“A
causa de todo sofrimento humano está no desejo e no apego” (Buda).
O pequeno Pedro fazia perguntas que
exigiam como respostas, além de muita reflexão, uma boa didática do avô para
ser bem entendido.
Um dia ele perguntou:
− Vovô, por que muitas pessoas sofrem
tanto?... Se elas vão à igreja, rezam... Por que Deus permite que elas
continuem com tantas dificuldades na vida? Será que Ele tem preferência por uma
ou outra pessoa?
O velho pensou, pensou, conjeturou e
depois respondeu:
− Pedro, eu vou tentar explicar isso através
de uma pequena alegoria. Preste atenção! Se não você não vai entender!
− O que é alegoria?
− É uma forma de a gente expressar uma
ideia de forma figurada... A gente fala de uma coisa para dar ideia de outra. Sabe,
Pedro, isso é uma parábola.
− Ah, já sei! Jesus ensinava por
parábolas. Aprendi isso na Igreja.
Relatou-lhe então o avô:
− Certa vez um homem pediu a Deus uma flor e uma borboleta. Mas Deus lhe
deu um cacto e uma lagarta. O homem
ficou triste, pois não entendeu o porquê do seu pedido vir errado. Daí pensou: “Também, com tanta gente para atender... E
resolveu questionar”.
Passado algum tempo, o homem foi verificar
o pedido que deixara esquecido. Para sua surpresa, do espinhoso e feio cacto
havia nascido a mais bela das flores. E a horrível lagarta transformou-se em
uma belíssima borboleta.
− Pedro – continuou o sábio avô –, Deus
sempre age certo. O seu caminho é o melhor, mesmo que aos nossos olhos pareça
estar dando tudo errado. Se você pediu a Deus uma coisa e recebeu outra,
confie. Tenha a certeza de que Ele sempre dá o que você precisa, no momento
certo.
Nem sempre o que você deseja é o que você
precisa. Como Ele nunca erra na entrega de seus pedidos siga em frente sem
murmurar ou duvidar. Pois, o espinho de
hoje será a flor de amanhã.
Aos ensinamentos desta parábola podemos
ainda acrescentar que a dor e o sofrimento são sintomas de alguma coisa que não
vai bem conosco. Se buscarmos a causa disso, vamos descobrir que somos os
senhores dos nossos atos. Sofremos na nossa caminhada pela vida porque muitas
vezes usamos mal o nosso livre-arbítrio.
Deus não tem preferências por esta ou
aquela pessoa. Ele é infinitamente bom e justo. A todos Ele dá infinitos meios
de evoluir. Se nós escolhemos os meios da dor e do sofrimento é
responsabilidade nossa e não culpa de ninguém.
Todo mal é consequência da ignorância.
Quando adquirimos conhecimento das coisas, agimos sempre para não nos
machucarmos, para sermos felizes. Pois o conhecimento leva à sabedoria e esta
por sua vez nos proporciona a paz para viver bem.
Deus permite a dor e o sofrimento tanto
individuais como coletivas, por serem necessárias ao crescimento da humanidade.
Não existe dor que não traga crescimento. E não existe crescimento que não
traga transformação.
A Dor pode ser uma alavanca que escolhemos
para nos arremessar rápido para o mais alto, para uma vida espiritual mais
feliz. E é pra essa vida espiritual (a vida eterna!) que Deus nos prepara.
Estamos vivendo uma época de transição,
apocalíptica, prevista por João Evangelista. Terremotos, vendavais, inundações,
doenças, criminalidade...
Entretanto, essa crise é necessária. Einstein já pensava assim:
A
crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países,
porque a crise traz progressos.
porque a crise traz progressos.
O
inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as
saídas e soluções fáceis.
saídas e soluções fáceis.
Sem
crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem
crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.
Em
vez disso trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que
é a tragédia de não querer lutar para superá-la.
Enfim, a dor, o sofrimento e a crise ajudam a construir um mundo melhor.
Lembre-se: você é uma flor especial da criação divina. E então cante com o Nelson
Cavaquinho, “Tire o sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor. Hoje pra
você eu sou espinho, o espinho não machuca a flor”.