Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

Radio

sábado, 9 de fevereiro de 2019

ESTUDANDO A “BOA NOVA”


Às vezes, algumas palavras de Jesus têm significados que até os cristãos desconhecem.


Para interpretarmos os evangelhos corretamente, com ideias claras e transparentes, além de conhecermos a linguagem figurada utilizada (parábolas, eufemismos, metáforas, hipérboles, etc.) também se faz necessário a compreensão do significado que possui cada vocábulo.
É possível saber o significado mais preciso da palavra no texto, por meio de seus sinônimos ou antônimos. Ou ainda pesquisando palavras homógrafas, de mesma grafia e som diferente (O começo / Eu começo); palavras homófonas, de mesmo som e grafia diferente, (sexta / cesta); palavras parônimas, que apresentam semelhança na grafia e no som, porém com significados distintos (cumprimento / comprimento); palavras homônimas; que têm escritas semelhantes com múltiplos significados, porém de origens diferentes (é o caso da palavra manga, que pode significar fruta; manga de camisa; manga d’água...).
Antes de interpretar um versículo, é bom lembrar que Jesus nada escreveu. E que por muito tempo seus ensinamentos foram somente transmitidos de boca em boca, de geração a geração. É preciso considerar que o Novo Testamento foi escrito – segundo algumas fontes –, por volta da segunda metade do primeiro século, a partir do ano 42 D.C.
Considere-se, que o fundamento do pensamento de Jesus pode não ter sido bem traduzido, ou, ainda, que o sentido primitivo tenha sido alterado ao passar de uma língua para outra.
Estudando a “Boa Nova” percebemos que algumas palavras interpretadas literalmente, perderam o sentido e até se opõem frontalmente à linguagem fraterna e amorosa do Cristo.
É o que acontece, por exemplo, nesta frase de Lucas, 14,26: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”.
Se Jesus disse isso, é preciso saber: em que língua ou dialeto foi proferido? Qual o sentido de cada palavra?
No sentido que conhecemos o termo “odiar”, pode ser atribuído a Jesus nesse texto? Claro que não! Deve, pois, então, ser rechaçado com veemência!
Nos evangelhos escritos em grego, “odiar” significa amar menos. No dialeto siríaco, usado por Jesus, “odiar” tinha o sentido de não amar tanto quanto a outro. Já no original francês “odiar” tem o sentido de aborrecer.
No evangelho encontramos ainda outro exemplo. A palavra “camelo”, que na linguagem dos antigos Hebreus, servia para designar tanto um animal como uma corda feita do pelo desse animal.
“Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. (Mateus 19,24).
Seria anticristão afirmar que os ricos não conseguem salvação. Deus não poderia ter colocado nas mãos de alguns um instrumento (riqueza) fatal para sua perdição. Essa ideia repugna a razão, pois contraria a própria afirmação do Cristo de que ninguém se perderá.
“Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (Lucas 15,4).
O fundo da agulha indica apenas a dificuldade maior dos ricos para a redenção espiritual, pois estão sujeitos a uma prova muito mais difícil, de tentações e assédios do luxo, do poder, do orgulho, do egoísmo, da vaidade...
O sentido rigoroso da frase do evangelho de Mateus, supracitado, levaria a abolição da fortuna e consequentemente a condenação do trabalho. E isso estaria em contradição com a Lei do Progresso, que é uma das Leis de Deus.
Portanto, o evangelho não condena a riqueza, mas quem dela abusa. Assim como não manda odiar ninguém, mas amar menos o próximo do que a Deus.
Ou, de outra forma mais correta, onde menos vale mais, Jesus manda Amar mais a Deus do que tudo, até mais do que ao próximo. Pois, “Amar a Deus sobre todas as coisas” é o primeiro mandamento; e “Amar ao próximo como a si mesmo” é o segundo. Não existe mandamento maior do que estes.
Faça isso para ter o Reino de Deus!
E quando a dificuldade lhe apertar, saiba que “Deus não dá provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem ser cumpridas” (E.S.E., Cap. XIV).
Lembre-se, porém, que Deus deixa a cada um a responsabilidade de seus atos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário