“Ser capaz de enfrentar problemas não é o mesmo que resolvê-los” (Mark W. Baker).
“A vaca já foi pro brejo” é uma moda de viola, gravada por Tião Carreiro e Pardinho, que retrata a educação dos filhos hoje em dia. Observem a letra, que transcrevo em prosa, com algumas correções gramaticais.
Mundo velho está perdido, já não endireita mais. Os filhos de hoje em dia já não obedecem aos pais. É o começo do fim, já estou vendo sinais. Metade da mocidade está virando marginais. É um bando de serpentes: os mocinhos vão à frente e as mocinhas vão atrás.
Pobre pai e pobre mãe, morrendo de trabalhar, deixa o couro no serviço pra fazer filho estudar. Compra o carro a prestação para o filho passear. Os filhos vivem rodando fazendo pneu cantar.
Ouvi um filho dizer: “O meu pai tem que gemer; não mandei ninguém casar!”.
O filho parece rei e filha parece rainha. Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha. Manda a mãe calar a boca; coitada fica quietinha. O pai é um zero à esquerda e um trem fora da linha.
Cantando agora eu falo: terreiro que não tem galo quem canta é frango e franguinha.
Pra ver a filha formada, um grande amigo meu, o pão que o diabo amassou o pobre homem comeu. Quando a filha se formou foi só desgosto que deu. Ela disse assim pro pai: “Quem vai embora sou eu”.
Pobre pai banhado em pranto; o seu desgosto foi tanto, que o pobre velho morreu.
Meu mestre é Deus nas alturas. O mundo é meu colégio. Eu sei criticar cantando; Deus me deu o privilégio. Mato a cobra e mostro o pau, eu mato e não apedrejo. Dragão de sete cabeças também mato e não aleijo.
Estamos no fim do respeito. Mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo.
Essa desastrosa situação, de falta de respeito, que o pagode de Tião Carreiro alerta, tem raízes nos objetivos de uma pseudopedagogia: dar liberdade ao filho adolescente para torná-lo capaz de enfrentar problemas. No entanto, ser capaz de enfrentar os problemas não é o mesmo que resolvê-los.
Falta maturidade. Por isso, enganam-se os pais quando adotam essa total liberdade achando que estão investindo no futuro dos filhos.
Sem maturidade para entender as atitudes liberalistas dos pais, a vida do adolescente fica descontrolada porque ele não sabe decidir por si mesmo. E ao enfrentar o problema se sente inseguro.
Não sendo capaz de assumir a enorme responsabilidade que seus pais lhe deram para resolver o problema, ele fica totalmente perdido. E isso tem conseqüências negativas, que pode levá-lo até para o caminho das drogas.
O pai ou a mãe que compreende isso, que sabe que o adolescente ainda é dependente, que precisa ser bem orientado, estabelece limites sim para o filho. Chama-lhe a atenção e impõe sua autoridade, principalmente, se deseja que ele seja respeitoso, responsável e uma agradável companhia.
Pais que querem realmente que o filho seja feliz devem agir com convicção e ser objetivos na sua fala, educando-o como Jesus nos ensinou: “Seja, porém, o vosso falar: (que o vosso) Sim, (seja) sim; (e o vosso) Não, (seja) não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mateus, 5:37).