Às
vezes, algumas palavras de Jesus têm significados que até os cristãos
desconhecem.
Para interpretarmos os evangelhos corretamente, com
ideias claras e transparentes, além de conhecermos a linguagem figurada utilizada
(parábolas, eufemismos, metáforas, hipérboles, etc.) também se faz necessário a
compreensão do significado que possui cada vocábulo.
É possível saber o significado mais preciso da palavra
no texto, por meio de seus sinônimos
ou antônimos. Ou ainda pesquisando
palavras homógrafas, de mesma grafia
e som diferente (O começo / Eu começo); palavras homófonas, de mesmo som e grafia diferente, (sexta / cesta); palavras
parônimas, que apresentam semelhança
na grafia e no som, porém com significados distintos (cumprimento /
comprimento); palavras homônimas; que
têm escritas semelhantes com múltiplos significados, porém de origens diferentes
(é o caso da palavra manga, que pode significar fruta; manga de camisa; manga
d’água...).
Antes de interpretar um versículo, é bom lembrar que
Jesus nada escreveu. E que por muito tempo seus ensinamentos foram somente
transmitidos de boca em boca, de geração a geração. É preciso considerar que o
Novo Testamento foi escrito – segundo algumas fontes –, por volta da segunda
metade do primeiro século, a partir do ano 42 D.C.
Considere-se, que o fundamento do pensamento de Jesus
pode não ter sido bem traduzido, ou, ainda, que o sentido primitivo tenha sido
alterado ao passar de uma língua para outra.
Estudando a “Boa Nova” percebemos que algumas palavras
interpretadas literalmente, perderam o sentido e até se opõem frontalmente à
linguagem fraterna e amorosa do Cristo.
É o que acontece, por exemplo, nesta frase de Lucas,
14,26: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher,
seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo”.
Se Jesus disse isso, é preciso saber: em que língua ou
dialeto foi proferido? Qual o sentido de cada palavra?
No sentido que conhecemos o termo “odiar”, pode ser atribuído a Jesus nesse texto? Claro que não! Deve,
pois, então, ser rechaçado com veemência!
Nos evangelhos escritos em grego, “odiar” significa amar
menos. No dialeto siríaco, usado por Jesus, “odiar” tinha o sentido de não
amar tanto quanto a outro. Já no original francês “odiar” tem o sentido de aborrecer.
No evangelho encontramos ainda outro exemplo. A palavra
“camelo”, que na linguagem dos
antigos Hebreus, servia para designar tanto um animal como uma corda
feita do pelo desse animal.
“Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo
fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. (Mateus 19,24).
Seria anticristão afirmar que os ricos não conseguem
salvação. Deus não poderia ter colocado nas mãos de alguns um instrumento
(riqueza) fatal para sua perdição. Essa ideia repugna a razão, pois contraria a
própria afirmação do Cristo de que ninguém se perderá.
“Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma
delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu,
até encontrá-la?” (Lucas 15,4).
O fundo da agulha indica apenas a dificuldade maior
dos ricos para a redenção espiritual, pois estão sujeitos a uma prova muito
mais difícil, de tentações e assédios do luxo, do poder, do orgulho, do
egoísmo, da vaidade...
O sentido rigoroso da frase do evangelho de Mateus,
supracitado, levaria a abolição da fortuna e consequentemente a condenação do
trabalho. E isso estaria em contradição com a Lei do Progresso, que é uma das Leis
de Deus.
Portanto, o evangelho não condena a riqueza, mas quem
dela abusa. Assim como não manda odiar
ninguém, mas amar menos o próximo do
que a Deus.
Ou, de outra forma mais correta, onde menos vale mais, Jesus manda Amar mais a Deus do que tudo, até
mais do que ao próximo. Pois, “Amar a
Deus sobre todas as coisas” é o primeiro mandamento; e “Amar ao próximo como a si mesmo” é o segundo. Não existe
mandamento maior do que estes.
Faça isso para ter o Reino de Deus!
E quando a dificuldade lhe apertar, saiba que “Deus
não dá provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem
ser cumpridas” (E.S.E., Cap. XIV).
Lembre-se, porém, que Deus deixa a cada um a responsabilidade de seus atos!
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