Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A DOR

“A vida dolorosa é um alambique onde se destilam os seres para mundos melhores” (Leon Denis).



Levi nasceu com o dom da cura, mas ocultava o seu tesouro.
Um ancião, após desvelar o segredo, indaga Levi sobre seu saber:
− Por que oculta seu tesouro, Levi?
− Este tesouro só me traz tristezas, ancião. Pois, muitos me vêem como um lunático, um psicopata. Outros me chamam de louco, de doido. Fazem pilhéria de uma coisa sagrada e, por isso, prefiro que continue oculto.
− Você está errado. Com o que sabe poderia salvar muitas vidas ou aliviar a dor de muitos enfermos.
− Já fiz isso uma vez e o que ganhei foi incompreensão e ingratidão.
− Talvez não seja pelo que fez, mas porque fez o que os outros não poderiam fazer. Há muita diferença nisso, Levi.
− Talvez tenha razão, mas para mim é a mesma coisa.
− Não lhe agrada ver o sorriso de quem tem suas dores aliviadas? Também não lhe agrada o sorriso de uma mãe ao ver seu filho doente voltar a sorrir? Ou talvez o sorriso de um homem agradecido por poder voltar a trabalhar, após longa enfermidade? Tudo isso é bálsamo para uma alma enferma. Cure a sua, Levi! Alguém espera isso de você.
− Vou pensar no que você disse, ancião.
− Não pense, observe a terra. Ela é ferida quando lhe abrimos sulcos profundos. Mas só assim a semente germina e a planta tem solidez para que não caia quando der muitos frutos. A semente que não é colocada num sulco profundo jamais germina forte. Além do mais, qualquer um pode derrubá-la.
− Sei disso tudo, ancião. Mas não ouso colocá-las em prática.
− Eu lhe digo que deveria ousar. Aí verá que a nossa dor não é nada comparada com a dor de muitos. Saberá então que é preferível um sofrer para que muitos sorriam. Use o seu dom, Levi.
− Eu não me nego a usá-lo. Só não procuro mostrar que o possuo.
− Seu dom faz as pessoas mais humanas. É consolo... É bálsamo... E a dor oriunda desse dom apenas lhe enobrece!
Cabeça baixa, Levi saiu e seguiu pensando no seu dom.

O texto acima é adaptação que faço de algumas páginas de “O Livro da Vida”, de Rubens Saraceni. Achei um tema interessante, diante da violência que assola o mundo, assusta e choca o povo do nosso país.
Por causa da dor e do sofrimento, Bernard Shaw chegou a afirmar, que o planeta em que vivemos é, provavelmente, o Hospício do sistema solar.
Pensando assim, o nosso corpo se compara a uma prisão espiritual. E a sociedade seria, ao mesmo tempo, hospital e escola para nossa reabilitação.
E não é nenhum exagero pensar assim! Vejam as tragédias do cotidiano!
Uma delas, vista pela tevê, foi a da pequena Júlia, que muito me impressionou. A criança foi salva das ferragens de um Chevette, esmagado por um caminhão, na rodovia Fernão Dias, no município de Betim.
O PM que a salvou, emocionado, comemorou o fato com os dois braços pra cima e um grito de alegria. E depois chorou. Pois, a dor e o prazer são inseparáveis e necessárias à educação do ser na sua caminhada evolutiva.
Léon Dinis nos ensina que suprimindo a dor, ao mesmo tempo suprimimos o que é mais digno de admiração neste mundo, isto é, a coragem de suportá-la. Pois, são necessários os infortúnios e as angústias para dar à alma seu aveludado, sua beleza moral.
Nesta oficina planetária, mais do que glórias, a nossa dor será sempre necessária para despertar nossos sentidos adormecidos e dar à alma o traço derradeiro da sua sublime e verdadeira formosura.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CONSTRUINDO TESOUROS NO CÉU

“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua vida?”
(Mateus 16, 26)



A frase de Jesus, em epígrafe, não tem nexo se tomada fora do contexto.
Jesus pregava, simbolicamente, a vida eterna depois da morte, no além, em mundos espirituais. Nesse contexto, “ganhar o mundo” é viver para esta vida material, com riqueza e poder, pensando somente em si. E “perder a vida” é deixar de ganhar a vida espiritual, pra onde iremos depois da morte.
“Todo o que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; mas todo o que a perder, encontrá-la-á”. Esta frase dita também por Jesus, em Lucas 17,33, complementa a anterior, e a esclarece, se entendermos o sublime espírito dela.  
Buscando somente riqueza e poder, garantimos nosso bem estar até o momento da nossa morte, mas isso não nos deixa sobrar tempo para aprender as coisas espirituais. Deixamos de praticar a caridade, de investir em educação, em virtudes e valores, que são essenciais para construções sólidas, que nos preparam para a imortalidade da alma.
Seja rico ou pobre, um dia morreremos e daremos continuidade a nossa viagem espacial por universos os mais diferentes, por desconhecidos mundos dos quais não temos a menor idéia. Jesus nos garante isso afirmando que “Existem muitas moradas na casa de meu Pai”.
Foi refletindo sobre isso, que um dia tomei conhecimento – através do site: “Momento Espírita” – da história de um homem rico, que foi habitar o além.
Recebido pelo Benfeitor, encarregado de conduzi-lo a sua nova residência, iniciaram uma caminhada por um lugar pitoresco, com ruas calmas, um gramado extenso e grande variedade de árvores e jardins. Ao passarem, no entanto por uma das casas, o Benfeitor mostrou-a ao homem e lhe disse:
− Observe! Aquela é a casa de sua cozinheira.
− Mas ela ainda não morreu – respondeu o homem.
Sem dar nenhuma resposta, andaram por mais algum tempo e o orientador mostrou outra casinha graciosa e disse:
− Essa é a casa do seu jardineiro.
Ambas eram casas agradáveis. Simples, mas aconchegantes. Jardins com flores silvestres e pássaros voejando e cantando por entre as borboletas que pousavam de flor em flor. Discretos regatos com águas cantantes e cristalinas cortavam os gramados verdes.
O homem estava muito animado, pois se seus empregados teriam moradias tão agradáveis, o que não estaria reservado a ele, um homem rico e poderoso?
Caminharam por mais algum tempo, quando o Benfeitor parou diante de um barraco, localizado numa área menos clara e quase sem nenhum encanto.
Com um gesto gentil indicou ao homem sua nova residência.
O homem teve um sobressalto. Indignado perguntou ao orientador:
− Como um homem rico e possuidor de muitos bens, como eu, pode morar agora nesse barraco caindo aos pedaços? Sem dúvida deve ser uma brincadeira!
− Infelizmente não é, meu filho – falou amavelmente o Benfeitor. − Todas as construções são feitas com os materiais que vocês nos enviam diariamente enquanto estão na Terra. São materiais invisíveis aos olhos físicos, mas firmes o bastante para construir um recanto sólido aqui, no mundo espiritual. Cada gesto nobre, cada boa ação, cada trabalho realizado com honestidade, são matérias primas importantes aplicadas nos tesouros verdadeiros deste lado da vida.
− Mas como saber disso – objetou o infortunado –, se ninguém me avisou enquanto estava na Terra?
− Ora, meu filho, talvez você tenha esquecido, mas há mais de dois milênios se ouve falar de um Homem chamado Jesus, que orientou muito bem sobre essa questão, recomendando que se construíssem tesouros no céu, onde nem a traça come nem os ladrões roubam.
Pensativo e sem argumentos, o homem adentrou seu mísero barraco, em busca de um mínimo de conforto para sua alma inquieta.

RAZÕES PARA ACREDITAR

"Não há Bem sem Mal, nem prazer sem preocupações." (Jean de La Fontaine)



O Bem e o Mal estão misturados neste mundo e se manifestam sob diversos aspectos: a tragédia e a comédia, a infelicidade e a felicidade, a guerra e a paz...
Talvez isso ocorra porque há um dualismo na Criação. E, por isso, nós temos na Natureza as coisas sempre numa dupla polaridade: dia – noite; frio – calor; secas – chuvas; alto – embaixo; luz – trevas; macho – fêmea; positivo – negativo; fé – ateísmo; saber – ignorância; força – fraqueza; amor – ódio; generosidade – egoísmo; Bem – Mal...
Essa bipolaridade é necessária para a transformação de tudo que existe.
Parece que tudo na Criação prescinde dos dois pólos. Sem a mulher não haveria a geração e sem o homem não existiria a fecundação.
Na corrente elétrica, por exemplo, para que se faça a luz é preciso existir o pólo positivo e o negativo. Um complementa o outro, permitindo dessa forma, que a harmonia prevaleça em tudo o que existe.  
Essa bipolaridade das coisas, portanto, nos auxilia durante a nossa evolução, quando nos desequilibramos e pendemos para um lado.
Mas não importa para que lado as coisas caminhem, pois tanto num quanto noutro pólo, continuamos a viver e evoluir. Nisso se manifesta a perfeição do Criador.
Há uma história de um camponês chinês, que transcrevo a seguir, que aborda bem essa questão.
Era uma vez um camponês muito pobre, mas sábio, que trabalhava a terra duramente com o seu filho. Um dia o filho disse-lhe:
− Pai, que desgraça, o nosso cavalo fugiu.
− Por que lhe chamas desgraça? – disse o Pai. – Veremos o que nos traz o tempo.
Passados alguns dias o cavalo regressou acompanhado de um potro selvagem.
− Pai, que sorte! – exclamou o rapaz. – O nosso cavalo trouxe outro.
− Por que lhe chamas sorte? Veremos o que nos traz o tempo.
Uns dias depois o rapaz quis domar o potro, mas este, não acostumado à sela, encabritou-se e o derrubou.
− Pai, que desgraça, na queda eu quebrei a perna.
O Pai, retomando a sua experiência e sabedoria, disse:
− Por que lhe chamas desgraça? Veremos o que nos traz o tempo.
O rapaz não se convencia da filosofia do Pai. Poucos dias depois passaram pela aldeia os enviados do rei à procura de jovens para levar para a guerra. Foram à casa do ancião, viram o jovem debilitado e deixaram-no, seguindo o seu caminho.
O jovem compreendeu então que nunca se deve dar nem a desgraça nem a fortuna como absolutas, mas que, para se saber se algo é mau ou bom, é necessário dar tempo ao tempo.
A vida dá tantas voltas e é tão paradoxal no seu decorrer que tanto o Mal pode vir a ser um Bem, como o Bem pode a vir a ser um Mal.
Baseado em um estudo sobre o mundo atual, um comercial de uma famosa marca de refrigerante, divulga os seguintes dados, que acho interessantes:
01. Para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar existem 100 casais que planejam ter filhos.
02. Para cada corrupto existem oito mil doadores de sangue.
03. Enquanto alguns destroem o meio ambiente 98% das latinhas de alumínio já são recicladas.
04. Para cada tanque fabricado no mundo são feitos 131 mil bichos de pelúcia.
05. Na internet AMOR tem mais resultados que MEDO.
Existem mil razões para acreditar! Os bons são maioria.
Assim, esperemos o dia de amanhã com Alegria e vivamos o de hoje em Plenitude.
Que tenhas um grande e feliz dia!