Aquecendo a Vida

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O BODE DA PALESTINA

 

“O Silêncio é o poder divino atuando”


Sebastião Pereira Costa – autor de vários livros, dentre eles o best-seller NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE, da Editora Record, 1992, com prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – é um renomado escritor de Itararé SP, que atualmente reside na vizinha cidade de Itapeva.

Em um de seus artigos, publicado no jornal Tribuna de Itararé, ele escreveu, que “O silêncio é a estrada da reflexão por onde nosso espírito transita sintonizado com as forças arcanas do imponderável divino”.

Registrei esse pensamento em minhas anotações por considerá-lo relevante e de muita sabedoria. Pois o exercício do silêncio pode ser usado até como uma terapia da alma.  

Diz um ditado popular que “o silêncio é a melhor resposta”. E isso é verdade, especialmente quando as palavras já se esgotaram e não foram compreendidas, ou até propositalmente foram mal interpretadas.

Jesus várias vezes recomendou o silêncio: “Quando orares entra no teu quarto, e, fechada a porta, ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê (o que se passa) em segredo, te recompensará”; "Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa, além disto, vem do Maligno". (Mateus 6,6 e 5,37).

Na época de Cristo, na Palestina, era comum um Judeu falar ao ouvido de um bode. Depois da morte de Jesus, Paulo, o Apóstolo, muito curioso, conversando com o Rabino de uma aldeia, questionou-o sobre esse costume. Obteve como resposta ser um Ritual de Expiação. Ficou sabendo então que o pecador confessava seus pecados na orelha do bode, porque sabia que ele jamais levaria isso adiante, isto é, não contaria aos outros. E com isso se sentia aliviado do peso na consciência.

‒ Por que ao bode? – disse Paulo.

‒ É que bode não fala – explicou o Rabino – e, por isso, o “réu confesso” fica aliviado quanto ao seu segredo.

Talvez isso tenha inspirado as modernas psicoterapias praticadas nos consultórios de Psicanálises, por analistas que veem o caso como uma disfunção mental. 

E imagino que foi a necessidade disso que levou a Igreja, alguns anos mais tarde, a adotar a terapia do “confessionário”, onde o sacerdote confessor passou a guardar o segredo da confissão, para alívio dos fiéis.

O silêncio guardado mesmo com o custo da própria vida é uma prerrogativa de homens iluminados, rigorosamente selecionados e iniciados nos ensinos esotéricos de ordem sobrenatural.

Nas atividades sagradas o sigilo existe para que os Mistérios Divinos não sejam divulgados àqueles que não estão preparados para acolhê-los. Já nas atividades profanas, o sigilo também é recomendado por estar relacionado com a Moral, contribuindo assim na construção do bem estar social.

A lei do silencio, manda que se imite o bode dos judeus. Ouvir, ouvir e nada contar. Pois, essa é uma postura exemplar e de confiabilidade.

E, ainda, pra bem imitar o bode palestino daquela época, recomenda-se ser comedido nas conversações, conforme lembra bem o apóstolo Paulo ao alertar: “Não vos deixeis seduzir; as más conversações corrompem os bons costumes” (I Coríntios 15,33).

Além disso, o sigilo também é considerado por muitos como o maior aliado dos nossos sonhos, sabe por quê?

Porque ele evita as energias de inveja que geralmente atrapalham a viabilização de nossos projetos de vida!

Guardar segredo deve ser um comportamento natural, recatado, casto, pudico, prudente, sensato, inerente ao ser humano e praticado a partir da menor célula social, a família.

Realmente, a gente pode imitar o bode e, ainda, ficar acima dele; pois, não basta o silêncio sobre o que nos foi confessado. Devemos evitar alardear os erros de nosso semelhante, amando-o, conforme o mandamento cristão.

Para isso, bom também é praticar o sábio ensinamento socrático do “conhece-te a ti mesmo”. O ser humano precisa saber quem realmente ele é para superar seus defeitos. Daí ser fundamental o silêncio para a reflexão, para a meditação, para se entender a prática da solidariedade humana.

Portanto, o silêncio, tanto como reflexão quanto na forma de sigilo – de guardar segredo –, nos aproxima cada vez mais do Ser Iluminado, a maior expressão da Obra do Grande Arquiteto do Universo.

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