Aquecendo a Vida

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sábado, 15 de agosto de 2015

CONTRA QUEM LUTAMOS

"Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade" (Mateus 23: 28).



Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse:
− Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.
Respondeu-lhe o Senhor:
− Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada.
Esse diálogo do evangelho de Lucas – capítulo 10, versículos 38 a 42 –, requer alguns questionamentos para sua melhor compreensão: “Qual é a única coisa necessária? Qual é a boa parte da vida? Existe uma parte que não é boa?”.
Quando Jesus diz que uma só coisa é necessária, está se referindo à nossa evolução moral. Essa é a boa parte da vida escolhida por Maria e que não lhe será tirada, porque é eterna.
As preocupações do cotidiano, como as de Marta, terminam com a morte do corpo. Por isso, elas não são consideradas pelo Mestre como uma boa parte!
A boa parte é aquela, pois, que liberta a criatura das paixões humanas – estreitos grilhões que se enroscam na carne. É a que prepara para se viver na pátria eterna, além da morte do corpo.
Diz Paulo na primeira epístola a Timóteo, capítulo 1, versículo 15: "Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de fé: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro".
Se Paulo se considerava um pecador o que se dirá dos demais? Todos nós temos iniquidades a vencer! Por isso que viver é uma atividade pedagógica.
A vida cristã é uma batalha. Estamos, pois no mundo para aprender a superar nossos defeitos e progredir moralmente. Esta é a “boa parte” a que o Senhor se refere, a qual implica em mudanças, transformações... São lutas da alma, encarcerada no corpo físico, que precisa se renovar interiormente para seguir o caminho do Bem, da Justiça, do Amor...
Mas contra quem lutamos?
Um Ermitão, que vivia na solidão por amor a Deus, para dedicar-se somente à oração e à penitência, muitas vezes reclamava que tinha muito que fazer...
Perguntaram-lhe como era possível que na sua solidão, tivesse tanto trabalho.
− Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e sujeitar um leão.
− Não vemos nenhum animal perto de onde vives. Onde estão estes animais?
O Ermitão então explicou:
− Estes animais, todos os homens têm. Vocês também os têm!
Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, seja bom ou mau! Tenho que domá-los para que só se fixem sobre “uma” boa presa! São os MEUS OLHOS!
As duas águias, ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis e ajudem sem ferir. São as MINHAS MÃOS!
Os dois coelhos, querem ir aonde lhes agrada. Fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades... Tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático, ou desagradável. São os MEUS PÉS!
O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mas se abre a janela, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não as vigio de perto causa danos. É a MINHA LÍNGUA!
O burro é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia. É o MEU CORPO!
Finalmente, preciso sujeitar o leão... Ele sempre quer ser o rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso! É o MEU CORAÇÃO!
Portanto, há muito que se fazer! Aprendamos a visitar diariamente as jaulas do nosso zoológico para domar as feras que habitam em nós, pois não adianta ignorá-las!

"É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia" (2 Cor 4: 16).

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