Aquecendo a Vida

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domingo, 26 de maio de 2013

A VACA E A FELICIDADE

“Não enumere as dificuldades. Conte apenas as bênçãos”. (Masaharu Taniguchi)



Na Índia, um humilde camponês buscava uma solução rápida para um problema que enfrentava: “queria ser feliz”.
Chegou-se então a um sacerdote hindu e consultou-o:
− Mestre – disse – eu tenho família numerosa e moro numa casa, que mal dá pra dormir, de tão pequena que é. Sou pobre e não posso alugar outra maior. Que devo fazer?
O sacerdote fitou-o pensativo e inquiriu:
− Naturalmente, tens uma vaca no quintal de casa?
− Sim – respondeu o trabalhador –, é meu único bem. 
− Pois bem – asseverou o sábio – coloque a vaca dentro da sua casa.
− Mas, Mestre... Dentro da minha casa?!
− Sim. Dentro da sua casa; e só a retire de lá com minha autorização.
Na Índia, a vaca é considerada animal sagrado e como o conselho do Orientador Espiritual é aceito incondicionalmente, o homem acatou-o.
Chegando a casa, pôs a mulher e os filhos a par da solução ensinada e mãos à obra, recolheram a vaca dentro da casa, que mal coube na sala. Era o único cômodo menos utilizado. Não conseguiram alcançar o raciocínio do sábio, mas cumpriram integralmente a receita.
Não demorou muito para que os efeitos fossem notados. A vaca estrumava, urinava e se batia. Não tinha parada! Em conseqüência disso: moscas e um mau-cheiro insuportável. Enfim, era o caos! Ao final do terceiro dia a situação era insustentável. Não havia condições de dormir, fazer as refeições. A casa estava um lixo!
Diante disso, dirigiu-se novamente ao sacerdote:
− Mestre, agora a situação está insuportável! Que faço?
− Pode retirar a vaca de dentro de sua casa! – orientou o sábio.
Ele mais que rápido voltou à sua casa e assim fez. A casa depois de limpa parecia que tinha aumentado de tamanho. Havia espaço para tudo. Tinham onde dormir, comer, o cheiro era agradável, a vista enorme.
Dias depois se reencontrou com o filósofo. E este o interroga:
− E agora, como vão as coisas?
− Bem – esclarece aliviado e contente o camponês – pelo menos há mais espaço na casa.
− Então – explica o sábio – nunca te queixes de uma situação má, pois sempre há outra pior.

Como se viu, o personagem da referida história “queria ser feliz”.
Podemos dizer então que felicidade é ausência de sofrimento?
Sim, porque temos que reconhecer que muitas pessoas se sentem felizes quando a dor se ausenta ou diminui de intensidade. Mas, isso não é regra geral.

Ser feliz é estar bem, como se pode estar, e saber reconhecê-lo.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

PSICOLOGIA DE CABOCLO


“A vida tem o colorido que a pessoa lhe dá. A paisagem se torna cinzenta ou plena de luz de acordo com as lentes de que se serve a pessoa para olhá-la”


Numa bodega, no canto da rua de acesso a um pequeno povoado, o dono – um Caboclo, alquebrado pelos anos –, foi abordado por um estranho andarilho, que lhe perguntou:
− Como são as pessoas neste lugarejo?
− Como eram as pessoas no lugar de onde você está vindo? – replicou o Caboclo.
− Oh, um lugar horrível! As pessoas eram mesquinhas, egoístas e malvadas, ninguém ajudava ninguém. – respondeu o estranho andarilho.
Atento ao teor dessa resposta, o bodegueiro afirmou então:
− A mesma coisa você encontrará por aqui. Creio que você achará as pessoas daqui muito parecidas com essas do lugar de onde você vem!
Satisfeito com essa informação o estranho andarilho foi embora.
No mesmo dia, entretanto, o Caboclo foi abordado por outro forasteiro, que chegou pra matar a sede e que também perguntou:
 − Como são as pessoas neste lugarejo?
− Como eram as pessoas no lugar de onde você está vindo? – replicou o Caboclo.
− Um magnífico grupo de pessoas maravilhosas, amigas, generosas, honestas, hospitaleiras, que sempre ajudavam quando alguém estava em dificuldade. Fiquei muito triste por ter de deixá-las? – disse o forasteiro.
− A mesma coisa você encontrará por aqui. Creio que você achará as pessoas daqui muito parecidas com essas do lugar de onde você vem! – respondeu o velho bodegueiro (repetindo literalmente as mesmas palavras pronunciadas ao primeiro forasteiro).
Um jovem que havia escutado as duas conversas ficou espantado e perguntou ao Caboclo:
− Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?
Ao que ele respondeu com muita sabedoria:
− Meu filho, cada um carrega no seu coração o meio ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui. Porque, as pessoas que cultivam bons sentimentos costumam emitir bons pensamentos, enquanto que as que cultivam sentimentos inferiores costumam emitir pensamentos negativos. Na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.

Se o primeiro requisito essencial a todo homem para encontrar uma vida digna de ser vivida, é ter uma atitude mental positiva, então infunda em si mesmo a idéia de sucesso, cultivando pensamentos e sentimentos retos. 
Segundo Emmanuel, “a mente é o espelho da vida em toda parte”.
Renovar a mente é, pois, sem dúvida, fundamental.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

MÃES MÁS


“Tudo que é verdadeiramente grande nasce do amor” (Lyanty).


Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:
Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e fazê-los dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para deixá-los ver, além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em certos momentos, até odiaram!).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci... Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer: – “Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...”.
As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela nos obrigava jantar sentado à mesa, bem diferente das outras mães, que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (ligava para o nosso celular de madrugada) e “fuçava” nos nossos e-mails. Era quase uma prisão.
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos com quem iam sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela “violava as leis do trabalho infantil”, pois tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todos esses trabalhos que achávamos cruéis. Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer no outro dia.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir e bater à porta, para elas os conhecer. E, enquanto todos podiam voltar tarde, à noite, tendo apenas 12 anos, tivemos que esperar até os 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata ainda se levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa dela!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.
EU ACHO QUE ESTE É UM DOS MALES DO MUNDO DE HOJE: OMISSÃO – FALTA DE AMOR!

Nota: Esta crônica foi escrita pelo médico psiquiatra Carlos Hecktheuer. É uma homenagem ao Dia das Mães.

MORTO PRA VOCÊ...


“Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”. (Shakespeare)


Ele era um político famoso na cidade.
Mas, muito mais famoso pelas aventuras de político mulherengo, desbocado e intempestivo, do que pelas qualidades de homem público. Um político tão demagogo a ponto de cumprimentar até poste em épocas de eleições.
Na campanha do seu último pleito eleitoral cumprimentou um eleitor – provavelmente seu correligionário! – com uma entusiasmada saudação.
− Meu amigo, como é que vai? Faz tempo que a gente não se vê! Por onde você tem andado, companheiro?
− Ah!...  Não saio de casa!... Vivo só pra família...
− Por falar em família – disse o candidato, inconvenientemente –, minhas lembranças ao seu pai.
− Mas o meu pai já está morto faz muito tempo! – disse o eleitor.
− Morto pra você!... Morto pra você que é um filho ingrato! Pra você que é ateu! – enfatizou demagogicamente o político. Pra mim, que sempre o estimei, continua mais vivo do que nunca! Só morre quem não deixa saudades! Vou ganhar as eleições e homenageá-lo com nome de rua na nossa cidade. Conto com você!
− Muito obrigado! Deus lhe ajude! Pode contar com a gente.
O eleitor foi pra casa sem entender muito bem o sentido daquela homenagem. Nem se lembra de ter votado no candidato, porém, o que ele não esqueceu jamais, depois disso, é que o seu pai continua mais vivo do que nunca. E que a vida continua além do túmulo, porque temos uma promessa sagrada de vida eterna, deixada pelo cristianismo.
Em nenhuma outra época houve a quantidade de templos, de igrejas, de casas de fé, como agora, multiplicando o número de seus seguidores. Mas, como afirma Ivan René Franzolim, “apesar da grande maioria das pessoas seguirem uma religião, muitos ainda se comportam como se fossem materialistas”. Principalmente, a maioria dos políticos!
Embora cresça a luta das instituições filantrópicas, tristemente também vemos crescer o número de casos de suicídio, de drogas, de pessoas abandonadas vivendo nas ruas, sob pontes e viadutos, muitas retirando do lixo a sua base alimentar, sofrendo riscos e frustrações.
De nenhum modo se poderia conceber o abandono a que são relegadas as massas desafortunadas, que ouvem impotentes, os discursos cheios de promessas por parte das autoridades públicas, que lhes deveriam orientar e assistir, retirando-as dessas valas infelizes em que se encontram, por meio de escolaridade e trabalho, boa nutrição e saúde, enquanto sonham com a tão esperada redenção sócio-econômica.
Em meio a tudo isso, temos uma esperança na figura de valorosos trabalhadores do bem, que acreditam na continuidade da vida e nas sublimes mensagens de fraternidade cósmica do Homem de Nazaré.
“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (João 3:36)
“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte” (João 8:51).
“Buscai o Senhor e vivereis” (Amós 5:6).