Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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domingo, 21 de fevereiro de 2016

O CACTO E A LAGARTA

“A causa de todo sofrimento humano está no desejo e no apego” (Buda).



O pequeno Pedro fazia perguntas que exigiam como respostas, além de muita reflexão, uma boa didática do avô para ser bem entendido.
Um dia ele perguntou:
− Vovô, por que muitas pessoas sofrem tanto?... Se elas vão à igreja, rezam... Por que Deus permite que elas continuem com tantas dificuldades na vida? Será que Ele tem preferência por uma ou outra pessoa?
O velho pensou, pensou, conjeturou e depois respondeu:
− Pedro, eu vou tentar explicar isso através de uma pequena alegoria. Preste atenção! Se não você não vai entender!
− O que é alegoria?
− É uma forma de a gente expressar uma ideia de forma figurada... A gente fala de uma coisa para dar ideia de outra. Sabe, Pedro, isso é uma parábola.
− Ah, já sei! Jesus ensinava por parábolas. Aprendi isso na Igreja.
Relatou-lhe então o avô:
− Certa vez um homem pediu a Deus uma flor e uma borboleta. Mas Deus lhe deu um cacto e uma lagarta. O homem ficou triste, pois não entendeu o porquê do seu pedido vir errado. Daí pensou: “Também, com tanta gente para atender... E resolveu questionar”.
Passado algum tempo, o homem foi verificar o pedido que deixara esquecido. Para sua surpresa, do espinhoso e feio cacto havia nascido a mais bela das flores. E a horrível lagarta transformou-se em uma belíssima borboleta.
− Pedro – continuou o sábio avô –, Deus sempre age certo. O seu caminho é o melhor, mesmo que aos nossos olhos pareça estar dando tudo errado. Se você pediu a Deus uma coisa e recebeu outra, confie. Tenha a certeza de que Ele sempre dá o que você precisa, no momento certo.
Nem sempre o que você deseja é o que você precisa. Como Ele nunca erra na entrega de seus pedidos siga em frente sem murmurar ou duvidar. Pois, o espinho de hoje será a flor de amanhã.
Aos ensinamentos desta parábola podemos ainda acrescentar que a dor e o sofrimento são sintomas de alguma coisa que não vai bem conosco. Se buscarmos a causa disso, vamos descobrir que somos os senhores dos nossos atos. Sofremos na nossa caminhada pela vida porque muitas vezes usamos mal o nosso livre-arbítrio.
Deus não tem preferências por esta ou aquela pessoa. Ele é infinitamente bom e justo. A todos Ele dá infinitos meios de evoluir. Se nós escolhemos os meios da dor e do sofrimento é responsabilidade nossa e não culpa de ninguém.
Todo mal é consequência da ignorância. Quando adquirimos conhecimento das coisas, agimos sempre para não nos machucarmos, para sermos felizes. Pois o conhecimento leva à sabedoria e esta por sua vez nos proporciona a paz para viver bem.
Deus permite a dor e o sofrimento tanto individuais como coletivas, por serem necessárias ao crescimento da humanidade. Não existe dor que não traga crescimento. E não existe crescimento que não traga transformação.
A Dor pode ser uma alavanca que escolhemos para nos arremessar rápido para o mais alto, para uma vida espiritual mais feliz. E é pra essa vida espiritual (a vida eterna!) que Deus nos prepara.
Estamos vivendo uma época de transição, apocalíptica, prevista por João Evangelista. Terremotos, vendavais, inundações, doenças, criminalidade...
Entretanto, essa crise é necessária. Einstein já pensava assim:
A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países,
porque a crise traz progressos.
O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as
saídas e soluções fáceis.
Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.
Em vez disso trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.
Enfim, a dor, o sofrimento e a crise ajudam a construir um mundo melhor.
Lembre-se: você é uma flor especial da criação divina. E então cante com o Nelson Cavaquinho, “Tire o sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor. Hoje pra você eu sou espinho, o espinho não machuca a flor”.



sábado, 13 de fevereiro de 2016

ABRA SUA JANELA

“Um líder corrige sem ofender e orienta sem humilhar” (Mário Sérgio Cortella).



Um casal mudou-se para um bairro muito tranqüilo. Na primeira manhã na casa, enquanto tomava café, a mulher reparou através da janela que uma vizinha pendurava lençóis no varal.
− Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo... Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
O marido olhou e ficou calado.
Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava os lençóis no varal e a mulher comentou com o marido:
− Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar roupas!
E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.
Passado um mês, ela se surpreendeu ao ver os lençóis sendo estendidos e, empolgada, foi dizer ao marido:
− Veja, ela aprendeu a lavar roupas! Será que a outra vizinha ensinou? Porque eu não fiz nada!
O marido, calmamente, respondeu:
− Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!
Esta história nos leva a uma reflexão sobre a atitude de se criticar as pessoas.
Mas, o que é a crítica? A Crítica é a observação específica referente a determinado comportamento de uma pessoa ou de uma sociedade.
Ela é Positiva, quando reforça o comportamento observado; e Negativa, quando visa corrigir ou melhorar o comportamento ou desempenho insatisfatório, de baixa qualidade.
O que importa é que a Crítica seja Construtiva. Embora se diga que não existe Crítica Construtiva – porque ela sempre vai provocar descontentamento.
Madre Teresa de Calcutá dizia: “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”. E talvez, por isso, enfatizasse que “A crítica é o câncer do coração”. Para ela “As críticas não são outra coisa que orgulho dissimulado. Uma alma sincera para consigo mesma nunca se rebaixará à crítica.”.
Todavia, com uma pequena dose de tolerância, é possível se descobrir um lado bom da crítica. Basta para isso analisar a situação, com profundidade e sem animosidade, para ficar bem claro o quê, no comportamento e desempenho, precisa ser mudado, e por quê.
Essa tolerância pode ser assim expressa: “baldes”, “copos”, “cálices”. Os baldes estão totalmente abertos à crítica; os copos nem tanto; os cálices menos ainda. Então, para cada tipo de pessoa uma postura diferente.
Deve-se considerar também que na captação da mensagem: 7% referem-se às palavras; 38% referem-se à voz e ao seu volume; e 55% referem-se à linguagem corporal – os gestos e expressão do rosto.
Para uma Crítica Construtiva se deve, então, levar em conta os referidos percentuais de linguagem, ser tolerante e esperar o momento oportuno para a observação ser feita. E é essencial que a pessoa, primeiro, compreenda qual é o ponto. Depois que ela aceite que haja um problema. E, finalmente, que ela aceite que haja necessidade de mudar.
Se quisermos mudar comportamentos – principalmente, de pessoas queridas – é importante a gente se concentrar apenas no que deve ser mudado, evitando qualquer comentário sobre a pessoa.
Nunca forçar alguém a mudar seu comportamento; mas somente ajudá-la e encorajá-la, porque só ela pode efetivamente executar a mudança.
O que importa com a Crítica é o crescimento da pessoa ou do grupo.
Porém, ao criticar não se esqueça do sábio conselho de Jesus:
“... com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medido”.
E não se esqueça, ainda, que tudo depende do vidro da janela, através da qual observamos os fatos. Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir. Verifique seus próprios defeitos e limitações. Devemos olhar, antes de tudo, para nossa própria casa, para dentro de nós mesmos.
Tire o cisco de seu olho! Lave sua vidraça! Abra sua janela!

E quando você for o criticado, lembre-se: É preferível ser “vidraça” e participar do processo de mudanças, do que ficar só atirando pedras.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A ÚNICA MUDANÇA POSSÍVEL!

“Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem” (Chico Xavier).



O discípulo chegou ao mosteiro e perguntou ao mestre:
− Como faço para viver bem com as pessoas? Não suporto gente mentirosa... Não tolero invejosos... Às vezes penso que não sou deste mundo...
Pacientemente, o mestre disse:
− O mundo é o que é; ele não muda em função das suas emoções. Não há como mudar as pessoas... A única mudança possível é a de si mesmo. Tudo o que você pode fazer é aprender a viver como as flores...
− Mas, como é possível a um ser humano viver como um vegetal?
Disse o mestre:
− Apenas observe a Flor de Lótus... A Flor de Lótus nasce num local imundo, cercada de lama e mau cheiro... No entanto, floresce da forma mais espetacular que existe: completamente pura, sem se deixar contaminar...
− Assim também deve acontecer com o ser humano – continuou o mestre. Nosso semelhante é um templo sagrado, que deve ser protegido de qualquer julgamento. As pessoas agem e reagem de acordo com seu grau de evolução. Não se deve pedir a uma pessoa mais do que ela pode dar... A expectativa aprisiona e traz sofrimento para as duas partes.
Rejeitar todo o mal que vem de fora. Florescer, florescer e florescer... Isso é viver como as flores!
Esta mensagem intitulada VIVER COMO AS FLORES, que pode ser acessada pela rede Wi-Fi, nos mostra como se relacionar com o próximo para melhorar o mundo em que vivemos.
O ser humano cresce com os golpes duros da vida, mas cresce muito mais com os toques suaves do amor. Quando tocamos o coração de uma pessoa ela se transforma. Pois o amor é uma fonte inesgotável de energia transformadora. O amor nunca envelhece, mas se renova, constantemente, nos atos e gestos de fraternidade.
Cada ser humano guarda em si um universo de conhecimentos adquiridos nas jornadas pela eternidade afora. Por isso, ele é único na sua forma de ser. É singular, diferente, inigualável, cheio de si próprio, e não pode ser moldado pelos nossos paradigmas.
Se o ser humano possui qualidades, virtudes, vícios e defeitos diferentes uns dos outros, não podemos de forma alguma exigir de ninguém qualidades que essa pessoa não tem. Até porque ela pode ter muitas outras qualidades que nós não temos! A única coisa que podemos fazer então é dar-lhe amor para que adquira com mais facilidade as qualidades que ainda não tem.
Se amar ao próximo é um mandamento deixado por Jesus, temos, então, que ser paciente; prudente e indulgente com o nosso semelhante.
Paciente, para entender que ninguém dá o que não tem! Para saber que todo ensinamento deve ser proporcional à inteligência de quem o recebe. Não podemos ensinar física quântica a quem ainda está no ensino fundamental! Nem exigir conhecimentos de matemática avançada de quem só sabe aritmética elementar! E não podemos julgá-lo por isso, pois somente a pessoa pode ser o agente da sua própria transformação.
Prudente, para momentaneamente calar, entendendo que cada coisa virá a seu tempo, pois a semente lançada a terra, fora do tempo, não produz. Entendendo também que a luz muito forte ofusca sem nada esclarecer; e que, por isso, a verdade somente deve ser revelada gradualmente.  
E, indulgente, cheio de bondade, brandura e amenidade no coração, para aceitar o nosso irmão como ele é, sendo tolerante e até mesmo condescendente com seus erros... E com muito amor e disposição para desculpá-lo ou perdoá-lo!
Kalil Gibran, referindo-se à educação dos filhos, descreveu numa poesia toda essa estratégia interacional, dizendo:

Vossos filhos não são vossos / São filhos e filhas da vida, que anseiam por si próprios / Vêm através de vós, mas não de vós / E embora convosco, não vos pertencem / Podeis dar-lhes vosso amor, mas não os vossos pensamentos / Pois habitam o dia do amanhã, que não visitareis nem mesmo em sonhos / Vós sois os arcos de que como flechas vossos filhos são disparados / Que vossa mão na mão do arqueiro seja para a alegria!...