“Milagre de amor não tem
explicação, não necessita”
(Jorge Amado).
Esta
é uma história real que o Womans Day Magazine chamou de “O milagre da canção
de um irmão”. E os médicos chamaram simplesmente de “milagre”. Faz
parte de uma
palestra de Divaldo Pereira Franco no 4º Congresso Espírita Mundial em Paris,
França (Bicentenário de Nascimento de Allan Kardec). Eis a adaptação que
fizemos neste momento em que a humanidade parece estar tão carente de amor.
Como vêm – conta Karen – pertencemos a uma família
abastada dos EUA. E meu filho é o primogênito. Por cinco anos ele foi o rei da
nossa casa. Cinco anos após, eu fiquei grávida, e ao dar-me conta, fiquei
preocupada, porquanto o filho quando vem com este espaço distante do outro,
geralmente gera ciúme no primogênito. Fiz de tudo então para prepará-lo para a
chegada do bebê.
No quarto mês, quando fiz a ultra-sonografia e soube
que era uma menina, cheguei fascinada em minha casa, chamei Mark e disse-lhe:
− Meu filho, eu vou lhe dar de presente uma irmãzinha.
− Uma irmãzinha, mamãe? E onde ela está?
Peguei-lhe a mão e coloquei aqui na minha barriga.
− Mamãe! Aí dentro tem uma menina? Eu poderia cantar
para ela?
Com meu consentimento, ele fechou os olhos, colocou a
mão, e disse:
− Você é o meu sol. Eu sou um botão de rosa. Venha
depressa me aquecer para eu desabrochar.
No oitavo mês fui levada de emergência para uma
cesariana. E, quando despertei, o meu obstetra disse:
– Senhora, a menina vai morrer. Ela teve anóxia
cerebral. Está com um problema de impulsos elétricos no coração e os pulmões
não amadureceram suficientemente. Ela está na UTI neonatal do Hospital Saint
Mary.
Ainda chocada fui vê-la. Respirava com dificuldade
pelo pulmotor. Os visores denotavam uma vida quase artificial. Saí dali
esmorecida. Em casa contei tudo ao Mark. Ele chorou e disse:
− Mamãe, leve-me para ver o meu sol.
− Filho, criança não entra na UTI.
− Eu não sei o que é, mas eu quero ver o meu sol.
Vesti-o com uma roupa mais folgada para dar a
impressão que ele tinha quase seis anos ou mais. Quando chegamos à UTI e
ouvimos a Assistente Social dizer que criança não podia entrar, ele põe a mão
nos quadris:
− E por que não? Eu venho ver o meu sol!
– Olha menino, eu não estou vendo nada – disse a moça
– e saiu.
Adentramos. Ele ficou ao lado do berço.
− Mamãe! Ela é uma boneca! Eu posso cantar pra ela?
Consenti. Ele introduziu a mão até o coraçãozinho com
eletrodos, fechou os olhos e começou a cantar bem baixinho:
− Você é o meu sol. Eu sou um botão de rosa. Venha
depressa me aquecer para eu desabrochar. Você é meu sol, o meu único sol. Você
me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro...
Ela tremeu. Com esforço inaudito, pareceu mover-se. A
enfermeira assustada julgou ser convulsão. Fiquei estática e Mark cantava mais
ainda:
– Você é o meu sol. Você não sabe querida, quanto
eu te amo. Por favor, não leve o meu sol embora... Você é o meu sol...
Ela moveu-se de novo e a enfermeira disse:
− O coração está batendo regularmente. Vou buscar o
médico.
Eu insistia para que Mark continuasse cantando. Quando
o médico olhou... Um milagre! Os ciclos cerebrais, os batimentos cardíacos...
− O que se passa? Ela está dormindo! Não desligaremos
os aparelhos.
Saí com meu filho e voltamos no dia seguinte. E Mark
cantou uma hora, duas... Cantou um dia, dois, três... Cantou cinqüenta e oito
dias, quando minha filha teve alta e trouxemo-la para casa. Então, eu lhe dei o
nome de SUNSHINE em homenagem ao sol.
Minha filha ouviu meu filho chamando-a porque conheceu
a voz que cantava para ela. Aí está o milagre do amor de Deus.