“Certas
coisas só são amargas se a gente as engole” (Millôr Fernandes).
Um mecânico foi
fazer um curso de aperfeiçoamento. O instrutor, durante o treinamento, sempre
contava uma história a título de motivação dos participantes.
Quando a gente
viajava de Trem – disse ele –, ao parar nas estações, havia sempre um
funcionário da companhia que ia com um martelo batendo nas rodas dos vagões.
Um funcionário dessa
função, depois de 35 anos de trabalho ia se aposentar. Seu chefe colocou um aprendiz
que passou a acompanhá-lo no seu último dia de serviço. A cada estação desciam
do trem e martelavam as rodas. E assim até o final da linha. Na despedida
desejou sucesso ao rapaz e perguntou:
− Você tem alguma
dúvida?
− Não, estou apenas curioso.
− Qual é a sua
curiosidade?
− Eu quero saber só
o porquê
da gente ter que bater com o martelo na roda do Trem!
− Escuta aqui rapaz,
estou com 35 anos de trabalho e até hoje eu não sei o porquê disso, e você logo
no primeiro dia já quer saber! Ah, vá lamber sabão!
O palestrante, rindo,
perguntou:
− Por que martelar
as rodas do Trem? Alguém daqui sabe?
O referido mecânico
levantou a mão e depois de autorizado, disse:
− Eu acho que é para
verificar se não tem trincas nas rodas.
− Mas como você sabe
disso?
− Na minha oficina,
quando derrubo uma roda do carro no chão eu já sei pelo tinido se está trincada
ou não. O som é bem diferente.
Essa história também
serve para reflexão sobre os ensinamentos de Jesus. Pois, muitos vão ao culto
religioso durante muitos anos, mas não sabem o porquê dos ensinos recebidos. São
como o ferroviário que depois de 35 anos ainda não sabia por que martelava nas
rodas dos vagões. Poucos são os que fazem uma reflexão para saber “o
porquê” dos ensinamentos de Jesus! Para muitos, o sermão ouvido fica
apenas da boca pra fora; não vai para o coração.
É o que está
acontecendo. Nós sabemos que “a Fé sem
obras é morta em si mesma”, como disse Paulo em sua carta a Tiago (2,17).
As obras de Amor ao
próximo como ensinou Jesus estão na prática da caridade, em seu amplo sentido. E
fora da caridade não há salvação!
Pode crer que vivemos
um momento apocalíptico, de transição planetária, de separação do joio do
trigo. O conhecimento do evangelho fica só da boca pra fora e não atinge o
coração. E isso foi profetizado por João no Apocalipse (10,8-9):
"Então a voz que ouvi do céu falou-me de novo, e
disse: Vai e toma o pequeno livro aberto da mão do anjo que está em pé sobre o
mar e a terra. Fui eu, pois, ter com o anjo, dizendo-lhe que me desse o pequeno
livro. E ele me disse: Toma e devora-o!
Ele te será amargo nas entranhas, mas, na boca, doce como o mel".
Essas profecias
merecem uma pesquisa séria para a gente desvendá-las. O livro aberto na mão do
anjo é o evangelho de Jesus. Devorar o livro é “mastigá-lo” ruminando seus
ensinamentos, para absorvê-los integralmente dentro de si. Ou seja, é saber,
pela meditação, o sentido de cada ensinamento e praticá-lo nas ações do
cotidiano.
E ao vivenciá-lo será
amargo nas entranhas. Ou seja, será
amargo lá no âmago do ser, no fundo do coração, porque aí importa em mudanças
de comportamento para realização das obras de amor.
Vivenciar o
evangelho é resistir aos vícios, erros... A tudo que é contrario as leis de
Deus. E isso é um aprendizado difícil, que implica em sair do lugar comum,
deixar o comodismo mental, deixar de ser submisso, sair da monotonia de sua “vidinha” tranquila e segura, para reprogramar
seus pensamentos e alterar sua rotina de vida. Ou, de outro modo, significa
sair da sua Zona de Conforto para conhecer
a verdade do evangelho, que só assim será na sua boca, doce como o mel.