“O
Silêncio é o poder divino atuando”
Sebastião Pereira Costa – autor
de vários livros, dentre eles o best-seller NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE, da
Editora Record, 1992, com prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –
é um renomado escritor de Itararé SP, que atualmente reside na vizinha cidade
de Itapeva.
Em um de seus artigos, publicado no
jornal Tribuna de Itararé, ele escreveu, que “O silêncio é a estrada da reflexão por onde nosso espírito transita
sintonizado com as forças arcanas do imponderável divino”.
Registrei
esse pensamento em minhas anotações por considerá-lo relevante e de muita
sabedoria. Pois o exercício do silêncio pode ser usado até como uma terapia da
alma.
Diz um
ditado popular que “o silêncio é a melhor resposta”. E isso
é verdade, especialmente quando as palavras já se esgotaram e não foram
compreendidas, ou até propositalmente foram mal interpretadas.
Jesus várias vezes recomendou o
silêncio: “Quando orares entra no teu
quarto, e, fechada a porta, ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê (o que
se passa) em segredo, te recompensará”; "Dizei somente: Sim, se é
sim; não, se é não. Tudo o que passa, além disto, vem do Maligno". (Mateus 6,6 e 5,37).
Na época de Cristo, na Palestina, era
comum um Judeu falar ao ouvido de um bode. Depois da morte de Jesus, Paulo, o
Apóstolo, muito curioso, conversando com o Rabino de uma aldeia, questionou-o
sobre esse costume. Obteve como resposta ser um Ritual de Expiação. Ficou
sabendo então que o pecador confessava seus pecados na orelha do bode, porque
sabia que ele jamais levaria isso adiante, isto é, não contaria aos outros. E com
isso se sentia aliviado do peso na consciência.
‒ Por que ao bode? – disse Paulo.
‒ É que bode não fala – explicou o
Rabino – e, por isso, o “réu confesso”
fica aliviado quanto ao seu segredo.
Talvez isso tenha inspirado as modernas
psicoterapias praticadas nos consultórios de Psicanálises, por analistas que veem
o caso como uma disfunção mental.
E imagino que foi a necessidade disso que
levou a Igreja, alguns anos mais tarde, a adotar a terapia do “confessionário”, onde o sacerdote
confessor passou a guardar o segredo da confissão, para alívio dos fiéis.
O silêncio guardado mesmo com o custo da
própria vida é uma prerrogativa de homens iluminados, rigorosamente selecionados
e iniciados nos ensinos esotéricos de ordem sobrenatural.
Nas atividades sagradas o sigilo existe
para que os Mistérios Divinos não sejam divulgados àqueles que não estão
preparados para acolhê-los. Já nas atividades profanas, o sigilo também é
recomendado por estar relacionado com a Moral, contribuindo assim na construção
do bem estar social.
A lei do silencio, manda que se imite o
bode dos judeus. Ouvir, ouvir e nada contar. Pois, essa é uma postura exemplar
e de confiabilidade.
E, ainda, pra bem imitar o bode
palestino daquela época, recomenda-se ser comedido nas conversações, conforme
lembra bem o apóstolo Paulo ao alertar: “Não
vos deixeis seduzir; as más conversações corrompem os bons costumes” (I
Coríntios 15,33).
Além disso, o sigilo também é
considerado por muitos como o maior aliado dos nossos sonhos, sabe por quê?
Porque ele evita as energias de inveja que geralmente atrapalham a
viabilização de nossos projetos de vida!
Guardar
segredo deve ser um comportamento natural, recatado, casto, pudico, prudente,
sensato, inerente ao ser humano e praticado a partir da menor célula social, a
família.
Realmente, a gente pode imitar o bode e,
ainda, ficar acima dele; pois, não basta o silêncio sobre o que nos foi
confessado. Devemos evitar alardear os erros de nosso semelhante, amando-o,
conforme o mandamento cristão.
Para isso, bom também é praticar o sábio
ensinamento socrático do “conhece-te a ti mesmo”. O ser humano precisa
saber quem realmente ele é para superar seus defeitos. Daí ser fundamental o
silêncio para a reflexão, para a meditação, para se entender a prática da
solidariedade humana.
Portanto, o silêncio, tanto como reflexão
quanto na forma de sigilo – de guardar segredo –, nos aproxima cada vez mais do
Ser Iluminado, a maior expressão da Obra do Grande Arquiteto do
Universo.
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