“Não enumere as dificuldades. Conte apenas as
bênçãos”. (Masaharu Taniguchi)
Na Índia, um humilde
camponês buscava uma solução rápida para um problema que enfrentava: “queria ser feliz”.
Chegou-se então a um
sacerdote hindu e consultou-o:
− Mestre – disse – eu tenho
família numerosa e moro numa casa, que mal dá pra dormir, de tão pequena que é.
Sou pobre e não posso alugar outra maior. Que devo fazer?
O sacerdote fitou-o
pensativo e inquiriu:
− Naturalmente, tens uma vaca no quintal de casa?
− Sim – respondeu o
trabalhador –, é meu único bem.
− Pois bem – asseverou o
sábio – coloque a vaca dentro da sua
casa.
− Mas, Mestre... Dentro da
minha casa?!
− Sim. Dentro da sua casa;
e só a retire de lá com minha autorização.
Na Índia, a vaca é considerada animal sagrado e
como o conselho do Orientador Espiritual é aceito incondicionalmente, o homem
acatou-o.
Chegando a casa, pôs a
mulher e os filhos a par da solução ensinada e mãos à obra, recolheram a vaca dentro da casa, que mal coube na
sala. Era o único cômodo menos utilizado. Não conseguiram alcançar o raciocínio
do sábio, mas cumpriram integralmente a receita.
Não demorou muito para que
os efeitos fossem notados. A vaca estrumava,
urinava e se batia. Não tinha parada! Em conseqüência disso: moscas e um mau-cheiro
insuportável. Enfim, era o caos! Ao final do terceiro dia a situação era
insustentável. Não havia condições de dormir, fazer as refeições. A casa estava
um lixo!
Diante disso, dirigiu-se
novamente ao sacerdote:
− Mestre, agora a situação
está insuportável! Que faço?
− Pode retirar a vaca de dentro de sua casa! – orientou
o sábio.
Ele mais que rápido voltou
à sua casa e assim fez. A casa depois de limpa parecia que tinha aumentado de
tamanho. Havia espaço para tudo. Tinham onde dormir, comer, o cheiro era
agradável, a vista enorme.
Dias depois se reencontrou
com o filósofo. E este o interroga:
− E agora, como vão as
coisas?
− Bem – esclarece aliviado
e contente o camponês – pelo menos há mais espaço na casa.
− Então – explica o sábio
– nunca te queixes de uma situação má, pois sempre há outra pior.
Como se viu, o personagem
da referida história “queria ser feliz”.
Podemos dizer então que felicidade é ausência de sofrimento?
Sim, porque temos que
reconhecer que muitas pessoas se sentem felizes quando a dor se ausenta ou
diminui de intensidade. Mas, isso não é regra geral.
Ser feliz é estar bem, como se pode
estar, e saber reconhecê-lo.