Aquecendo a Vida

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A VIDRAÇA DA INTOLERÂNCIA

“Nada mais tolo que o orgulho, nada mais duro e odioso que a intolerância, nada mais perigoso ou ridículo do que a vaidade” (Rui Barbosa).


Um monge, de muita sabedoria, passeava pelos jardins do mosteiro, quando foi procurado por um aprendiz.
− Eu gostaria mestre, que o senhor me desse só um minuto de sua atenção.
− Pode falar – disse o mestre, olhando para ele fixamente.
− Os meus colegas de classe vivem a zombar de mim, me perseguindo com seus gracejos e insinuações maldosas. Chegam às vezes a me agredirem fisicamente com brincadeiras grosseiras.
O jovem fez uma pausa, olhando interrogativamente para seu mestre.
− Continue – mandou o mestre.
− Senhor, eu quero trocar de classe – pediu timidamente. − Talvez assim eles me deixem em paz.
O mestre, depois de permanecer em silêncio por algum tempo, olhando vagamente, como se estivesse distante, baixou o olhar tranqüilo e disse ao aluno, que muito nervoso aguardava uma resposta:
− Está vendo aquela grande janela envidraçada, ali adiante?
A pouca distância dos dois, situava-se uma das paredes do mosteiro, onde se podia ver uma grande janela, guarnecida de vidro transparente. O jovem olhou espantado para a janela e respondeu:
− Estou vendo, mestre.
− Meu filho, pegue esta pedra e atire-a com força na janela.
− Mas vai quebrar o vidro, mestre.
− Não tem importância, o mosteiro vai passar por reformas!
Ele, então, sem compreender aquela ordem do mestre, jogou a pedra, que bateu no vidro e quebrou-o completamente, fazendo grande barulho.
− E agora, mestre? – perguntou espantado.
− Ache outra pedra, meu filho, e atire-a na mesma janela.
O jovem obedeceu e a pedra atirada, não encontrando obstáculo algum, passou pela moldura de madeira.
− Viu – disse o mestre –, quem aspira à perfeição deve ser uma janela sem vidros. As pedras da injúria, da maledicência, do ódio, da inveja e dos males terrenos não conseguem atingir, apenas transpassam, sem encontrar resistência do vidro da janela, que representa a nossa intolerância.
O sábio monge, ignorando completamente a presença do discípulo, continuou seu passeio, em passadas calmas pelo jardim.

O preconceito é uma forma de discriminação. Um bom exemplo disso é o racismo que atualmente ainda é, infelizmente, motivo de violência.
E o preconceito é um dos motivadores da intolerância, que leva à discriminação seja ela por questão cultural, religiosa, étnica... E até por discriminação política!
Após o pleito municipal, fiquei pensando nas difamações e em todas as formas intencionais e repetitivas de atividades agressivas (psicológicas, verbais, físicas...) e discriminatórias, que sofrem os candidatos durante e após a campanha eleitoral – verdadeiro bullying eleitoral. E foi pensando nisso que me lembrei da história acima, que li algures.
É uma história que pode até revelar um grande conformismo para alguns. Mas, para quem pensa com a mente mais aberta, ela revela sim preciosos ensinamentos. Não custa colocá-los em prática, pois os resultados são surpreendentes!
E serve também para amenizar as dores daqueles que sofrem com o bullying escolar.

 “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos” (Mahatma Gandhi).