Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A VIDRAÇA DA INTOLERÂNCIA

“Nada mais tolo que o orgulho, nada mais duro e odioso que a intolerância, nada mais perigoso ou ridículo do que a vaidade” (Rui Barbosa).


Um monge, de muita sabedoria, passeava pelos jardins do mosteiro, quando foi procurado por um aprendiz.
− Eu gostaria mestre, que o senhor me desse só um minuto de sua atenção.
− Pode falar – disse o mestre, olhando para ele fixamente.
− Os meus colegas de classe vivem a zombar de mim, me perseguindo com seus gracejos e insinuações maldosas. Chegam às vezes a me agredirem fisicamente com brincadeiras grosseiras.
O jovem fez uma pausa, olhando interrogativamente para seu mestre.
− Continue – mandou o mestre.
− Senhor, eu quero trocar de classe – pediu timidamente. − Talvez assim eles me deixem em paz.
O mestre, depois de permanecer em silêncio por algum tempo, olhando vagamente, como se estivesse distante, baixou o olhar tranqüilo e disse ao aluno, que muito nervoso aguardava uma resposta:
− Está vendo aquela grande janela envidraçada, ali adiante?
A pouca distância dos dois, situava-se uma das paredes do mosteiro, onde se podia ver uma grande janela, guarnecida de vidro transparente. O jovem olhou espantado para a janela e respondeu:
− Estou vendo, mestre.
− Meu filho, pegue esta pedra e atire-a com força na janela.
− Mas vai quebrar o vidro, mestre.
− Não tem importância, o mosteiro vai passar por reformas!
Ele, então, sem compreender aquela ordem do mestre, jogou a pedra, que bateu no vidro e quebrou-o completamente, fazendo grande barulho.
− E agora, mestre? – perguntou espantado.
− Ache outra pedra, meu filho, e atire-a na mesma janela.
O jovem obedeceu e a pedra atirada, não encontrando obstáculo algum, passou pela moldura de madeira.
− Viu – disse o mestre –, quem aspira à perfeição deve ser uma janela sem vidros. As pedras da injúria, da maledicência, do ódio, da inveja e dos males terrenos não conseguem atingir, apenas transpassam, sem encontrar resistência do vidro da janela, que representa a nossa intolerância.
O sábio monge, ignorando completamente a presença do discípulo, continuou seu passeio, em passadas calmas pelo jardim.

O preconceito é uma forma de discriminação. Um bom exemplo disso é o racismo que atualmente ainda é, infelizmente, motivo de violência.
E o preconceito é um dos motivadores da intolerância, que leva à discriminação seja ela por questão cultural, religiosa, étnica... E até por discriminação política!
Após o pleito municipal, fiquei pensando nas difamações e em todas as formas intencionais e repetitivas de atividades agressivas (psicológicas, verbais, físicas...) e discriminatórias, que sofrem os candidatos durante e após a campanha eleitoral – verdadeiro bullying eleitoral. E foi pensando nisso que me lembrei da história acima, que li algures.
É uma história que pode até revelar um grande conformismo para alguns. Mas, para quem pensa com a mente mais aberta, ela revela sim preciosos ensinamentos. Não custa colocá-los em prática, pois os resultados são surpreendentes!
E serve também para amenizar as dores daqueles que sofrem com o bullying escolar.

 “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos” (Mahatma Gandhi).

domingo, 25 de novembro de 2012

VENCEDORES E DERROTADOS

"Os Covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam, os vencedores nunca desistem." (Normam Vicent Peale).


Um político pode ser um Vencedor ou um Derrotado dependendo da maneira como reage aos resultados das urnas. Pensando nisso, elaboramos 15 lições que indicam aqueles que terão uma carreira política promissora ou fracassada.

1ª LIÇÃO − O político VENCEDOR quando perde uma eleição, diz: “Me enganei”, e aprende a lição. Já o político que perde uma eleição e diz: “A culpa não foi minha”, e responsabiliza terceiros, será sempre um DERROTADO.

2ª LIÇÃO − Um político VENCEDOR sabe que a adversidade é o melhor dos mestres. Um político DERROTADO se sente vítima perante uma adversidade.

3ª LIÇÃO − O político VENCEDOR sabe que o resultado das urnas depende de si mesmo, enquanto o DERROTADO se acha perseguido pelo azar.

4ª LIÇÃO − Será um VENCEDOR aquele que trabalha muito e arranja sempre tempo para si próprio. Será um DERROTADO quem está sempre “muito ocupado” e não tem tempo sequer para sua família.

5ª LIÇÃO − O político VENCEDOR enfrenta os desafios um a um. Já aquele que contorna os desafios e nem se atreve a enfrentá-los será sempre um DERROTADO.

6ª LIÇÃO − Um político VENCEDOR se compromete, dá a sua palavra e cumpre. Um político DERROTADO faz promessas, não se esforça e quando falha só sabe se justificar.

7ª LIÇÃO − Um VENCEDOR sabe que é bom, mas deseja ser melhor ainda. Um DERROTADO não se acha tão bom assim e se justifica dizendo “há muitos piores que eu”.

8ª LIÇÃO − O político que tem um espírito de VENCEDOR ouve, compreende e responde. Enquanto que o DERROTADO não espera que chegue a sua vez de falar.

9ª LIÇÃO − Um político VENCEDOR respeita os que sabem mais e procura aprender algo com eles. Um político com tendência a ser DERROTADO resiste a todos os que sabem mais e apenas se fixa nos defeitos deles.

10ª LIÇÃO − O político VENCEDOR se sente responsável por algo mais que o seu trabalho. Enquanto que o DERROTADO não se compromete nunca, e diz sempre: “Faço a minha parte e é quanto basta”.

11ª LIÇÃO − Um político VENCEDOR sabe que é PARTE DA SOLUÇÃO e diz: “Deve haver uma melhor forma de fazer isso...”. Um político DERROTADO é PARTE DO PROBLEMA, pois só sabe dizer: “Sempre fizemos assim. Não há outra maneira”.

12ª LIÇÃO − O VENCEDOR vê o passado olhando para o futuro, é um iluminado, vê sempre o lado positivo das coisas e fica agradecido pela sua votação. O DERROTADO vê só o que é passado, é mal agradecido, e não passa de um fogão sem lume.

13ª LIÇÃO − O político VENCEDOR apresenta PROPOSTAS DE GOVERNO para desenvolver a sociedade. Já o que tem jeito de DERROTADO quer ganhar desnudando seus concorrentes.

14ª LIÇÃO − Enquanto o VENCEDOR consegue “ver a parede na sua totalidade”, o político DERROTADO fixa o olhar apenas “no azulejo que lhe cabe colocar”. Assim, o VENCEDOR é aquele que vê a política na plenitude de sua função, ao contrário do DERROTADO que olha apenas para o resultado de um pleito eleitoral.


15ª LIÇÃO − Enquanto o candidato DERROTADO parte para a desforra, o político VENCEDOR acredita no provérbio que diz “Se a FORÇA faz vencedores, a CONCÓRDIA faz invencíveis”. Por isso, depois de uma derrota eleitoral não se exaspera; não se vinga; não tira desforra de ninguém; pois sabe que os adversários de hoje poderão ser seus correligionários no futuro. E se comete um revanchismo qualquer irrefletidamente no calor da derrota, tem a humildade de procurar e se retratar perante seus oponentes.

A história é escrita pelos vencedores (George Orwell).

domingo, 18 de novembro de 2012

VITÓRIA DE PIRRO

“A derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa”


Para aqueles que disputam uma eleição e são derrotados nas urnas cabe muito bem a frase: “Não venci todas as vezes que lutei. Mas perdi todas as vezes que deixei de lutar”. Podem parecer derrotados, mas na realidade não o são. São, sim, verdadeiros heróis!
Digo isso porque entendo que saíram do anonimato deixando o conforto de seus lares, o sigilo de sua vida particular e o controle de seus bens, para se dedicar a uma causa justa: combater a corrupção, a incompetência administrativa e levar esperança de melhores dias à população.
O abandono da questão ética representa enorme perigo à democracia.
Por isso, esses candidatos deram a cara pra bater em defesa de valores éticos, sem medo de cair no ridículo, buscando os votos conscientes para superar a alienação daqueles que mandam às favas a ética em troca de migalhas. Pois eles sabem muito bem que votar com o bolso representa o caminho da servidão.
Se um terço somente dos eleitores vence a eleição, então é vitória da minoria. E parece que a minoria “vence perdendo”, pois mantém as coisas como estão à custa do sacrifício de tantos valores e princípios. Portanto, se a minoria venceu a maioria não levou!
A que custo vai essa gente se manter no poder? A resposta é bastante clara: ao custo de enfraquecer bastante a nossa jovem democracia. Por isso entendo que nossa lei eleitoral precisa mudar. Já se torna imperioso o segundo turno em todas as eleições municipais.
Pra muitos, a vitória da minoria representa apenas “Vitória de Pirro”.
Expressão que passou a ser utilizada em qualquer contexto que descreve uma situação potencialmente causadora de prejuízos irreparáveis.
“Vitória de Pirro” é expressão popular que significa: obter uma vitória, mas pagando um preço muito alto por ela.
E que pode, no caso de vitória eleitoral, significar: situação caótica nas finanças, serviços públicos precários, mais escândalos, mais corrupção!...
A conquista eleitoral que pode então ser conhecida como “Vitória de Pirro”, na verdade, não passa de uma tremenda derrota da maioria da população.
Pirro foi Rei de Édipo, nascido mais ou menos em 318 a.C. e célebre pelo seu combate aos romanos. Teve algumas vitórias, mas tão caro custaram ao seu reino que ele próprio respondeu a um dos generais, que o felicitavam: “Mais uma dessas vitórias, e estou perdido”.
 “Vitória Pírrica” é, sem dúvida, um duro golpe, que a população certamente não agüentará outro semelhante. 
Por isso, para aqueles que aparentemente “perderam nas urnas” o fracasso deve ser visto apenas como a derrota de uma batalha. A luta continua...
Há outros campos de batalhas para quem se esforça pela transformação social. Nada de desânimo! Há muito que fazer ainda na nossa sociedade.
 Continuem lutando! A batalha perdida serve para correção de rota.
Como já disse Chico Xavier (o maior brasileiro de todos os tempos!): “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
Os candidatos derrotados nas urnas me fazem lembrar a atitude de um personagem de uma antiga história.
Conta-se que um rei colocou uma pedra enorme no meio de uma estrada. E ficou escondido, observando se alguém tiraria a imensa rocha do caminho.
Alguns mercadores e homens muito ricos do reino passaram por ali e simplesmente deram a volta pela pedra.
Alguns, por isso, até esbravejaram contra o rei, mas, nenhum deles tentou sequer mover a pedra dali.
De repente, passa um camponês com uma boa carga de vegetais. Ao se aproximar da pedra, ele pôs de lado a sua carga e tentou remover a rocha dali.
Após muito suor, finalmente ele conseguiu mover a pedra para o lado da estrada e depois voltou a pegar a sua carga de vegetais; mas notou que havia uma bolsa no local onde estava a pedra.
A bolsa continha muitas moedas de ouro e uma nota escrita pelo rei que dizia que o ouro era para a pessoa que tivesse removido a pedra do caminho.
O camponês aprendeu o que muitos de nós ainda nunca entendemos:
“Todo obstáculo contém uma oportunidade para melhorarmos nossa condição”.


domingo, 28 de outubro de 2012

O TOK DE SANFONA DE WALTER MAZORCA


“Salve o sol dessas sanfonas / Que pra essa vida empurrou / A mim e a meu companheiro / Que o destino juntou” (Gilberto Gil)


A música é uma arte que deve ser levada a sério. Não apenas pelo respeito que o público merece, mas porque ela é a terapia da alma. Pois, combina sons e pausas em acordes harmônicos que acalmam, levantam o astral e revitalizam corações nos colocando em sintonia com as energias mais sublimes, que fluem do grande estuário divino.
O verdadeiro músico é aquele que interpreta exemplarmente e com alma uma melodia. Aquele que toca mecanicamente um instrumento mata o repertório e a própria alma e não pode, pois, ser reconhecido como músico.  
Conheço alguns que judiam da sanfona, assassinando o repertório; porém há muitos sanfoneiros que podem ser considerados verdadeiros músicos e que merecem um reconhecimento público.
Alguns, de saudosa memória para os itarareenses, e que – sem a nossa permissão – partiram para o Reino do Pai Eterno.
Que saudades do Mestre Ataliba, do Zé Diniz, Barbosinha, João Barbosa, Ortivino (de Santa Cruz), Tio Zico (pai do Marquinhos do Supermercado da Vila Osório), Herculano (Barbeiro), José Edilson Lopes, Mamede Abraão!...
Para o nosso amigo Gilberto Cortes e muitos outros conterrâneos, a nossa maior expressão musical ainda é o saudoso Paschoal Melillo – autor do baião CUCO, gravado pelo famoso Trio Paschoal Melillo (Oswaldo Argento / Melillo / Plínio Metropólo). Um clássico brasileiro, em Discos Copacabana, que ainda faz sucesso na TV e no Rádio.
Dentre os sanfoneiros que ainda convivem conosco aqui em Itararé, eu menciono apenas como referência os meus parceiros em alguns eventos, tais como: Santos Galdino, Carijó (de Santa Cruz dos Lopes), Joinha (Pipoqueiro), Jorinha, Tchê Loco (Claudinei), Hilarino, Anderson e o Alceu (Santa Cruz) irmão do Jora da Cofesa.
Todavia, há um toque que muito me impressiona e que profundamente me marca. É o Tok de Sanfona de WALTER MAZORCA.
Dentre as muitas coisas da lida do nosso conterrâneo Walter Mazorca, o que pra mim ele mais sabe fazer é tocar bem uma gaita 120 baixos, seja Scandalli, Todeschini, Paolo Soprano, Hohner, ou de qualquer outra marca.
Seu dom musical despertou muito cedo, antes dos quatro anos de idade. Com cinco anos apenas o “menino prodígio” já se apresentava na Rádio Clube Paranaense PRB 2.
Um ano depois se apresentou no Circo Irmãos Queirollo e na Rádio Clube desta cidade. Posteriormente, participou de eventos em Campo Largo, na Grande Curitiba.
Acompanhou a dupla “Nhô Belarmino e Nhá Gabriela” – uma das primeiras duplas sertanejas do Paraná – nas Rádios: Paranaense, Marumbi, e Guairacá.
Também se apresentou para autoridades ilustres do cenário político: Ministro Corrêa Castro, Manoel Ribas, Moysés Lupion...
Em Itararé participou da Orquestra Fronteira, da Banda Municipal, da Lira Itarareense e de um conjunto musical com João Hélio e José Melilo Filho.
Devido a sua extraordinária musicalidade fez amizades com pessoas famosas como o comunicador Carlos Massa – o “Ratinho” do SBT.
Por tudo isso, e igualmente pela sua atuação social e na administração municipal, a Câmara Municipal de Itararé lhe outorgou o Diploma de “Honra ao Mérito”.
Walter Mazorca (hoje com 74 anos de idade) é acordeonista de “chorinhos” famosos. Sua interpretação do baião CUCO do Paschoal Melillo é primorosa, contagiante e sentimental!
Walter, você tem a música nas veias e realmente toca de saltar fagulhas no ar... Seu nível de excelência musical merece realmente muitos aplausos.
Você merece todas as nossas homenagens, como reconhecimento pela sua arte. Esta arte musical que o coloca como a maior referência viva para os demais concertistas de Itararé.
Como diz a canção “Os sons são todos tão seus como um presente de Deus”. Haja alegria ou saudade!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

NÃO MEXA COM CACHORRO VELHO

Sabedoria só vem com idade e experiência.


O sucesso de nossa vida está em nossa capacidade de resolver as dificuldades. Vivemos num mundo cada vez mais competitivo. Se quisermos evoluir, triunfar na vida e nos negócios o que temos que fazer?
Não existe receita pronta capaz de resolver todas as dificuldades. Sempre surge algo novo. Como se orientar?
A bússola será sua intuição, uma vez que, matematicamente, você não terá tempo para equacionar suas idéias.
Intuição é a capacidade de tomar boas decisões com base em dados incompletos. Ela extrapola os cinco sentidos. O significado disso é que, se você tiver de justificar uma decisão com fatos, eles nunca serão o bastante. Você tem que decidir se vai continuar pelo caminho tão conhecido, ou se vai tomar um novo caminho.
Só a intuição, no entanto, não será suficiente, será preciso ter coragem para ir em frente, enfrentando riscos. O possível todo mundo faz; você precisa aprender a viabilizar o impossível agindo!
 Ouça a sua intuição. Você nunca acertará em todas as soluções, esteja preparado para as dificuldades, são elas que fazem você crescer...
E, além disso, você tem que aprender a enxergar em outra dimensão.
Mas para enxergar em outra dimensão você precisa da experiência dos mais velhos – aqueles que detêm o conhecimento prático da vida. Assim sendo, é bom ouvi-los e adotar as experiências que já deram bons resultados. 
A história do “Cachorro Velho”, a seguir, mostra que idade e habilidade se sobrepõem à juventude e a intriga.
Uma velha senhora foi para um safári na África e levou seu velho vira-lata com ela.
Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço.
O cachorro velho pensa: ”Oh! Estou mesmo enroscado!”. Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo e começa a roê-lo, dando as costas ao predador.
Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
− Cara, este leopardo estava delicioso! Será que há outros por aí?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.
“Caramba!” – pensa o leopardo –, “essa foi por pouco! O velho vira-lata quase me pega!”.
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum...
E assim foi rápido em direção ao leopardo. Mas o cachorro o vê correndo na direção ao predador, em alta velocidade, e pensa: “Aí tem coisa!”.
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
− Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa: “E agora, o que é que eu posso fazer?”
Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doídas não o levariam longe), o cachorro senta mais uma vez dando costas aos agressores, fazendo de conta que ainda não os viu, e quando eles estavam pertos o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:
− Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim!

sábado, 15 de setembro de 2012

DIMAS E GESTAS

Jesus, o Salvador, a personificação do Amor, agonizava junto a dois malfeitores, crucificados no Calvário.  
Gestas – um dos malfeitores – blasfemava contra Jesus, dizendo:
− Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!
Mas, Dimas – o outro malfeitor – o repreendeu:
− Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.
Diante do silêncio de Gestas, Dimas acrescentou:
− Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu reino!
Jesus respondeu-lhe:
− Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso.
Era quase à hora sexta (meio-dia) e em toda a terra houve trevas até a hora nona (três da tarde). Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. Jesus deu então um grande brado e disse:
− Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito.
E dizendo isto, expirou, conforme relata o evangelho em Lucas (23:45).
Dimas, pela afirmativa de Jesus, ficou conhecido como o “Bom Ladrão”. Pois, se nos aprofundarmos na sua história de vida vamos compreender porque razão Jesus prometeu-lhe paraíso.
Vamos constatar, por exemplo, que Dimas cuidava de um leprosário. Portanto, seu lado caridoso parece que superava os furtos, feitos muitas vezes para socorro dos leprosos, discriminados e execrados pela sociedade da época.
O livro, “O Mártir do Gólgota” de Enrique Pérez Escrich, da Editora Saraiva, registra uma cena envolvendo Dimas, Gestas e Jesus ainda menino.
Diz que os membros da Sagrada Família, quando voltavam do Egito para Nazaré, marchavam a pé pelo deserto. Três dias depois, ao por do sol, só faltava atravessar a Iduméia para entrarem na formosa terra de Judá. Procurando um refúgio para passar a noite, entraram numa caverna e encostando as cabeças nas duras pedras adormeceram.
À meia-noite, dois homens entraram na caverna. Um deles vinha do Egito e o outro de Judá. Era Dimas e Gestas. Estavam ali reunidos porque este solicitava a Dimas – o chefe dos montes de Samaria – hospitalidade para sua gente. Enquanto isso, os Sagrados Viajantes continuavam dormindo.
Num determinado momento ouviu-se um profundo suspiro vindo do fundo da caverna. Gestas sacando de uma arma observou em voz baixa: “há gente aqui!”. Acenderam uma tocha e entraram para examinar a caverna.
Dimas foi o primeiro a avistar os viajantes adormecidos, e estremeceu como se os tivesse reconhecido.
− Eis aqui um despojo que eu não esperava – disse Gestas.
− Ouve, Gestas: ao ver essa pobre gente, eu senti que o coração me palpitava como se quisesse fugir-me do peito.
− Deixa disso Dimas! O que pretendes com isso?
− Pelo que mais amas na terra eu te peço que respeites o sono desta gente.
− O que mais amo na terra é o dinheiro.
− Pois bem, não lhes toques e eu te darei vinte dracmas de prata.
− É pouco – respondeu Gestas com avareza.
− Acrescento ainda este cinturão de couro e esta lâmina de Damasco.
Gestas examinou os objetos. Vendo que ele vacilava, Dimas continuou:
− Se recusares o que te proponho, não tenho outro remédio senão disputar-lhe a presa.
− Aceito então – declarou Gestas.
Dimas entregou-lhe o que oferecera. Nesse momento ouviu-se no fundo da caverna uma voz que dizia: “Dimas e Gestas, vós morrereis comigo: um à minha direita e outro à minha esquerda!”
Os bandidos fugiram assustados da caverna. E Dimas, encaminhando-se para a Iduméia, murmurava: “É Jesus, o Filho de Maria: bem o reconheci!”.
Dimas acreditava ser Jesus o Messias anunciado pelos profetas.
A Sagrada Família chegou a Nazaré depois de mil perigos e sobressaltos.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

CONTOS DA LITERATURA CRISTÃ

“É uma grande glória seguir o Senhor, pois é ele quem dá vida longa”.
(Eclesiástico 23:38)


Jesus chamava atenção, na época em que viveu, porque era um simples operário, sem escolaridade formal, diferente dos sacerdotes, que se preparavam por anos de estudos para pregar a palavra de Deus.
Segundo Marcos 6:2-3, Jesus começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-o, admiravam-se dizendo: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é esta que foi lhe dada e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E escandalizavam-se nele.
Jesus, cuja fala, todavia enternecia a todos, afirmava que seu ensinamento procedia do PAI (Deus).
Das tradições que correm em Nazaré sobre a vida de Jesus, há muitos contos registrados na literatura cristã e inúmeros outros que ainda são veiculados apenas pela transmissão oral, de pais para filhos, de avôs para netos, etc.
Alguns, que encerram ensinamentos dos mais edificantes, eu ouvi na adolescência, contados por algumas tias e, mais tarde, os encontrei em livros.
1º conto. Do livro “O Segredo das Bem Aventuranças”, de José Lázaro Boberg, Editora EME:
Caminhava Jesus com seus apóstolos, numa de suas numerosas andanças entre a Judéia e a Galiléia, quando o pequeno grupo divisou o cadáver putrefato de um cachorro. Os apóstolos, de maneira unânime, voltaram seus rostos, tapando as narinas, para não sentir o terrível fétido. Jesus, no entanto, agiu de modo diverso. Aproximou-se do cadáver, abaixou-se bem e disse: Que belos dentes ele tinha!
Na verdade, onde todos os apóstolos estavam vendo apenas a carcaça em putrefação do animal, o olho bom – coração sensível – de Jesus viu uma coisa boa – os belos dentes do animal.
2º conto. Do livro “O Mártir do Gólgota”, de Enrique Perez Escrich, coleção Saraiva:
Num sábado estava o menino Jesus sentado ao pé de uma cisterna, entretido a fazer uns passarinhos de barro, quando sucedeu passar por ali um velho fariseu que lhe perguntou:
− Menino, porque trabalhas em dia de sábado, faltando à lei dos teus maiores?
Jesus levantou os formosos olhos, banhando com seu celestial olhar aquele ancião e respondeu pausada e brandamente:
− Eu creio que não estou trabalhando. Voai e cantai avezinhas! A vossa região é o espaço.
E os passarinhos ergueram-se da terra batendo as asas e encheram o campo com seus cantos sonoros. O fariseu retirou-se dali, murmurando:
− Deus baixou à Terra, Deus está entre nós. Bendito seja Deus!
3º conto. Do mesmo livro do conto anterior:
Alguns aldeões que levavam numas andas (maca) de ramos de árvore um moço ferido, pararam sob a modesta latada da cabana de José. Jesus estava sozinho e aproximou-se das andas.
− Que tem esse mancebo? – perguntou aos que conduziam o enfermo.
Picou-o uma víbora e a sua morte é certa.
− Afastai-vos – tornou a dizer o Deus-Menino.
E colocando os lábios sobre a picada do venenoso réptil, deu-lhe um beijo com não pouco assombro dos presentes.
O ferido estremeceu, como se tivesse recobrado nova vida, e abrindo os cerrados olhos deu uma forte palmada nas costas de Jesus.
Este sorriu e disse-lhe:
− Tu chamas-te Judas, serás meu discípulo, hás de vender-me por trinta dinheiros e uma lança me ferirá no mesmo lugar onde acabas de bater-me.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A CORAGEM

“No mar revolto do mundo, não te rendas, guarda a fé. Onda subindo mais alto é o retorno da maré”. (Deraldo Neville)


A empresa de máquinas onde “seu” Amilton dos Santos trabalhava foi contratada para demolir duas casas, que foram construídas num terreno invadido, no bairro da Palestina, em Salvador.
Nesse local, já se encontravam dois oficiais de justiça designados pelo Fórum de Salvador para cumprir o mandado de demolição das casas de Telma Sueli dos Santos Sena e Ana Célia Gomes Conceição e para garantir a reintegração de posse do terreno. Para dar tranqüilidade à operação, seis viaturas da Polícia Militar e cerca de 20 soldados armados, acompanhavam tudo para assegurar a execução da ordem judicial.
Na manhã do dia 02 de maio de 2003, “seu” Amilton – o operador de máquinas – movimenta a retro escavadeira, obrigado a demolir duas casas que abrigavam muitas pessoas, mas não consegue iniciar o trabalho, desce do trator e chorando afirma: “Eu acho que dá trabalho a todos para construir o barraquinho para ver destruído e sete filhos abandonado” (sic).
O oficial de Justiça e a polícia tentam pressioná-lo. Ele chega a receber ordem de prisão. Acuado, faz uma segunda tentativa... Mas ao apelo dos moradores ele desiste. Então é levado a uma clínica com crise de hipertensão!
Esse baiano de 53 anos, pai de família, sem muita formação escolar, de conversa simples e afável nos tratos, enfrentou a ordem dos patrões, desafiou a decisão da justiça e seguiu aquilo que acreditava ser o mais importante entre os seres humanos – a solidariedade. Ele, no comando de um trator foi contra tudo, mas a favor da vida, pois não conseguiu passar por cima das próprias crenças, de seus sentimentos, e se tornou um herói e exemplo para todos nós.
Pouco tempo depois, voltou à periferia de Salvador para encontrar os moradores da casa que ele se recusou a derrubar. Foi recebido por todos com muita emoção e disse nessa ocasião:
“Em 33 anos de profissão, nunca tinha passado uma situação como essa”.
 “Não sei como agradecer. Estou me sentindo muito feliz”, afirmou na mesma ocasião Telma Sena, moradora da casa.
O telefone da residência de seu Amilton não parou de tocar nos dias seguintes. Eram amigos e parentes querendo prestar-lhe solidariedade. A todos sempre afirmava: “Graças a Deus estou melhorando aos pouquinhos”.
Passado o susto da ameaça de prisão, a mulher e os filhos falam com orgulho de “seu” Amilton. Eles também apoiaram a sua atitude heróica.
Herói ou apenas um homem justo? Por essa reportagem, veiculada pela tevê na época, mostrou ser um ato de coragem. O tratorista colocou em risco a sua própria liberdade para ser fiel às suas idéias e aos seus sentimentos. Enfrentou a Justiça dos Homens para que prevalecesse a Perfeita Justiça Divina, que se fundamenta no Amor.
Coragem será, então, a ousadia de alguém tentar coisas boas, mas difíceis?! Acho que sim. Ela é uma força para fazer coisas diferentes do que os outros fazem, mantendo firme sua posição até para influenciar os demais. É a audácia de ser amigo, de demonstrar seus sentimentos.
Coragem é ser fiel às próprias idéias, seguir os bons impulsos, mesmo que possam parecer, para a grande maioria, inconvenientes ou tolos.
Aqueles que não crêem em nada, que não concebem um ideal, que não vêem um caminho mais adiante, que se desesperam e renegam a si mesmos ou a sua pátria ou seu Deus, que se desiludem cada vez que lhes sai mal algum plano financeiro ou político, são os derrotados da vida, porque não têm coragem de começar de novo.
Coragem é uma qualidade de caráter, que pode ser ensinada aos nossos filhos pelo nosso exemplo e também por este fato, que ficou marcado em nossa mente pela simplicidade e pela força estrondosa dos pequenos gestos, pela rebeldia singela dos heróis anônimos do cotidiano e pela sensação de que o mundo ainda tem muito espaço para a honestidade, fraternidade e para a compaixão.
“Primeiro de tudo, o coração e o bem das pessoas”, relembra “seu” Amilton, atualmente com 62 anos.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

ÁGUA DE SÃO BARTOLOMEU

A melhor resposta é aquela que não se dá.



Uma pessoa que reclama de tudo vive sempre irritada, insatisfeita, descontente e triste. E se ela vive com outra que também sabe se lastimar e retrucar, a relação das duas vira um conflito muito forte de difícil convivência.
 Este é o caso de um casal que hipoteticamente vamos denominar de João Grilo e Maria das Dores.
Todo dia João chegava reclamando, xingando tudo e maltratando a esposa. Vivia grilado! E Maria, mesmo curtindo suas dores, ficava uma arara e mandava João pr’aquele lugar! Reinava então na casa um clima de arrepiar os cabelos! As crianças choravam, o gato miava e o cachorro latia. Uma vibração negativa do ambiente; talvez, bem abaixo de zero.
Cansada de sofrer com a neurose do marido, a mulher resolveu – antes que o casamento se desfizesse! –, procurar o pároco local pra se aconselhar.
O padre a recebeu carinhosamente e, após ouvir atenciosamente toda a dolorida história de seu péssimo relacionamento com o marido, pediu licença e se retirou para rezar por ela na sacristia da capela.
Retornou trazendo uma pequena garrafa com água, que só lhe entregou, depois de dar-lhe o seguinte conselho: “Maria, toda vez que João chegar nervoso em casa beba um gole desta água de São Bartolomeu, que seu marido vai se acalmar. Mas, por favor, não vá engolir. Fique com a água na boca até a crise dele passar. Ela vai protegê-la das furiosas crises do marido”.
Maria das Dores voltou pra casa refletindo sobre os poderes daquela água benta e resolveu colocar o conselho do religioso em prática. Quando o marido retornou do trabalho e começou a agredi-la com reclamações e ofensas de toda sorte, Maria não teve dúvidas, colocou um gole da água milagrosa na boca e, sem engolir, ficou esperando o resultado.
João esbravejou e Maria não respondeu. A água na boca não deixou. E depois de muito esbravejar João se acalmou. Só então a água foi engolida.
Assim foram se passando os dias, a semana e o mês. João Grilo estrilava e Das Dores se calava. Ele não obtendo resposta foi cada vez mais se acalmando. Ela percebia o milagre e aumentava sua fé em São Bartolomeu.
Até que chegou um tempo em que João não a ofendia mais. Seu comportamento era outro! Sem respostas não havia mais conflitos!
Maria das Dores foi então até a capela novamente. Agora pra agradecer a graça recebida pela paz que reinava no seu lar.
Quando lá chegou o padre veio sorrindo lhe encontrar. E quando Maria lhe deu um comovente depoimento sobre o milagre que havia alcançado, admirado, o pároco simplesmente lhe respondeu: “Maria, não foi milagre, não! Eu apenas enchi uma vasilha com água da torneira! E São Bartolomeu foi apenas o nome de um santo que me veio na cabeça naquela hora!”.

Diz o ditado que “quando um não quer dois não brigam”. Por isso que “a melhor resposta é aquela que não se dá”, como escrevemos no início.
O silêncio é o poder divino atuando. Pois, diante da ofensa, o eco do silêncio ressoa no imo do ofensor envolvendo-o com um magistral encanto de paz, que o faz refletir e adotar um comportamento melhor.
Uma pessoa então que fica quieta para evitar o conflito não é uma pessoa fácil de ser enganada, não! E não é “boba”, “mole”, “aparvalhada”, “tola”, “idiota”, “pamonha”, “ingênua”, “trouxa”, como muitos a rotulam.
Muitas vezes, ao contrário, é sábia, sentimental, cheia de amor no coração e muito corajosa; visto entender que de sua atitude naquele momento depende a transformação do seu companheiro (ou companheira!), para que o ambiente do lar seja de vibrações elevadas, saudáveis, alegres, de amor, de paz e felicidade. Enfim, um ambiente familiar propício à educação dos filhos.
Duvida! Pois se cale diante de uma afronta e aguarde o resultado!

“O homem leva dois anos para aprender a falar... e o resto da vida para aprender a permanecer em silêncio”.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A FLOR DA HONESTIDADE

“Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade”. (Sócrates)



Conta-se que por volta do ano 250 a.C., na China antiga, um Príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado Imperador, mas, de acordo com a lei, deveria se casar. Sabendo disso, resolveu fazer uma “disputa” entre moças da corte ou quem que se achasse digna de sua proposta.
No dia seguinte, o Príncipe anunciou que receberiam, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo Príncipe.
Ao chegar a casa e relatar à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta idéia insensata da cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
- Não estou sofrendo, querida mãe, e muito menos, louca. Eu sei que jamais poderei ser escolhida, mas é a oportunidade que eu tenho de ficar pelo menos alguns momentos perto do Príncipe e isto já me torna feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. O Príncipe, finalmente, anunciou assim o desafio:
− Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida a minha esposa e futura Imperatriz da China.
A proposta do Príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valoriza muito a especialidade de “cultivar” algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos, etc.
O tempo passou e a humilde jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.
Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do Príncipe.
Na hora marcada, ela estava lá com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas cores. Admirada, ela nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado. O Príncipe observa cada uma das pretendentes com muita atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente, o Príncipe esclareceu:
− Esta jovem foi na verdade a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma Imperatriz: a flor da honestidade. Pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.
− Que isto nos sirva de lição – concluiu o Príncipe – e, independente de tudo e de todas as situações vergonhosas que nos rodeiam, possamos ser luz para aqueles que nos cercam.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

TOLERÂNCIA

“Não existe nenhum vício, ou desejo, ou avareza, ou luxúria, ou embriaguez que seja pior que um temperamento intolerante” (Henry Drummond)



O intolerante é a pessoa: que não desculpa; que não cede... O intolerante não é indulgente, pois não está pronto para perdoar, não admite e nem respeita as opiniões contrárias à sua.
A intolerância é citada na Bíblia, em diversas passagens, como o elemento mais destruidor da nossa maneira de agir. E, apesar disso, às vezes percebemos que a intolerância é um preconceito presente na vida de pessoa que se julga virtuosa, que tem tudo para ser gentil e nobre. É aquela pessoa quase perfeita, mas que – de repente – acha que está certa em alguma coisa e perde a cabeça por causa disto.
No Reino de Deus não existe lugar para o intolerante, pois ele conseguiria tornar o Paraíso insuportável para si e para os outros.
Os intolerantes são “promotores da discórdia”. Pois, onde se encontram irradiam, com a simples presença, sua aura belicosa, irritando todos aqueles que entram na faixa espiritual deles.
O intolerante só começará a sentir a brisa da paz, quando se transformar radicalmente, criando condições espirituais de complacência, aceitando as pessoas como elas são.
E esse é um aprendizado difícil, sofrido, frontalmente contrário aos desejos de seu ego. Entretanto, vencida essa barreira, ele descobre a serenidade íntima oriunda das vibrações de amor, que pacificam os que gozam de sua intimidade. E passa a ser tolerante porque entende que a tolerância é necessária para vivermos em paz.
Segundo Mahatma Gandhi, “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.
Todavia, há aqueles que dizem que a tolerância tem limites. E, para isso, se baseiam na fábula, abaixo, de André Luiz, psicografada por Chico Xavier no livro “Os Mensageiros”.

A Serpente e o Santo


Contam as tradições populares da Índia que existia uma Serpente venenosa em certo campo. Ninguém se interessava a passar por lá, receando-lhe o assalto. Mas um Santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor, que em si mesmo. A Serpente atacou-o, desrespeitosa. Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou:
− Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém.
A Víbora recolheu-se envergonhada.
Continuou o Sábio o seu caminho e a Serpente modificou-se completamente. Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. Quando lhe identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas.
A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada.
Eis, porém, que o Santo voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. Espantou-se, observando tamanha ruína. A Serpente contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser boa, afável, carinhosa, tolerante, mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. O Sábio pensou, pensou, e, após ouvi-la, respondeu:
− Mas, minha irmã, houve engano de tua parte. Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, mas não te disse que evitasses assustar os maus. Não ataques às criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo caminho da vida, mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. Não mordas, não firas, mas é preciso manter o perverso à distância, mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos.

INJÚRIA

“Não há pessoa mais perigosa – para si e para os outros – do que aquela que julga sem conhecer os fatos”.



Para ilustrar, nada melhor do que uma piada sobre o tema.
Manuel, um Português, decide ir ao centro da cidade para umas compras. Ele entra numa loja e pergunta:
− Qual é o preço do vídeo da vitrina?
− Desculpe-me, senhor – responde o vendedor –, nós não vendemos pra português.
Para Seu Manuel, isso foi um choque. Ele volta pra casa e se veste como um inglês num terno alinhado, com todos os seus cabelos escondidos num chapéu-coco. De volta à loja, ele pergunta:
− Caro senhor, por obséquio, qual é o preço do vídeo da vitrina?
Para seu desalento, o vendedor responde:
− Desculpe senhor, não vendemos pra português!
Seu Manuel, desta vez, se veste então como um americano. Deixa os cabelos soltos, veste uma bermuda, camiseta e óculos escuros, e volta à loja:
− Ô cara! – diz ele. Quanto custa essa beleza de vídeo?
Mas outra vez recebe a mesma resposta. Exasperado, Seu Manuel lamenta-se:
− Como você sabe que sou português?!...
− Isso é fácil! – diz o vendedor. O artigo que você quer não é um vídeo, é uma máquina de lavar!
Chamar alguém de português, ou de burro, pode ser interpretado como injúria. Porque injúria é a ofensa à dignidade de alguém. É uma manifestação de desrespeito e desprezo, um juízo de valor depreciativo capaz de ofender a honra de uma pessoa no seu aspecto subjetivo.
Injuriar alguém, de acordo com a conduta típica é, portanto, ofender a honra subjetiva de alguém, atingindo seus atributos morais (dignidade) ou físicos, intelectuais ou sociais (decoro). Por exemplo, atinge-se a dignidade ao se dizer que alguém é ladrão, estelionatário, homossexual, e o decoro ao se afirmar que é estúpido, ignorante, grosseiro.
Na injúria não há imputação de fatos precisos e determinados como na calúnia e na difamação. Ela refere-se à manifestação de menosprezo, ao conceito depreciativo, mencionando-se vícios ou defeitos de alguém, ou mesmo fatos vagos, imprecisos e desabonadores.
Tem-se reconhecido a injúria, na atribuição vaga de fato contravencional, no afirmar-se que o desafeto é “farsante”, que a professora é uma “vagabunda”, que o Prefeito é “incompetente”, que fulano é “corno”.
Responde também por injúria quem, com a intenção de ferir a dignidade alheia, atira conteúdo de bebida no rosto de outrem ou despeja saco de lixo à porta da casa do vizinho, conspurcando-a com detritos inservíveis.
Até por omissão pode-se injuriar: por exemplo, não apertar a mão de quem a estende, em cumprimento.
Vejam, a seguir, algumas frases de famosos sobre a Injúria, e reflitam sobre elas.
"As injúrias são os argumentos daqueles que não têm razão."
(François Fénelon)
"A injúria que fazemos e a que sofremos não são pesadas na mesma balança." (Esopo)
"O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as." (B. Franklin)
"O amigo injuriado é o mais cruel dos inimigos." (Thomas Jefferson)
"É mais glorioso e honrado fugir de uma injúria, calando, que vencê-la, retrucando." (Textos Cristãos)
"É melhor receber uma injúria do que praticá-la." (Platão)
"Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar." (Marquês de Maricá)
"Fala amavelmente, não injuries o teu próximo; ama a bondade; a injúria gera aborrecimentos." (Textos Budistas)
"Nenhuma injúria é mais severa do que uma consciência pesada." (Fedro)