois se tal é o homem, tal é o seu rosto e seu olhar; tal é a
sua consciência e a sua maneira de pensar; e, tal é a sua maneira de se
expressar.
Assim como é
impossível que um lago tranquilo mostre em sua profundeza a imagem de qualquer
montanha ou de qualquer árvore que não exista nas suas proximidades; assim como
é impossível que a luz projete na terra a sombra de um objeto que não exista;
assim também é impossível para o espelho de uma alma refletir na imaginação
alguma coisa que não esteja diante dele.
Nada, pois, pode ser visto;
sentido; pensado ou dito, sem ter essência real dentro de si. “A boca fala do que o coração está cheio”,
diz um refrão popular. E Jesus expressa essa verdade quando diz que "Se teu
olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que
está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!” (Mateus 6,23).
O mundo é como um espelho, e reflete o que levamos
dentro de nós. Por isso, nossos preconceitos são reflexos de defeitos não
revelados, que trazemos no imo da nossa alma.
Certo dia um rei chamou ao seu palácio o Mestre Zen
Mulhak – que viveu de 1317 a 1405 – e lhe disse que, para afastar o cansaço e a
tensão do trabalho, queria ter uma conversa. E, comentou:
− Muhak, você parece um grande porco faminto
procurando comida.
− E você, excelência, parece o Buda Sakiamuni
meditando sobre um pico elevado do Himalaia.
O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak, e
perguntou:
− Comparei você a um porco e você me compara ao Buda?
−Excelência – respondeu sorrindo o Mestre Zen –, é que
um porco só pode ver porcos!
A resposta do Mestre Zen indica que refletimos para o
mundo tudo aquilo que somos. Daí a recomendação de Jesus:
"Vê,
pois, que a luz que está em ti não sejam trevas. Se, pois, todo o teu corpo
estiver na luz, sem mistura de trevas, ele será inteiramente iluminado, como
sob a brilhante luz de uma lâmpada". (Lucas 11,35-36).
"Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha,
nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para
colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim,
brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5,14-16).
E Paulo faz as seguintes exortações:
"Porque Deus que disse: Das trevas brilhe
a luz, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que
irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de
Cristo". (II aos Coríntios 4,6).
"Outrora
éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras
luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade" (Ef 5,8-9).
"Aquele
que diz estar na luz, e odeia seu irmão, jaz ainda nas trevas" (I Epístola de João 2,9).
“Hoje vemos
como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço
em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido” (I Coríntios 13,12).
Daí a necessidade de se praticar a lei do perdão para
que nenhuma mancha possa turvar o nosso coração e impedi-lo de ser o espelho de
uma alma iluminada e de refletir a luz de Deus na sua plenitude.
"Vós,
que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de luz" (Eclesiástico 2,10).
"[...]
porque a luz de Deus guiará os seus passos" (Eclesiástico 50,31).
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