“O tempo que você
gosta de perder não é tempo perdido”.
(Bertrand Russel)
Num certo dia, um empregado apresentou-se numa fazenda
pedindo trabalho. Como existia vaga, acertaram o preço e o novo empregado
iniciou o trabalho no dia seguinte. Recebeu do patrão um machado bem afiado e a
ordem de iniciar a derrubada do arvoredo.
Como é de costume nestes casos, o operário faria um
período de experiências.
Passado uns dias, o patrão foi examinar o trabalho de
seu novo empregado. Este, no primeiro dia, derrubou 200, no segundo dia
derrubou 150. Mas, no terceiro dia foi ainda pior, baixou para 130.
Intrigado, o patrão quis saber se o empregado vinha
trabalhando menos. Por acaso chegara ele mais tarde? Não, ele estava chegando
mais cedo.
Então ele estaria demorando mais entre um golpe e
outro do machado? Não ele estava batendo cada vez mais ligeiro... Tudo parecia
um mistério, quando o patrão olhou o machado, bastante judiado, perguntou então
ao empregado quantas vezes afiara o machado.
“Estive tão ocupado em derrubar árvores, que não tive
tempo de afiar o machado...” – respondeu calmamente o empregado.
Tomei conhecimento do referido texto – cujo autor se
desconhece – há alguns anos, quando amanhecia trabalhando, em casa, para
resolver problemas da Delegacia de Ensino de Itararé. E descobri que quanto
mais trabalhava mais erros cometia. Refleti muito sobre o assunto e percebi que
a gente precisa realmente de descanso.
Descanso não se pode confundir com ociosidade. O
descanso é um momento necessário depois de um trabalho estafante e que, muitas
vezes, nos ajuda a ganhar tempo. Não é ociosidade e pode ser um momento
precioso de criatividade.
É no momento de descanso que o nosso cérebro – a
máquina de processamento mais perfeita e poderosa do universo – manipula,
recupera, transforma e produz novas informações a partir dos dados iniciais.
É nesse momento que entra a intuição e temos então
aquele repentino insight – que é um discernimento instantâneo do
problema. Podemos então gritar: heureca! Tal qual Arquimedes – o grego
mais notável da antiguidade.
Conta a lenda, que durante um banho, Arquimedes
descobriu que seu corpo deslocava um volume de água proporcional ao peso. E foi
assim que descobriu a sua famosa teoria dos corpos flutuantes.
Na vida, por vezes imitamos o cortador de árvores.
Queremos resolver as nossas atividades rapidamente e nos preocupamos tanto, que
acabamos produzindo pouco. Esquecemos de afiar o machado e isso acontece em
todas as profissões.
Todos nós, de tempos em tempos, precisamos parar e
rever nosso trabalho, nossos métodos, sacudir o pó da rotina. Em outras
palavras, precisamos afiar o machado de vez em quando. Caso
contrário, estaremos produzindo cada vez menos, com um trabalho cada vez mais
estafante.
Talvez seja por isso que o Grande Arquiteto do
Universo, se manifestando a Moisés de forma sobrenatural no Monte Sinai,
revelou-lhe os Dez Mandamentos – que mudariam a história da humanidade –,
contendo um muito especial, relacionado com o descanso, necessário para se
obter uma vida digna e de muito sucesso: “Lembra-te do dia do Sábado para
santificá-lo”.