“Coloque a lealdade e a confiança acima de
qualquer coisa”, disse Confúcio, com muita
sabedoria.
Confiança,
pois, é tudo no exercício de qualquer atividade! É, sem dúvida, um dos pilares
do progresso!
Por isso, quando da
elaboração da Lei Orgânica, a votação da proposta para o motorista do Prefeito
ser cargo de Confiança, em Comissão, de livre nomeação e exoneração, gerou
polêmica.
Mas, por que a polêmica?
O lado da proposta defendia
que o motorista tinha que ser uma pessoa da mais ABSOLUTA CONFIANÇA do seu
Chefe. Pois o motorista fica sabendo de muitos segredos da administração e tem
que ser sigiloso... Um túmulo! Muda-se o Chefe muda-se o motorista!
Todavia, a proposta embora
aprovada, foi mais tarde considerada inconstitucional e suprimida da Lei
Municipal, pois a Lei Maior exige concurso público. O Executivo de qualquer
poder público deve acreditar na boa fé do profissional que assume essa função.
Conheço muitos motoristas
que justificam essa CONFIANÇA. São verdadeiros heróis do volante. Heróis sim!
Porque acompanhando seu chefe trabalham muitas horas a mais e, às vezes, até
dormem dentro do carro. Mantêm sempre uma postura ética do cargo, trabalhando o
tempo todo com olhos que não vêem e
ouvidos que nada ouvem!
Dentre tantos assim, sempre
cito o Rubens Antunes e João Antonio Carmo.
O Rubens foi meu
motorista quando exerci os cargos de Delegado de Ensino e Dirigente Regional da
Diretoria de Ensino de Itararé. E o Carmo, quando exerci o cargo de Secretário
Municipal da Educação. O Carmo atualmente é o motorista da
Prefeita.
Aos dois a minha eterna
gratidão! Especialmente, pela liberdade de interação, nos momentos de alegria.
O Rubens
Antunes teve oficializada a sua aposentadoria no dia 14/05/2013.
Em comemoração a esse fato
vou lembrar uma história, que inventei para homenageá-lo, e que ficou na
memória de muitos, por ser contada sempre em momentos de lazer e descontração.
Certa vez o Aristeu Adão
Duarte, Supervisor de Ensino, foi convocado para uma palestra de matemática na
cidade de Apiaí. Saíram cedo. O Rubens pegou o caminho mais curto, de difícil
acesso. Estrada de terra, cheia de curvas...
Devido aos solavancos, o
Aristeu começou a sentir mal, com ansiedade, dores de cabeça... Deitou o banco
pra ver se melhorava. Mas nada! Chegou a Apiaí num bagaço! Vendo o olhar
preocupado do Rubens, disse:
− Rubens você tem
assistido sempre as minhas palestras e me ajuda tanto... Talvez você possa me
ajudar agora!
− Pode contar comigo “seu”
Aristeu!
− Sabe Rubens, não tenho
condições de fazer essa palestra, mas você vai resolver essa parada pra mim!
− Mas eu não sou
professor, seu Aristeu. Sou apenas motorista.
− Não tem problema,
Rubens! Eles não me conhecem. Você se apresenta no meu lugar. E é só acompanhar
a leitura das apostilas.
− Ih! Isso é perigoso... E
se me perguntam alguma coisa que não sei?
− Não fique nervoso.
Mande-os tirarem a dúvida no resumo final. Lá tem todas as respostas.
Lá se foi o Rubens em
socorro do amigo. E agora, investido de Supervisor de Ensino, foi bem recebido
por todos. Feitas as apresentações, ele camuflado na função foi distribuindo as
apostilas de Matemática e determinando as leituras dos tópicos principais do
Manual, conforme a orientação do Aristeu.
No final da reunião, surge
o imprevisto. Uma dúvida é levantada na solução de um problema. E daí... E
agora Rubens, o que fazer?
Ele amarelou, mas não se
exasperou, e titubeando disse:
− Isso é muito fácil!
Qualquer um sabe! Quer ver? Até meu motorista é capaz de resolver essa questão!
Foi até a porta e gritou:
− Ó Rubens! Vem cá,
resolva esse problema para nossos colegas!
E para sua alegria, o
Aristeu, que percebeu o seu apuro, já se passando por motorista da Diretoria de
Ensino, entrou na sala e resolveu o problema com muita inteligência. Todos
ficaram admirados!
Na volta riram tanto, que
o Aristeu até sarou.
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