Aquecendo a Vida

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segunda-feira, 3 de junho de 2013

CARGO DE CONFIANÇA

“A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio”.



“Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa”, disse Confúcio, com muita sabedoria.
Confiança, pois, é tudo no exercício de qualquer atividade! É, sem dúvida, um dos pilares do progresso!
Por isso, quando da elaboração da Lei Orgânica, a votação da proposta para o motorista do Prefeito ser cargo de Confiança, em Comissão, de livre nomeação e exoneração, gerou polêmica.
Mas, por que a polêmica?
O lado da proposta defendia que o motorista tinha que ser uma pessoa da mais ABSOLUTA CONFIANÇA do seu Chefe. Pois o motorista fica sabendo de muitos segredos da administração e tem que ser sigiloso... Um túmulo! Muda-se o Chefe muda-se o motorista!
Todavia, a proposta embora aprovada, foi mais tarde considerada inconstitucional e suprimida da Lei Municipal, pois a Lei Maior exige concurso público. O Executivo de qualquer poder público deve acreditar na boa fé do profissional que assume essa função.
Conheço muitos motoristas que justificam essa CONFIANÇA. São verdadeiros heróis do volante. Heróis sim! Porque acompanhando seu chefe trabalham muitas horas a mais e, às vezes, até dormem dentro do carro. Mantêm sempre uma postura ética do cargo, trabalhando o tempo todo com olhos que não vêem e ouvidos que nada ouvem!
Dentre tantos assim, sempre cito o Rubens Antunes e João Antonio Carmo.
O Rubens foi meu motorista quando exerci os cargos de Delegado de Ensino e Dirigente Regional da Diretoria de Ensino de Itararé. E o Carmo, quando exerci o cargo de Secretário Municipal da Educação. O Carmo atualmente é o motorista da Prefeita.
Aos dois a minha eterna gratidão! Especialmente, pela liberdade de interação, nos momentos de alegria.
O Rubens Antunes teve oficializada a sua aposentadoria no dia 14/05/2013.
Em comemoração a esse fato vou lembrar uma história, que inventei para homenageá-lo, e que ficou na memória de muitos, por ser contada sempre em momentos de lazer e descontração.
Certa vez o Aristeu Adão Duarte, Supervisor de Ensino, foi convocado para uma palestra de matemática na cidade de Apiaí. Saíram cedo. O Rubens pegou o caminho mais curto, de difícil acesso. Estrada de terra, cheia de curvas...
Devido aos solavancos, o Aristeu começou a sentir mal, com ansiedade, dores de cabeça... Deitou o banco pra ver se melhorava. Mas nada! Chegou a Apiaí num bagaço! Vendo o olhar preocupado do Rubens, disse:
− Rubens você tem assistido sempre as minhas palestras e me ajuda tanto... Talvez você possa me ajudar agora!
− Pode contar comigo “seu” Aristeu!
− Sabe Rubens, não tenho condições de fazer essa palestra, mas você vai resolver essa parada pra mim!
− Mas eu não sou professor, seu Aristeu. Sou apenas motorista.
− Não tem problema, Rubens! Eles não me conhecem. Você se apresenta no meu lugar. E é só acompanhar a leitura das apostilas.
− Ih! Isso é perigoso... E se me perguntam alguma coisa que não sei?
− Não fique nervoso. Mande-os tirarem a dúvida no resumo final. Lá tem todas as respostas.
Lá se foi o Rubens em socorro do amigo. E agora, investido de Supervisor de Ensino, foi bem recebido por todos. Feitas as apresentações, ele camuflado na função foi distribuindo as apostilas de Matemática e determinando as leituras dos tópicos principais do Manual, conforme a orientação do Aristeu.
No final da reunião, surge o imprevisto. Uma dúvida é levantada na solução de um problema. E daí... E agora Rubens, o que fazer?
Ele amarelou, mas não se exasperou, e titubeando disse:
− Isso é muito fácil! Qualquer um sabe! Quer ver? Até meu motorista é capaz de resolver essa questão!
Foi até a porta e gritou:
− Ó Rubens! Vem cá, resolva esse problema para nossos colegas!
E para sua alegria, o Aristeu, que percebeu o seu apuro, já se passando por motorista da Diretoria de Ensino, entrou na sala e resolveu o problema com muita inteligência. Todos ficaram admirados!
Na volta riram tanto, que o Aristeu até sarou.



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