A melhor resposta é aquela que não se dá.
Uma pessoa que reclama de tudo vive sempre irritada, insatisfeita, descontente e triste. E se ela vive com outra que também sabe se lastimar e retrucar, a relação das duas vira um conflito muito forte de difícil convivência.
Este é o caso de um casal que hipoteticamente vamos denominar de João Grilo e Maria das Dores.
Todo dia João chegava reclamando, xingando tudo e maltratando a esposa. Vivia grilado! E Maria, mesmo curtindo suas dores, ficava uma arara e mandava João pr’aquele lugar! Reinava então na casa um clima de arrepiar os cabelos! As crianças choravam, o gato miava e o cachorro latia. Uma vibração negativa do ambiente; talvez, bem abaixo de zero.
Cansada de sofrer com a neurose do marido, a mulher resolveu – antes que o casamento se desfizesse! –, procurar o pároco local pra se aconselhar.
O padre a recebeu carinhosamente e, após ouvir atenciosamente toda a dolorida história de seu péssimo relacionamento com o marido, pediu licença e se retirou para rezar por ela na sacristia da capela.
Retornou trazendo uma pequena garrafa com água, que só lhe entregou, depois de dar-lhe o seguinte conselho: “Maria, toda vez que João chegar nervoso em casa beba um gole desta água de São Bartolomeu, que seu marido vai se acalmar. Mas, por favor, não vá engolir. Fique com a água na boca até a crise dele passar. Ela vai protegê-la das furiosas crises do marido”.
Maria das Dores voltou pra casa refletindo sobre os poderes daquela água benta e resolveu colocar o conselho do religioso em prática. Quando o marido retornou do trabalho e começou a agredi-la com reclamações e ofensas de toda sorte, Maria não teve dúvidas, colocou um gole da água milagrosa na boca e, sem engolir, ficou esperando o resultado.
João esbravejou e Maria não respondeu. A água na boca não deixou. E depois de muito esbravejar João se acalmou. Só então a água foi engolida.
Assim foram se passando os dias, a semana e o mês. João Grilo estrilava e Das Dores se calava. Ele não obtendo resposta foi cada vez mais se acalmando. Ela percebia o milagre e aumentava sua fé em São Bartolomeu.
Até que chegou um tempo em que João não a ofendia mais. Seu comportamento era outro! Sem respostas não havia mais conflitos!
Maria das Dores foi então até a capela novamente. Agora pra agradecer a graça recebida pela paz que reinava no seu lar.
Quando lá chegou o padre veio sorrindo lhe encontrar. E quando Maria lhe deu um comovente depoimento sobre o milagre que havia alcançado, admirado, o pároco simplesmente lhe respondeu: “Maria, não foi milagre, não! Eu apenas enchi uma vasilha com água da torneira! E São Bartolomeu foi apenas o nome de um santo que me veio na cabeça naquela hora!”.
Diz o ditado que “quando um não quer dois não brigam”. Por isso que “a melhor resposta é aquela que não se dá”, como escrevemos no início.
O silêncio é o poder divino atuando. Pois, diante da ofensa, o eco do silêncio ressoa no imo do ofensor envolvendo-o com um magistral encanto de paz, que o faz refletir e adotar um comportamento melhor.
Uma pessoa então que fica quieta para evitar o conflito não é uma pessoa fácil de ser enganada, não! E não é “boba”, “mole”, “aparvalhada”, “tola”, “idiota”, “pamonha”, “ingênua”, “trouxa”, como muitos a rotulam.
Muitas vezes, ao contrário, é sábia, sentimental, cheia de amor no coração e muito corajosa; visto entender que de sua atitude naquele momento depende a transformação do seu companheiro (ou companheira!), para que o ambiente do lar seja de vibrações elevadas, saudáveis, alegres, de amor, de paz e felicidade. Enfim, um ambiente familiar propício à educação dos filhos.
Duvida! Pois se cale diante de uma afronta e aguarde o resultado!
“O homem leva dois anos para aprender a falar... e o resto da vida para aprender a permanecer em silêncio”.