Aquecendo a Vida

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

APRENDA A ESCREVER NA AREIA

“Escreva as ofensas na areia e os benefícios no mármore”.
(Provérbio Árabe)



O nosso Mestre Maior assim nos aconselhou em Mateus 7,12: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles”. E ao ser questionado por Pedro sobre quantas vezes perdoar uma ofensa, deu uma resposta alegórica (“até setenta vezes sete”), significando que devemos perdoar sempre.
Quando lhe trouxeram uma mulher apanhada em adultério, dizendo que a Lei de Moisés mandava que ela fosse apedrejada, Jesus – escrevendo na areia – disse-lhes, em João 8,7: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.
“Não Julgueis e não sereis julgados”. Também assim nos ensinou Jesus no capítulo 7 do evangelho de Mateus, deixando claro que seremos medidos pela mesma medida com que tivermos medido os atos dos outros.
Leonardo da Vinci, muito tempo depois, de certa forma ratificou isso que o Mestre já havia ensinado, e estabeleceu uma forma de resistência às ofensas relacionando-as com a paciência: “A paciência faz contra as ofensas o mesmo que as roupas fazem contra o frio; pois se vestires mais roupas conforme o inverno aumenta, tal frio não te poderá afetar. De modo semelhante, a paciência deve crescer em relação às grandes ofensas; tais injúrias não poderão afetar a tua mente”.
Então, como contribuição aos leitores deste renomado semanário, trago para reflexão sobre esse tema das ofensas e do perdão, a colaboração que recebi de Franca-SP. Trata-se do seguinte texto:

Dois grandes mercadores árabes, de nomes Amir e Farid, eram muito amigos e sempre faziam suas viagens para um mercado onde vendiam suas mercadorias, iam juntos, cada qual com sua caravana e seus escravos e empregados.
Numa dessas viagens, ao passarem junto a um rio caudaloso, Farid resolveu banhar-se, pois fazia muito calor. Em dado momento, distraindo-se, foi arrastado pela correnteza. Amir, vendo que seu grande amigo corria risco de vida, atirou-se às águas e, com inaudito esforço, conseguiu salvá-lo.
Após esse episódio, Farid chamou um de seus escravos e mandou que ele gravasse numa rocha ali existente, a seguinte frase:
 “Aqui com risco de sua própria vida, Amir salvou seu amigo Farid.”.
Ao retornarem, passaram pelo mesmo lugar, onde pararam para rápido repouso. Enquanto conversavam, tiveram uma pequena discussão e Amir se alterando esbofeteou Farid. Este se aproximou das margens do rio e, com uma varinha, assim escreveu na areia:
“Aqui, por motivos fúteis, Amir esbofeteou seu amigo Farid.”
O escravo que fora encarregado de escrever na pedra o agradecimento de Farid, perguntou-lhe:
− Meu senhor, quando foste salvo, mandou gravar aquele feito numa Pedra e agora escreve na areia o agravo recebido. Porque assim o fez?
Farid respondeu-lhe:
− Os atos de bondade, de amor e abnegação devem ser gravados na rocha para que todos aqueles que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles procurem imitá-los. Ao contrário, porém, quando recebemos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, próximo às águas, para que desapareça levada pela maré, a fim de que ninguém tome conhecimento dela e, acima de tudo, para que qualquer mágoa desapareça prontamente do nosso coração.
Portanto, meu irmão, você já aprendeu a escrever na areia?
Pense nisso!

"Fazer grande estardalhaço a propósito de uma ofensa de que fomos vítimas, não atenua o desgosto, mas aumenta a vergonha".

(Giovani Boccaccio).

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

AMOR E JUSTIÇA

“Tende amor imenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados”



Paulo escreveu aos Coríntios falando sobre a grandeza do Amor: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei...”.
Qual é a coisa mais importante da nossa existência? Seria a Fé a coisa mais importante? Ou seria a Caridade?
Por que o Amor é mais importante que a Fé?
− Porque a Fé é apenas uma estrada que nos conduz ao Amor Maior.
Por que o Amor é mais importante que a Caridade?
− Porque a Caridade é apenas uma das manifestações do Amor. E o todo é sempre mais importante que a parte. Além disso, a Caridade é também uma estrada, uma das muitas estradas que o Amor utiliza para fazer com que o Homem se una ao seu próximo.
E todos nós sabemos que há um bocado de “Caridade” sem Amor! É muito fácil jogar uma moeda para um pobre na rua. É barato para nós, e resolve o problema do mendigo. Entretanto, se realmente amássemos aquele pobre, nós faríamos muito mais por ele.
Paulo compara o Amor com muitas coisas que, em seu tempo, tinham valor para o homem. Além de comparar com a Fé e a Caridade, compara o Amor com a Eloqüência, com a Profecia, com os Mistérios, com a Esperança, com o Sacrifício e o Martírio.
E depois dessas comparações, termina afirmando que se tivermos tudo isso e esquecermos o Amor, para nada servirá o nosso esforço. Porque podemos conseguir tudo. Mas, se não tivermos Amor, tudo isso não significará nada para nós nem para a causa de Deus.
O Amor é vida, tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis.
Há um conto de autor desconhecido, que ilustra bem isso.
Houve, séculos atrás, uma tribo cujo Chefe, além de poderoso, era conhecido também por sua sabedoria.
Desejando que o povo vivesse em segurança, ele criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.
Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor.
Certa feita, problemas começaram acontecer na tribo. Alguém estava cometendo pequenos furtos.
O Chefe reuniu a tribo e com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham sido feitas para protegê-los, para ajudá-los. Como todos tinham o de que necessitavam para viver, não havia necessidade de ocorrerem furtos.
Assim, ele estabeleceu o castigo habitual de 20 chibatadas ao responsável.
Os furtos, entretanto, continuaram. Ele voltou a reunir o grupo e alterou o castigo para 30 chibatadas. Mas os furtos não cessaram. Então ele aumentou o castigo para 40 chibatadas.
Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado o autor dos furtos. Todos se reuniram para ver quem era.
Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do Chefe empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe. Uma senhora idosa e frágil.
Então, todos começaram a se questionar: “E agora? O Chefe seria imparcial? Será que cumpriria a lei? O amor da mãe seria capaz de impedi-lo?”.
Notava-se a luta íntima do Chefe.
− Meu amado povo – disse ele –, eu faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz. As 40 chibatadas devem ser aplicadas, porque o sofrimento que este delito nos causou foi grande demais.
Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente.
O carrasco se aproximou, retirou o manto dela, deixando à mostra as costas arqueadas, e levantou o chicote.
Nesse momento, o Chefe deu um passo à frente. Retirou o seu manto e todos puderam ver seus largos ombros.
Com muito carinho, ele passou os braços ao redor de sua querida mãe, protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo. Ele encostou o seu rosto ao da mãe e misturou as suas lágrimas com as lágrimas dela. Murmurou-lhe algo ao ouvido e, então, fez um sinal afirmativo para o encarregado.
O homem se aproximou e desferiu nos ombros fortes e vigorosos do Chefe da tribo uma chibatada após outra, até completar exatamente 40.

Foi um momento inesquecível para toda a tribo que aprendeu, naquele dia, como se pode harmonizar com perfeição o AMOR E A JUSTIÇA.